Sushic reabre na Terra-mãe e presta homenagem à Arte Xávega da Fonte da Telha;

Museu da Cidade de Almada é agora morada para degustar cozinha luso-asiática
Sushic reabre na Terra-mãe e presta homenagem à Arte Xávega da Fonte da Telha

A ligação ao produto local é cada vez mais um foco para o proprietário do Sushic, Hugo Ribeiro, fundador do maior grupo nacional de restaurantes com cunho asiático. A técnica secular de pesca tradicional, a Arte Xávega, encontrada no concelho de Almada, a Terra-mãe do Sushic, e o Carapau Manteiga, espécie em processo de certificação e cada vez mais procurada na gastronomia, dão o mote para um mundo de criações luso-asiáticas.

O restaurante Sushic, considerado 2º Melhor Restaurante de Sushi do Mundo Fora do Japão pelo TripAdvisor, regressa a Almada, Terra que o viu nascer, depois de um hiato em que procurou uma nova casa, que encontrou no Museu da Cidade. 

Hugo Ribeiro, proprietário do Grupo Sushic (Almada, Palácio do Chiado, Mercado de Algés, Altis Belém com ostras e ceviches e Bao do C.C. das Amoreiras), aposta em trazer a frescura do peixe, que é pescado nas praias do Concelho, como a Costa da Caparica e a Fonte da Telha, por exemplo, para as propostas da ementa do Sushic.

Espécies como o Carapau Manteiga da Fonte da Telha − cada vez mais procurado para fins gastronómicos, sujeito a um processo de qualificação de maneira a garantir o reconhecimento da origem do produto e a qualidade do mesmo − são declinadas em várias criações no novo Sushic, de que é exemplo o Tártaro de Carapau Manteiga com Foie Gras e Laranja grelhada (na foto) pelo chefes de cozinha Pedro Rezende e Pedro Almeida.

Esta é uma aposta no produto local por parte do Sushic Almada, mas também uma homenagem a uma técnica, que ainda hoje se utiliza na pesca das “praias da Costa” e que remonta ao século XVIII, a Arte Xávega. Trata-se de uma forma de pesca tradicional que consiste na utilização de uma rede de cerco lançada ao mar e depois puxada para terra coma força de braços ou trator.

Em Portugal, a utilização das redes da Arte Xávega, nos moldes que atualmente se conhecem terão sido introduzidas por armadores andaluzes e catalães nas praias do Algarve e da Costa Nova, na sequência da proibição em 1725 da pesca de arrasto nas praias da Catalunha.

O Menu Arte Xávega está em preparação e prevê-se incluir apenas peixes do concelho capturados através deste tipo de pesca artesanal.

O toque luso-asiático, marca de sempre do Sushic, está bem patente nesta declinação do Carapau Manteiga, mas também na Tempura de Caranguejo de Casca Mole servida numa coentrada (foto), inspirada na sopa de cação alentejana, citando apenas duas interpretações dos chefes de cozinha da Casa.

Merece destaque ainda o Niguiri Punk, que consiste numa barbatana de pregado braseada, a parte mais gorda e saborosa do peixe e que lembra precisamente o penteado em forma de crista vulgarizado durante a era punk. 

Na carne, permanece a sugestão que é já um clássico do Sushic, o Gunkan Gyu, carne de Wagyu (carne japonesa que se destaca pela textura macia e suculenta) braseada com foie gras, flor de sal e gengibre caramelizado.






O Sushic tem capacidade para 80 pessoas, divididas entre a esplanada e o interior do restaurante, do qual se destaca a pintura de um mural com uma gueixa, da autoria do artista Mike Aymes. Atualmente o Grupo Suchic emprega 40 pessoas.



Dora Troncão, 08/11/2017
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