A continuidade do legado e a tradição são a prioridade das empresas familiares;

Reflexões sobre Empresas Familiares
A continuidade do legado e a tradição são a prioridade das empresas familiares
Falar do futuro a 20 anos implica uma visão e uns objetivos claros e abrangentes, pelo que assume enorme sentido e força nas empresas familiares a continuidade suportada em dois grandes pilares: o legado e a tradição.
 
É um sentimento comum que as empresas familiares valorizam acima de tudo a continuidade do negócio em mãos da família, em detrimento de quaisquer outros objetivos de índole mais económicos ou financeiros.
O estudo “Global family business survey 2019” desenvolvido pela Deloitte, em 2019, solicitou aos seus participantes que identificassem quais os principais objetivos que perseguiam a longo prazo (mais 20 anos), tendo sobressaído o seguinte:
  • A continuidade do legado e da tradição – um enorme sentido de responsabilidade pela receção, manutenção e passagem da herança patrimonial: história, valores, conhecimento e práticas de sustentabilidade e integração com o meio envolvente;
  • Preparar as pessoas e a empresa – capacitar as gerações mais novas para compreenderem o essencial do negócio, os distintos papéis que podem assumir e a importância de profissionalizar as estruturas de governo da empresa e da família: as pessoas com o perfil ideal para assumir as funções que permitam enfrentar os contínuos desafios da competitividade e sobrevivência;
  • A coexistência geracional – a sobreposição de duas ou mais gerações nas estruturas da família e da empresa familiar não é um problema, mas sim uma oportunidade: a interação do conhecimento prático das gerações mais seniores com a perceção das tendências de futuro vividas pelos mais novos permite formular cenários de evolução mais longínquos e consistentes com os mercados;
  • A visão e a missão da família empresária – compreender as vantagens de manter uma família coesa em torno do negócio: a reputação da família é visualizada pela soma das ações de todos os seus membros, com relevância para os seus comportamentos no meio envolvente e a sua integração e desenvolvimento social nas suas áreas de atuação geográfica.
Definir e procurar alcançar com metas de muito longo prazo só é viável quando os sócios da empresa as definem e elegem líderes que as assumem, desenvolvem e implementam. Esta é uma enorme responsabilidade que cabe a todos e que fica muito visível pela prática quotidiana da gestão do negócio; seja ela assegurada por membros da família, externos à mesma ou uma combinação destes perfis.
 
A Casa Agrícola Alexandre Relvas nasceu da vontade de dar continuidade à história de uma família ligada à terra ao longo de cinco gerações, em dois continentes. Este projeto teve início em 1997, em São Miguel de Machede, com a vontade de Alexandre Relvas, a formalizar-se na plantação de 10 ha de vinha na Herdade de São Miguel. No ano seguinte surgem mais 25 ha, já com a participação do consultor de viticultura e enologia Nuno Franco. António considera que é diferente trabalhar numa empresa familiar: “Estamos a trabalhar para os nossos filhos, netos, bisnetos. Tentamos construir uma pirâmide com umas bases sólidas para ficar e isso dá-nos ainda mais força” (“Observador”, 2019/11/16)
A empresa apresenta uma visão suportada em “celebrar a vida está na nossa natureza” e a missão em “produzir vinhos de qualidade para acompanhar cada momento da vida, vinhos capazes de tornar especial o prazer de uma refeição, celebração, encontro de amigos ou o reviver de recordações dos bons momentos.”
Assumem-se como uma adega amiga da terra, justificada por a família ter crescido ligada à terra, que é quem os inspira e suporta o o desejo de passá-la às futuras gerações.
São uma empresa pioneira no programa de sustentabilidade de vinhos do Alentejo, acreditando na importância de uma atuação sustentável em todas as dimensões: social, ambiental e económica.
Promovem o emprego local; plantaram mais de 100.000 sobreiros e pinheiros, privilegiando as espécies autóctones e a floresta de montado; introduziram ovelhas nas vinhas para reduzir o uso de herbicidas e de adubos químicos (50% da fertilização é feita de composto animal e de resíduos orgânicos da adega); nos últimos anos alcançaram uma redução de 30% da água gasta por garrafa produzida e 100% da água usada na adega é reciclada para irrigação das vinhas.
Alexandre considera que os seus próprios filhos já têm hoje esse amor ao campo e “um enorme à vontade com animais, lama, pó, moscas e insetos e escaravelhos.”

Temas para reflexão:
  • O que é que nos motiva a manter a nossa empresa familiar?
  • Os nossos objetivos de longo prazo são partilhados pelas novas gerações?
  • As nossas práticas diárias são consistentes com o caminho a percorrer para alcançar o futuro desejado?

António Nogueira da Costa
Especialista em Empresas Familiares
antonio.costa@efconsulting.pt
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@empresasfamiliaresdesucesso
 

Especialistas na consultoria a Empresas Familiares
e elaboração de Protocolos Familiares
http://www.efconsulting.pt
 


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