Modelos híbridos de trabalho tendem a vigorar num futuro próximo;

Coligação “Odivelas: A Mudança é Agora” Eduardo Correia, CEO do Taguspark, considera
Modelos híbridos de trabalho tendem a vigorar num futuro próximo
“A nossa missão é a qualidade de vida, o bem-estar, a felicidade no local de trabalho, num ambiente de ciência e tecnologia”, afirma Eduardo Correia.
“Aqui no Taguspark já tínhamos introduzido modelos de teletrabalho, por isso digo que é positivo e vantajoso para todas as circunstâncias do desenvolvimento empresarial que essas práticas [impostas pela pandemia] integrem os modelos híbridos que esperamos vir a vigorar num futuro próximo”, afirma Eduardo Correia, CEO do Taguspark, professor da ISCTE Business School e presidente do Conselho Estratégico e Económico de Odivelas criado no âmbito da candidatura da coligação “Odivelas: A Mudança é Agora”.
Com um crescimento sustentado nos últimos três anos, o Taguspark é um “case study” em termos de civismo ambiental e energético. “A adaptação de um modelo inspirado na realidade do Taguspark tem todas as condições para contribuir para um futuro de Odivelas do ponto de vista empresarial e económico mais robusto e mais sustentável”, acrescenta.
Vida Económica - Qual tem sido a evolução do Taguspark em termos de instalação de empresas e criação de emprego?
Eduardo Correia - O Taguspark tem nos últimos três anos vindo gradualmente a crescer tanto no número de empresas, como no espaço ocupado, como no número de pessoas a trabalhar, como no volume de vendas. Portanto em todos os indicadores qualitativos e quantitativos. Os nossos resultados e a nossa atividade do primeiro semestre ultrapassaram tanto o plano 20/21 como o período homólogo de 2020, o que significa que os factores diferenciadores que temos vindo a executar têm vindo a gerar uma perceção de posicionamento do Taguspark de enorme qualidade e de uma relação com o território muito interessante, qualidade de vida em local de trabalho, promoção do desenvolvimento, promoção da ciência e promoção da tecnologia. Os resultados são reflexo deste bom trabalho.

VE - Algumas das mudanças nos espaços e nos hábitos de trabalho que resultaram da pandemia vão manter-se depois da crise sanitária estar ultrapassada?
EC - Evidentemente que sim! A espécie humana tem progredido na história pela adaptação às novas circunstâncias. A ciência e a tecnologia estão sempre na base desse desenvolvimento e portanto nós hoje temos tecnologia ao serviço da humanidade que nos permite trabalhar de forma diferente com hábitos diferentes daqueles que eram possíveis no final do séc. XX, início do séc. XXI. Portanto, a pandemia trouxe-nos um conjunto de aprendizagens relativamente ao modelo de trabalho e ao modelo de ensino que trazem a possibilidade das pessoas não necessitarem todas de viajar para o mesmo sítio, à mesma hora, ao mesmo tempo. E isto tem impactos não só na qualidade de vida individual, mas também no ambiente e na qualidade de vida das cidades, na qualidade de vida dos escritórios. Por conseguinte, espero que tenhamos todos aprendido com esta experiência, cuja origem é um aspecto extremamente negativo, mas há que em todas as circunstâncias da vida saber tirar o melhor dos ensinamentos e portanto da nossa parte é assim que temos vindo a evoluir. Aqui no Taguspark já tínhamos introduzido modelos de teletrabalho, por isso digo que é positivo e vantajoso para todas as circunstâncias do desenvolvimento empresarial que essas práticas integrem os modelos híbridos que esperamos vir a vigorar num futuro próximo.

VE - Quais são os aspectos diferenciadores do Taguspark face a outros pólos empresariais?
EC - Os aspectos diferenciadores têm a ver com a rota do civismo, com aspectos comportamentais: zero beatas no chão, zero automóveis mal estacionados, zero lixo fora dos caixotes, zero desperdício de água, zero desperdício de energia. Com o civismo energético, que tem a ver com o caminho que estamos a percorrer em direção à independência energética, através de painéis fotovoltaicos, já estamos com 25% do nosso consumo assente em energia limpa e portanto a independência da rede. O civismo no que diz respeito à reciclagem, e ambicionamos que o produto da separação de resíduos feita no território do taguspark integre projectos de economia circular. O exemplo que temos a vigorar já, é o das beatas. As nossas beatas integram um projecto de uma startup que fabrica tijolos, cuja matéria-prima são precisamente as beatas. E por ultimo a dignidade laboral, onde fizemos aumentar o ordenado mínimo dos prestadores de serviços residentes: limpeza, segurança, manutenção e jardinagem. De salario mínimo nacional para intervalos entre os 900€ e os 1200€. Por outro lado a qualidade do nosso edificado, os espaços verdes e a dignidade desses espaços verdes. O museu de arte urbana que temos vindo a desenvolver, todos os eventos que aqui ocorrem. Desde os mercados às terças-feiras, de produtos completamente vindos do protutor, à música às quintas-feiras, à qualidade da restauração, à qualidade do espaço, ao sentido de comunidade, à facilidade de transportes grátis para a estação de caminhos-de-ferro de Paço de Arcos, à centralidade que o próprio Taguspark tem nos eixos rodoviários da Grande Lisboa – estamos equidistantes da A5, do IC19, da CREL, da CRIL e portanto no fundo beneficiamos de toda uma estrutura de geolocalização que associada aos princípios de desenvolvimento da cidade do conhecimento, da cidade mais social democrata do país, faz com que aqui seja um local extremamente interessante para trabalhar. Aliás, a nossa missão é a qualidade de vida, o bem-estar, a felicidade no local de trabalho, num ambiente de ciência e tecnologia.

Taguspark é “Cidade do conhecimento”

VE - Considera que a experiência obtida é suscetível de ser replicada em outros concelhos como Odivelas?
EC - A experiência do Taguspark e os seus factores diferenciadores devem ser inspiradores para replicar noutros pontos do país, sendo que cada localização geográfica deve encontrar o seu ADN para poder atrair as industrias, os sectores de actividade económica que são mais naturais. Odivelas está muito próximo de uma das principais e mais relevantes capitais do ponto de vista da agradabilidade para viver da europa e tem condições de localização extraordinárias para atrair todo um conjunto de empresas. Não o modelo do Taguspark mas a adaptação de um modelo inspirado na realidade do Taguspark tem todas as condições para contribuir para um futuro de Odivelas do ponto de vista empresarial e económico mais robusto e mais sustentável. Ainda sobre o Taguspark há todas as condições para replicar a cidade do conhecimento noutras localizações por esse mundo fora e portanto é um dos aspectos que nós consideremos poder pertencer às ambições futuras da estratégia do Taguspark é a internacionalização deste conceito e desta marca: Cidade do conhecimento, “knowledge city”.

VE - Qual deve ser o papel da administração local no estímulo ao empreendedorismo e ao investimento?
EC - A administração local tem um papel muito importante na gestão do território e a atração é multivetorial. Para que um território seja atrativo para o empreendedorismo e para o investimento tem que ter não só condições de transportes, de segurança, de limpeza, de espaço disponível, de integração com os centros de ensino, de investigação com o empreendedorismo local. A administração local por ser “multitask” e por intervir num conjunto de vetores extremamente importantes com implicação na qualidade de vida, na diferenciação, na capacidade de atração do território, obviamente que tem um papel extremamente importante, diria mesmo primordial no estabelecimento de condições para a atração de investimento, de empreendedorismo e de organização do território para que esse investimento e esse empreendedorismo posso de algum modo existir e acima de tudo serem sustentáveis no tempo, no espaço e na região.
Susana Almeida, 20/09/2021
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