O longe e o perto no II Congresso de Angolanística de 2022;

O longe e o perto no II Congresso de Angolanística de 2022
Um momento fundamental da afirmação da ciência e da cultura angolanas decorreu na Biblioteca Nacional de Lisboa, no passado dia 17 de junho.
Tratou-se do II Congresso Internacional de Angolanística, que reuniu estudiosos de Angola de diversas proveniências geográficas e científicas.

Estiveram presentes académicos e especialistas como Jon Schubert (Suíça), Jean-Jacques Wondo (Bélgica), Paula Roque (África do Sul), Rui Verde (Inglaterra), Carmen Monéreo (Macau), Federico Carducci (Itália), Alex Magalhães (Brasil), Ana Rita Amaral (África do Sul), Sandra Ribeiro, José-António Carochinho, Inês Ponte, Cristina Valentim e Carla Pereira (Portugal), entre muitos outros. A presença virtual de comunicações pré-gravadas para a secção assíncrona do congresso contou igualmente com sete contributos de grande qualidade.

Os temas discutidos incluíram a política, o direito, a sociologia, a antropologia, a economia, o mecenato, a literatura, as perceções dos jovens, e a memória e o património. Foi grande a qualidade e variedade das contribuições, e a abrangência e a pluralidade do Congresso.

Podemos distinguir o perto do longe: em termos de impacto mediático, que foi bastante positivo, o Congresso destacou-se pelas comunicações expressivas de Paula Roque e de Jon Schubert, enfatizando os riscos do processo eleitoral em curso em Angola. Estas comunicações foram um importante contributo para a análise da atualidade política, enriquecida pelo estudo do papel do poder judicial na política angolana (Rui Verde) ou pelas possibilidades de transições republicanas (Eliseu Gonçalves e Celso Filipe, na mesa-redonda final). Isto em relação ao que está perto.

Quanto ao médio e longo-prazo, os congressos de angolanística têm uma importância real não apenas pelos debates imediatos que provocam, de maior ou menor atualidade, mas sobretudo por darem visibilidade às mais diversas pesquisas científicas sobre Angola. Pretende-se criar uma massa crítica global de investigações sobre o território, as gentes, a história e a realidade angolanas, possibilitando uma tribuna aos académicos angolanistas que trabalham em todo o mundo, facilitando as comunicações entre eles e promovendo a troca de experiências sobre o progresso dos seus estudos.

O nosso intuito é que estes Congressos venham a afirmar-se como facilitadores de laços fortes entre os pesquisadores que antes se achavam isolados pela geografia, pela instituição de pertença, pelas fronteiras do seu campo científico, e por outras condicionantes ainda, servindo a Rede de Pesquisas sobre Angola (Angola Research Network), entidade promotora dos congressos, como fórum e lugar de encontro entre todos os académicos desta e das gerações futuras, para um trabalho colaborativo bem-sucedido que seja mais reconhecido e considerado.
 
Susana Almeida, 04/07/2022
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