“Em situações de crescimento do mercado, a maior dificuldade é o ‘ruído’ daí resultante”;

Nuno Martins, diretor de Recursos Humanos, da ERA Expo, considera
“Em situações de crescimento do mercado, a maior dificuldade é o ‘ruído’ daí resultante”
Atualmente vive-se um momento muito particular no mercado imobiliário. A grande procura que se faz sentir, especialmente nas cidades de Lisboa, Porto e no Algarve, esbarra com a falta de oferta, numa altura em que a construção nova continua a apresentar um crescimento muito ténue e insuficiente para responder à procura.
Qual é a situação que se vive na cidade Lisboa? 
Lisboa está ‘na moda’ e a procura é muito elevada, em todas as zonas e para todos os imóveis / tipologias, sempre à procura de bons negócios, que se fazem por valores muito diversos, em permanente evolução e ajuste. Na zona de Lisboa, o mercado tem apresentado uma grande dinâmica, devido a vários fatores que contribuíram para uma elevada procura, de clientes, nacionais e estrangeiros, além de investidores que capitalizaram as oportunidades emergentes, através da reabilitação e revenda de imóveis, dinamizando a oferta e compensando, pelo menos em parte, a carência de construção nova. Esta tendência começou de forma mais vincada na zona histórica da cidade, alargando-se depois às zonas circundantes, gerando valor para todos os players, exponenciando, de forma decisiva, a importância da angariação e da renovação do stock, ponto esse que representa um dos pilares do sistema de trabalho da ERA.
 
Os promotores estão recetivos a avançar com novos projetos? 
Existe um volume significativo de investidores, nacionais e estrangeiros, a dinamizar o mercado e a potenciar os negócios, procurando oportunidades de reabilitação e investindo na sua requalificação e revenda, ou procurando as boas rentabilidades resultantes do arrendamento, de curta e longa duração. Atualmente, a maioria da oferta passa por este tipo de projetos de reabilitação, de diferentes dimensões e características, dinamizando a oferta e compensando, pelo menos em parte, a carência de construção nova, nomeadamente em Lisboa e noutras cidades. Tal como é comum em situações de crescimento do mercado, a maior dificuldade é o ‘ruído’ daí resultante, com as expectativas demasiado elevadas que são geradas, alguma especulação e as consequentes dificuldades de desenvolver uma atividade de mediação balizada por valores realistas, especialmente ao nível da angariação. Na atividade dos nossos parceiros que gerem estes projetos de reabilitação, percebe-se também a dificuldade em recrutar mão-de-obra qualificada, devido ao crescimento da procura deste tipo de profissionais qualificados e à própria redução da taxa de desemprego.
 
Que medidas deveriam ser tomadas para resolver a escassez de oferta? 
Acredito que sejam encontradas soluções equilibradas, que permitam harmonizar os interesses envolvidos, para que a riqueza que tem sido gerada pelo crescimento do mercado imobiliário, e os benefícios dai resultantes para a economia, não sejam postos em causa, nomeadamente no que respeita à atual dinâmica de reabilitação de imóveis na zona histórica das cidades. Há condições para o mercado continuar a crescer, ainda que de forma menos expressiva, o que será normal. Outro ponto importante nesse sentido será a criação de condições para que a construção nova ganhe maior dinâmica, permitindo aumentar a oferta de produto novo. O desafio será potenciar tudo o que de bom tem sido feito, mesmo que não sendo o ideal, mas que tem permitido que o sector cresça, com retorno para todos.
Susana Almeida, 13/07/2018
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