“Financiamento especializado permite uma enorme flexibilidade”;

Alexandre Ferreira Santos, presidente da ALF, considera
“Financiamento especializado permite uma enorme flexibilidade”
As empresas de leasing, factoring e renting são “verdadeiros parceiros das empresas portuguesas”, segundo o presidente da ALF.
O financiamento especializado é uma ferramenta para a modernização da economia portuguesa, de acordo com Alexandre Ferreira Santos, presidente da Associação Portuguesa de Leasing, Factoring e Renting (ALF). “Os serviços de financiamento especializado disponibilizados pelas associadas da ALF permitem uma enorme flexibilidade e rapidez, tendo uma vasta capacidade de adaptação às necessidades a cada momento, mitigando, paralelamente, os riscos e os custos inerentes”, indica, em entrevista à “Vida Económica”.
 
Vida Económica – Que importância pode ter o financiamento especializado na modernização da economia portuguesa?
Alexandre Ferreira Santos – A modernização e otimização das ofertas e serviços é uma das mais importantes condições para a competitividade do país no mercado internacional, sendo também crucial para o crescimento empresarial em todos os setores da economia. Neste âmbito, as empresas de leasing, factoring e renting têm vindo a afirmar-se, ao longo dos últimos anos, como verdadeiros parceiros das empresas portuguesas, sendo um dos setores que mais têm contribuído para a adaptação aos novos paradigmas e tecnologias e para a modernização e inovação dos produtos, processos e modelos de negócio, alavancando assim a competitividade das empresas. O financiamento especializado possibilita uma maior simplicidade e é menos oneroso, sendo por isso mais acessível a empresas que muitas vezes não teriam possibilidade de obter financiamento pelas vias tradicionais. Por exemplo, o renting permite obter um conjunto de serviços associados ao uso da viatura que nenhuma outra forma de crédito permite, assim como o Leasing permite financiamentos a 100%, algo que dificilmente é possível noutras formas de crédito. Já o Factoring permite às empresas otimizarem a sua tesouraria e processos internos através do uso das suas faturas, o que seria mais difícil de potenciar de outra forma.
 
VE – Os números têm revelado que o tecido empresarial nacional atribui essa importância?
AFS – Os números revelam, claramente, que o tecido empresarial nacional, grandes empresas e PME incluídas, recorre, cada vez mais, às soluções de leasing, factoring e renting, integrando-as de forma estratégica nos seus negócios. Os serviços de financiamento especializado disponibilizados pelas associadas da ALF permitem uma enorme flexibilidade e rapidez, tendo uma vasta capacidade de adaptação às necessidades a cada momento, mitigando, paralelamente, os riscos e os custos inerentes. No primeiro trimestre de 2019, o setor cresceu nos três segmentos: o factoring reforçou a produção em 4,5%, o leasing imobiliário cresceu 4,1%, a locação financeira mobiliária alcançou um volume 4% superior ao período homólogo do ano passado e o renting registou um incremento de 2,2%.
 
VE – Quais as perspetivas de médio e longo prazo para o financiamento especializado?
AFS – Tendo em conta os resultados do setor, que apontam para um crescimento constante, acentuado e sustentado desde 2012, estamos confiantes de que o setor do financiamento especializado continuará a crescer em todos os produtos ao longo dos próximos anos.
 
VE – De que forma é que novas plataformas bancárias e financeiras podem impactar na atividade do setor em Portugal?
AFS – As novas plataformas bancárias e financeiras surgem no contexto de renovação digital que define o setor financeiro atualmente. Hoje, deparamo-nos com um setor em constante mutação, em que as operações ocorrem muito rapidamente, de forma instantânea, e à distância, à medida das necessidades do consumidor. Neste sentido, as novas plataformas e inovações do setor bancário e financeiro são encaradas como uma grande oportunidade de crescimento para as associadas da ALF, sendo que estas já integram as novas tendências, soluções e novidades nos seus serviços de variadas formas, demonstrando também a capacidade em acompanhar os novos desafios, em nome dos interesses dos seus clientes. Assumem-se, hoje em dia, como verdadeiras consultoras e promotoras do avanço tecnológico do setor.

Associação discutiu importância do financiamento especializado
 
A importância do financiamento especializado na modernização da economia portuguesa esteve em destaque no fórum anual da ALF. O evento, realizado em Lisboa na semana passada (dia 14), reuniu governantes, empresários e gestores de diversas atividades e setores.
A 15ª edição do Fórum ALF teve, de acordo com a entidade, um “debate alargado sobre o contributo dos instrumentos do financiamento especializado para a aceleração da modernização da economia, aumento da produtividade e para a competitividade nacional”.
Na sessão de abertura, que contou com a presença do secretário de Estado Adjunto e da Mobilidade, José Gomes Mendes, foi destacado o crescimento sustentado do setor ao longo dos últimos anos, revelando a sua importância para a economia real. Para Alexandre Ferreira Santos, presidente da ALF, “2019 vai ser um ano de variação positiva, pese embora se preveja também um ano de desafios, nomeadamente em relação à complexidade regulatória que o setor enfrenta”.
 Num contexto em que o papel dos produtos de factoring, leasing e renting é ressalvado, José Gomes Mendes destacou a relevância do setor para a área da mobilidade, sublinhando que é preciso dar resposta às externalidades ambientais geradas e revelando que a próxima década será determinante para a prossecução dos objetivos de descarbonização.
A importância do financiamento especializado para as empresas nacionais foram também alvo de discussão num painel que contou com representantes de peso, nomeadamente do presidente da CCP - Confederação do Comércio e Serviços de Portugal, João Vieira Lopes. Este palestrante sublinhou a necessidade de reforçar o investimento em tecnologia por parte das empresas portuguesas, com o objetivo de criar valor acrescentado.
 Já Gustavo Paulo Duarte, diretor-geral da Transportes Paulo Duarte, reiterou que as soluções de financiamento especializado podem ser um dos grandes ativos estratégicos na renovação das empresas, pois permitem um rejuvenescimento rápido e uma maior competitividade. Rodrigo Domingues, diretor da divisão financial services da PwC, corroborou a mensagem, sem, no entanto, deixar de referir que uma das grandes barreiras ao desenvolvimento das empresas portuguesas é a fiscalidade imprevisível e complexa.
 
Mobilidade em discussão
 
O futuro da mobilidade automóvel esteve também em debate num painel que trouxe para a mesa a relevância do financiamento especializado para a renovação das frotas e para o grande objetivo de uma maior descarbonização.
Para Hélder Pedro, secretário-geral da ACAP – Associação Automóvel de Portugal, o setor automóvel está a investir em força na investigação, desenvolvimento e disponibilização de tecnologia cada vez mais verde, incluindo o renting, que desempenha um papel central na renovação de frotas. Hélder Pedro reforçou também a necessidade de definir uma estratégia de eletrificação e standards a nível europeu para a criação de uma rede de carregamentos eficiente.
Já Eduardo Ferreira de Lemos, diretor de planeamento estratégico da Brisa, defendeu que o novo paradigma da mobilidade pode ser a grande alavanca da descarbonização. Contudo, ressalvou que a autonomia é um dos grandes inibidores da transição. Para o porta-voz da Brisa, não há dúvidas de que a renovação das frotas é determinante para a preservação ambiental e para a segurança rodoviária, sendo que as soluções de financiamento especializado permitem que essa renovação ocorra de forma regular. Também João Venâncio, responsável de mobilidade do PSA Groupe, concordou que o renting tem um papel fulcral neste momento de transição elétrica, pois permite às empresas e particulares a adoção de soluções complementares, com o mínimo de risco.
 “Acreditamos que é preciso saber transformar as tendências e desafios em oportunidades. Tal como temos vindo a defender, é absolutamente crucial que, no contexto atual, enfrentemos esta transição de forma gradual e regrada, para não criar uma disrupção total no setor, garantindo que os operadores conseguem acompanhar, prosperar e contribuir para um crescimento sustentado”, concluiu António Oliveira Martins, vice-presidente da ALF.

 


Aquiles Pinto aquilespinto@vidaeconomica.pt, 23/05/2019
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