Consumidores portugueses “abraçam” tecnologia;

ALBERTO RUANO, CEO DA LENOVO IBERIA
Consumidores portugueses “abraçam” tecnologia
A Lenovo foi até Bucareste provar aos clientes, distribuidores e parceiros que está financeiramente saudável: teve lucros líquidos de 597 milhões de dólares, cerca de 529 milhões de euros, no ano fiscal de 2019, concluído em 31 de março. Num encontro com a imprensa, o CEO ibérico Alberto Ruano diz que os consumidores portugueses privilegiam o desempenho, em vez do preço.
O CEO da Lenovo Iberia Alberto Ruano estava visivelmente satisfeito ao apresentar a clientes, distribuidores e parceiros, em Bucareste, os resultados globais de 2019, um ano fiscal que para a Lenovo terminou em março e que resultou num lucro líquido de 597 milhões de dólares, cerca de 529 milhões de euros. Estes são valores que contrastam claramente com as perdas de 189 milhões de dólares (159,69 milhões de euros) do exercício anterior, uma prestação que teve um encargo extraordinário de 341 milhões de dólares (302 milhões de euros) devido à amortização de ativos fiscais como resultado da promulgação da reforma fiscal norte-americana.
Num encontro com a imprensa ibérica – o evento, apesar de ser na Roménia, apenas integrava clientes e fornecedores de Portugal e Espanha – Ruano defendeu que a Lenovo é «uma empresa global», presente em 180 países, e recordou que nos últimos anos tem adquirido importantes empresas americanas, como a divisão de PC da IBM ou a Motorola. Neste sentido, o CEO assegurou que a Lenovo trabalha pela integração. “Queremos ajudar a que o negócio continue a crescer com os nossos parceiros. Não se pode estar no mercado sozinho”, disse.
O CEO da Lenovo Iberia também falou sobre o seu catálogo de produtos e enfatizou a sua importância na vanguarda da inovação. «Não se pode competir apenas no produto e preço, há que liderar as tendências», diz Ruano, que confirma que em 2020 a Lenovo comercializará o Thinkpad X1, que poderá tornar-se o primeiro computador dobrável do mercado. “Esta é uma nova categoria de produtos que a Lenovo liderará”, embora negue estar preocupado com os problemas técnicos que este tipo de dispositivos possa sofrer e que recentemente levaram a Samsung a suspender a distribuição de seu novo telemóvel dobrável, o Galaxy Fold.
A divisão de telemóveis da empresa, a Motorola, também poderia apresentar um telemóvel dobrável no final do ano, mas Ruano não deu mais detalhes sobre isso neste encontro com a imprensa. Seria o Razr V4, com o design característico da empresa e um ecrã único, de acordo com o que vai sendo escrito pela imprensa especializada em consumo.
Em termos globais, e por segmentos, os dispositivos inteligentes (IDG por sua sigla em inglês) continuaram a liderar a indústria, propiciando uma receita de 1,843 milhões de dólares (1,63 milhões de euros). Os PC e outros aparelhos registaram o recorde de 38,5 milhões de euros (34,13 milhões de euros) em receita ao longo do ano.
De acordo com o índice da IDC, a Lenovo é atualmente a empresa que lidera a venda de PC em todo o mundo e, de acordo com os dados fornecidos pela empresa, detém uma participação de mercado de 23,4%, acima da HP.
 “O PC é o arroz que nos alimenta todos os dias, somos o número um no mundo e reconhecemos que estamos a fazer coisas importantes, mas devemos continuar a crescer em outras divisões”, afirma o diretor da empresa na Ibéria. 
Em relação aos resultados da empresa em Espanha – que, segundo o CEO estão alinhados com Portugal –, Ruano diz que os números “estão em linha com os mundiais”, o que torna a empresa “muito motivada”. A divisão que mais cresceu foi a de PC, mas destaca o papel da empresa em outros negócios, como os Data Centers, onde cresceu dois dígitos. “A IBM vendeu 25 milhões de computadores entre 1995 e 2005. A Lenovo vendeu 140 milhões entre 2005 e 2019. Estamos, por isso, otimistas para 2020. Hoje, cada pessoa tem, em média, quatro dispositivos. Em poucos anos serão seis porque vão entrar muitos mais no nosso no dia-a-dia e no nosso ambiente de trabalho, o que abre uma oportunidade de quatro triliões de dólares para todos os players do mercado”, explicou Alberto Ruano.
 
Portugal tem de representar 20%
 
No encontro com os jornalistas, o CEO admitiu que um dos desafios, já para este ano, é fazer com que Portugal chegue aos 20% das vendas totais da Lenovo na Ibéria, sendo que atualmente representa 15%. “Há algo que é particularmente diferente entre Portugal e Espanha: o cliente português é um ‘early-adapter’, é tecnologicamente avançado e valoriza mais as prestações do produto e não o preço. Quando fazemos uma boa oferta em Portugal, o cliente prefere as características do produto. Em Espanha, estamos mais focados no preço”.
Recentemente, a empresa reorganizou-se, sendo agora uma estrutura puramente ibérica, com o diretor de negócio B2B, que engloba o sector corporativo, grandes contas, administração pública, a ser o português Miguel Coelho: esta mudança também foi anunciada em Bucareste. “Queremos que o mercado rapidamente nos veja como ibéricos”. Para alcançar a meta dos 20% em Portugal, Alberto Ruano diz que o setor da educação vai ter um papel fundamental. O CEO relembrou que, há três anos, no mercado nacional, a Lenovo tinha 7% do mercado e agora é número dois de vendas.   
Aliás o negócio B2B toma particular relevância no discurso de Ruano. Atualmente, em Espanha, 65% da faturação corresponde à área de consumo, em comparação com 35% das grandes contas, percentagens distintas das globais da companhia, já que 45% são grandes contas e 55% consumo. 
Neste sentido, o CEO compromete-se a oferecer “pacotes” para empresas que melhorem a presença da marca em áreas profissionais e dá como exemplo o esforço para garantir que quando um cliente adquire um computador para o seu ambiente de trabalho seja acompanhado por um monitor da Lenovo.
 
O “problema” Huawei
 
No encontro com a imprensa ibérica, Ruano disse que a situação da Huawei, após o veto de várias empresas americanas, “não atinge” a Lenovo – também com sede na China – e acrescenta que não há alternativa senão “coexistir” com esta nova situação do mercado. “Sabemos o que está a acontecer ao nosso redor, mas continuamos no nosso próprio ritmo”, acrescentou.
SUSANA MARVÃO, EM BUCARESTE (s.marvao@vidaeconomica.pt), 20/06/2019
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