João Rebelo Martins lidera equipa portuguesa de competição ecológica mundial;

O FIA Smart Driving Challenge
João Rebelo Martins lidera equipa portuguesa de competição ecológica mundial
A Federação Internacional do Automóvel (FIA) lançou uma competição a nível mundial que premeia um tipo de condução inteligente e amiga do ambiente e o “team leader” para Portugal é João Rebelo Martins, piloto apoiado pela “Vida Económica”. O FIA Smart Driving Challenge, assim foi batizado, pretende encorajar os condutores do dia a dia a adotarem uma melhor postura na estrada. “Tenho como ideia levar o conceito – mais importante do que a própria competição – a um público cada vez mais recetivo à segurança e ao meio ambiente, quando se fala em mobilidade”, refere João Rebelo Martins.
Através de uma centralina que se liga à ficha OBD do carro e de uma app, os condutores unem-se em equipas lideradas por pilotos profissionais, que atuam como líderes do desafio e treinam para alcançar a vitória. Na fase final, os melhores pilotos da equipa enfrentam-se numa final para se tornar o piloto mais inteligente do mundo.
Vida Económica – Quais são os objetivos do FIA Smart Driving Challenge?
João Rebelo Martins – O FIA Smart Driving Challenge é uma competição a nível mundial que premeia um tipo de condução inteligente e amiga do ambiente. A competição foi criada pela FIA por forma a encorajar os condutores do dia a dia a adotarem uma melhor postura na estrada. A segurança e o equilíbrio ambiental são fatores-chave para a FIA – todas as normas e regras aplicadas nos últimos 20 anos que visam a segurança de pilotos e espetadores nas provas, e a criação da Fórmula E –, do ponto de vista desportivo e que passa para os condutores do dia a dia. A competição é um embrião para as marcas e neste momento as palavras-chave são segurança e ambiente. 
 
VE – Como surgiu o alargamento desta competição a Portugal?
JRM – A competição FIA Smart Driving Challenge é destinada a condutores do dia a dia, usando o seu próprio automóvel, e funciona através de uma centralina que se liga à ficha OBD do carro e de uma app. Ou seja, parte da captação de dados é física mas tudo o resto está na cloud. Essa característica faz com que a competição possa existir em qualquer lado do mundo onde houver rede 3G. Além disso, Portugal é um país com grande tradição no desporto motorizado e sempre teve muitas provas FIA: WRC, WTCC, WRX, Mundial de Karting, Taça do Mundo de TT. Por isso, foi com naturalidade que ficámos na linha da frente de países com o FIA Smart Driving Challenge.
 
VE – Qual é a importância da sua participação nesta iniciativa?
JRM – Sou piloto profissional: faço corridas, desenvolvimento de novos produtos e serviços para a indústria automóvel, apresentações B2B e B2C com marcas automóveis e componentes e consumíveis. A tecnologia que se usa no FIA Smart Driving Challenge já está a ser usada em alguns países pelas seguradoras e empresas de renting. Por isso, ser “team leader” de Portugal no Smart Driving Challenge é um motivo de orgulho e, ao mesmo tempo, sou conhecedor das últimas tendências da mobilidade. Tenho como ideia levar o conceito – mais importante do que a própria competição – a um público cada vez mais recetivo à segurança e ao meio ambiente, quando se fala em mobilidade.
 
VE – Existe uma maior sensibilidade dos condutores para a segurança e a proteção do ambiente?
JRM – Existe uma maior sensibilidade das marcas para a segurança e meio ambiente, por consciência e por imposição de políticas europeias e norte-americanas. Isso faz com que os produtos da indústria automóvel e a comunicação adotada pelas marcas sensibilizem, cada vez mais, os compradores. Todas as marcas ou grupos falam em eletrificação e híbridos – “pure hybrid”, “mild hybrid” ou “plug-in” –, e o uso cada vez menor de energias fósseis. Há empresas que há dez anos não tinham nada a ver com o mercado automóvel e estão a entrar em força. Assim, mesmo que o cliente/consumidor/condutor queira sair deste meio, dificilmente consegue. E ainda bem porque o caminho estratégico será este.
 
VE – Enquanto piloto de competição, que reflexos espera das mudanças na mobilidade sobre o desporto automóvel?
JRM – A competição é, desde sempre, o laboratório para os produtos do dia a dia. Há anos, a Fórmula 1 introduziu o sistema KERS e os LMP1 de Le Mans os motores turbo-híbridos. Mais tarde, surgiu a Fórmula E. Todos os grandes construtores estão lá: Fiat, Renault/ Nissan, Toyota, Mercedes, BMW, Honda, Citroën/Peugeot, Jaguar, VW, Porsche. Prevejo que, nos próximos anos, até 2022, existam tantas mudanças no desporto como, provavelmente, nos últimos 50 anos. E isso é fantástico.
Aquiles Pinto aquilespinto@vidaeconomica.pt, 12/09/2019
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