Comissão Europeia vai criar centro de investigação e inovação na China
A Comissão Europeia (CE) aprovou recentemente o projeto ERICENA, que visa criar um centro de investigação e inovação na China, como parte dos seus esforços para aprofundar a cooperação científica e tecnológica UE-China. Este é o primeiro centro financiado pela CE na China que se foca em investigação, desenvolvimento e inovação. O centro vai ligar e apoiar investigadores europeus, empreendedores e empresas no mercado chinês, ajudando a reforçar a posição da Europa como líder mundial em Ciência, Tecnologia e Inovação (CTI).
“O objetivo é criar um centro na China capaz de apoiar investigadores, empreendedores, start-ups e PME Europeias nos primeiros passos de abordagem ao mercado chinês, ajudá-los a contactar com os homólogos chineses e, ao mesmo tempo, capacitar as partes interessadas chinesas numa melhor interação com o lado Europeu”, disse Sara Medina, membro do Conselho de Administração da SPI – Sociedade Portuguesa de Inovação, durante um encontro recentemente realizado no Salão Nobre da Universidade do Porto, com o tema ERICENA – European Research and Innovation Centre of Excellence in China.
O projeto conta com um orçamento de três milhões de euros (3,18 milhões de dólares) e com início em janeiro de 2017, sendo que o centro deverá entrar em pleno funcionamento em 2019. Este funcionará baseado numa rede – com sede em Pequim, mas apoiando-se em diversas redes espalhadas por toada a China. O projeto inclui outros parceiros europeus e da China, nomeadamente o European Business and Innovation Centre Network (EBN), Fraunhofer (IPK), Universidade Tsinghua (THU), China Science and Technology Exchange Centre (CSTEC) e Torch High Technology Industry Development Centre (TORCH) do Ministério da Ciência e Tecnologia da China.
Oportunidades de investimento recíprocas
Os serviços do centro irão incluir desde a organização de eventos com vista ao aumento do intercâmbio entre investigadores chineses e europeus, até à produção de relatórios relativos à situação da China no que respeita à inovação tecnológica. Adicionalmente, o centro irá apoiar empresas privadas de países da União Europeia na realização de investigação e na procura de oportunidades na China, bem como encontrar parceiros chineses.
O evento realizado pela SPI a 19 de janeiro, na Universidade do Porto, marcou o lançamento oficialmente do projeto ERICENA, com uma discussão de alto nível sobre como o centro pode apoiar investigadores europeus, empreendedores e empresas a abordar novas oportunidades de CTI na China. O evento contou com as presenças de Qin Xian JIN, diretor da Indústria Global da Universidade de Tsinghua, Robert Sander (FBN), Jan-Patrick Cap (Fraunhofer IPK), Manfred Horvat (TU Wien), Svend Otto Remoe (RCN), Michele Genovese (especialista independente), Chis Cheung (EU SME Centre) e Wenhuan Xia (CCPIT-CIECI).
China ultrapassa União Europeia em I&D
A China está a ultrapassar a União Europeia no rácio de investimento em I&D em função do PIB – afirmou Laurent Bhochereau. De acordo com as estimativas apresentadas pelo diretor de Ciência, Tecnologia e Ambiente da Comissão Europeia, o rácio de I&D da China mais que duplicou entre 2000 e 2015, atingindo um valor semelhante ao da União Europeia. Até 2020, oinvestimento em I&D vai continuar a subir, atingindo 2,5%, enquanto a União Europeia vai manter o nível atual de cerca de 2,1%. O Japão continua a ser o país que mais investe em I&D, com quase 3,5% do PIB. Os Estados Unidos investem perto de 2,8%. Como fatores positivos para a cooperação entre a China e a União Europeia, Laurent Bochereau destacou o clima de paz e segurança nas duas regiões e a prosperidade e o desenvolvimento sustentado. |
Universidade de Tsinghua produz o mesmo número de patentes do MIT
As oportunidades para os investigadores e indústrias europeias na China foram destacadas por Jin Qinxian na presentação do Ericena. Segundo referiu, as indústrias de tecnologia intensiva estão em rápido crescimento e já ultrapassam os 10% em contribuição para o valor acrescentado. Para Jin Qinxian, o “Going Global” não deve ser entendido apenas como a expansão das empresas chinesas no mercado externo, mas também a abertura do mercado chinês às empresas estrangeiras. Neste momento, a União Europeia já é o maior parceiro comercial da China e esta é o segundo maior parceiro comercial da União Europeia. Em sua opinião, as empresas têm sido os principais agentes da nova campanha de inovação. No último ano, o investimento das médias e grandes empresas industriais cresceu 6,5%, aproximando-se dos 800 mil milhões de yuan. Mais de 29% das empresas chinesas têm departamentos de I&D e cerca de 9% têm projetos a decorrer em cooperação com as universidades. |
Projeto Ericena é financiadopelo Horizonte 2020
Os aspetos diferenciadores do projeto Ericena foram apresentados por Sara Medina, administradora da SPI. Passam a ser disponibilizados serviços á medida ao nível do conhecimento e na envolvente de I&D na China e nos países europeus. Os stakeholders do projeto serão apoiados em termos de presença ativa na China e na Europa. O trabalho que está a ser desenvolvido inclui contactos, interações e oportunidades de colaboração entre organizações chinesas e europeias do sistema científico. O projeto favorece a compreensão e utilização da infraestrutura existente e recursos tecnológicos no contexto da cooperação sino-europeia de I&D. Prevê-se uma maior exploração das oportunidades de financiamento e de negócio na China e na Europa. |