“Brexit” causa desentendimentos nas negociações entre a UE e o Reino Unido
As negociações entre o Reino Unido e a Comissão Europeia, no âmbito do “Brexit”, adivinham-se duras e muito complicadas. As trocas de argumentos têm endurecido nos últimos tempos, com os Estados-Membros a apoiarem as intenções da Comissão Europeia. Não é nada comum os 27 países formarem um bloco em torno de interesses comuns. Bruxelas aponta três prioridades nas negociações com o Reino Unido e que têm de ser resolvidas antes de qualquer discussão sobre um futuro acordo comercial. Os três pontos são os cidadãos, as contas a saldar e o caso da fronteira entre as duas Irlandas.
A primeira grande prioridade da Comissão prende-se com os direitos dos cidadãos. Existem mais de quatro milhões de europeus que vivem no Reino Unido ou britânicos que vivem na União. Bruxelas defende que devem continuar a viver como atualmente, e tal durante toda a sua vida. Desta feita, é preciso garantir não só o direito de residência como o direito de acesso ao mercado de trabalho, à educação e à saúde. Não menos importante é o reconhecimento dos diplomas e das qualificações.
A segunda grande prioridade tem a ver com a necessidade de saldar as contas entre as duas partes. A Comissão Europeia é intransigente quanto à obrigatoriedade de Londres honrar, no âmbito de um regulamento financeiro único, todos os compromissos que assumiu enquanto membro da União Europeia. Bruxelas lembra os responsáveis britânicos que não se trata de uma punição ou de uma taxa de saída. Mais não é do que o cumprimento dos compromissos assumidos no quadro financeiro plurianual adotado em 2013 e que decorre no período de 2014 a 2020. As contas ainda não estão fechadas, pelo que a Comissão não está ainda em condições de apresentar valores definitivos, mas poderão ascender a cerca de 100 mil milhões de euros. Nada tranquila é ainda a questão irlandesa. A Irlanda do Sul não faz parte do Reino Unido, pelo que não será uma negociação fácil.