Mercado imobiliário português pode captar investimento recorde de três mil milhões de euros
O investimento imobiliário alcançado nos primeiros seis meses do ano e os ativos que estão e deverão entrar no mercado português elevam as expetativas de fecho do ano para valores superiores a dois mil milhões de euros (50% acima do ano passado e um valor idêntico ao recorde atingido há dois anos), com a probabilidade de atingir ainda um novo recorde histórico, próximo dos três mil milhões de euros, conclui uma análise realizada pelo departamento de Research da CBRE.
No mercado de investimento em imobiliário comercial foram captados mil milhões de euros para o país, nos primeiros seis meses do ano, um valor muito em linha com o observado no período homólogo de 2016, e um total de 22 transações. O investimento nacional representou apenas 10% deste volume, embora com um peso de 41% no número total de transações.
Este valor de investimento foi alavancado pela venda por parte da Blackstone da empresa Logicor, líder Europeia no setor logístico, à China Investment Corporation, uma transação que compreendeu 16 propriedades em Portugal. Outros negócios relevantes neste período incluíram a venda de dois centros comerciais, o Forum Viseu e o Forum Coimbra, ao REIT Sul-africano Lodestone, assim como a alienação do Vila do Conde Nassica Outlet à Via Outlets, esta também uma operação integrada num portefólio Europeu.
Destaque ainda para a venda de um grande portefólio imobiliário por parte da companhia de seguros Tranquilidade, composto por ativos de rendimento comercial assim como outros imóveis para reabilitação ou conversão noutros usos.
Existe atualmente um volume significativo de ativos em negociação ou que deverão entrar em comercialização em breve, incluindo dois portefólios de centros comerciais e outros dois com diversos edifícios de escritórios, assim como muitos outros ativos avulsos de escritórios, logística, supermercados, hotéis e centros comerciais.
No Porto destaca-se a aquisição pelo fundo de investimento saudita MEFIC Capital em conjunto com a gestora inglesa de ativos imobiliários Round Hill Capital de um terreno com potencial construtivo de 78 000 m2 que prevê um projeto de uso misto incluindo habitação, alojamento para estudantes, hotel, escritórios e espaços comerciais. Outros investimentos em terrenos de grande dimensão são esperados até ao final do ano.
Mercado de ocupação a crescer
No setor de escritórios foram ocupados em Lisboa 77 425 m2 entre janeiro e junho, uma área idêntica à registada no mesmo período de 2016 e 16% acima da média semestral dos últimos 10 anos.
Os principais negócios dizem respeito a mudanças de escritórios, motivo para 62% dos negócios verificados no semestre (em contrapartida de expansão ou nova empresa no mercado). Destaque nomeadamente para os negócios de arrendamento fechados com a sociedade de advogados Uría Menéndez Proença de Carvalho (5300 m2) e com o Bankinter (3100 m2), ambos para a Praça Marquês de Pombal (CBD1). Também a sociedade Abreu Advogados se instalou no final do semestre (com 5100 m2) num edifício sede recentemente concluído em Santa Apolónia (Centro Histórico).
Têm vindo a ser desenvolvidos diversos projetos de expansão e renovação de superfícies comerciais já consolidadas. No setor de armazéns e logística da Grande Lisboa foram ocupados 98 200 m2 nos primeiros seis meses de 2017. À semelhança do setor de escritórios, o nível de ocupação foi idêntico ao do período homólogo, mas 18% acima da média semestral dos últimos 10 anos. Os principais negócios incluíram a aquisição e ocupação de um armazém logístico em Palmela pela LusoAlimentos (19 mil m2), um arrendamento ao Grupo Sonae (14 mil m2) no Cartaxo e dois arrendamentos por parte de um grupo de distribuição nacional em Palmela e na Azambuja.
Relativamente às rendas prime, verificou-se durante o primeiro semestre de 2017 um aumento de 3% na renda de escritórios no CBD1 para 19J/ m2/ mês, após se manter estável ao longo de 6 anos. No comércio de rua de Lisboa o aumento foi mais significativo, de 24% para 130J/ m2/ mês na Rua Garrett, enquanto na Rua de Santa Catarina no Porto manteve-se nos 45J/ m2/ mês. Nos centros comerciais, a renda prime continuou nos 95J/ m2/ mês e nos retail parks subiu 5% para 10J/ m2/ mês. Nos ativos prime de logística também não se verificaram alterações nestes seis meses.