Empresários trofenses exigem a construção da variante à N14
“Criar uma proximidade entre a autarquia e as empresas do concelho” é o mote do Roteiro de Empreendedorismo da Trofa, iniciativa lançada há cerca de dois anos pela Câmara Municipal da Trofa. Numa visita recente às empresas da região, os empresários reclamaram a construção da variante à N14, obra que está prevista há mais de 20 anos.
Consciente de que a Trofa é, “sobretudo, um concelho de empresas” e que estas “são essenciais à economia local”, o presidente da Câmara Municipal da Trofa, Sérgio Humberto, lançou há cerca de dois anos o “Roteiro do Empreendedorismo”, uma iniciativa que conta com o apoio das Juntas de Freguesia e da Associação Empresarial do Baixo Ave (AEBA) e que visita quinzenalmente as empresas do concelho de forma a conhecer a realidade das mesmas.
O objetivo é “promover a proximidade entre a autarquia e as empresas”, pois “se tivermos empresas, temos emprego, e este gera dinâmicas que são necessárias ao comércio, aos serviços e à família”, explica Sérgio Humberto.
Salientando a aposta na atração de empresas, o autarca lembra também que há três anos atrás a autarquia criou o gabinete ‘Via Azul Simplifica”. “Hoje qualquer empresa que identifique um terreno onde seja possível construir consegue obter um licenciamento em cerca de 15 dias, e isto é essencial, uma vez que muitas empresas demoram anos a licenciar a sua empresa”.
Para além da simplificação processual e do acompanhamento por parte da equipa técnica da autarquia, nomeadamente ao nível da arquitetura e da engenharia, o gabinete ‘Via Azul Simplifica’ presta apoio também na candidatura a fundos comunitários, uma vez que têm um acompanhamento desde que as empresas o solicitem, passando informação daquilo que é determinante dos quadros que abram e que sejam fundamentais para essas empresas. Enquanto Câmara Municipal, “temos que ser uma ponte. Se as empresas estiverem cá, é excelente, se as conseguirmos atrair melhor ainda, pois se tivermos empresas temos emprego”, defende Sérgio Humberto.
Lembrando que a Trofa nos últimos quatro anos reduziu em 50,8% a taxa de desemprego local, o autarca assegura que tal feito “é um sinal de que as empresas cresceram, que a população está hoje melhor do que no passado recente”, e sublinha que concelho tem um conjunto de 10 a 12 empresas que faturam acima de 200 milhões de euros e que “são poucos os municípios, infelizmente, no país que se podem ‘vangloriar’ deste tipo de resultado”. “Por que é que a Trofa foi considerada em 2016 o concelho do Norte com maior dinamismo económico? Este é o fruto do trabalho dos empresários da Trofa”, remata o edil.
Mostrando-se otimista quanto aos resultados nas próximas eleições, Sérgio Humberto adianta, ainda assim, que este “tipo de iniciativas é para continuar por muitos anos, pois vamos precisar de tempo para visitarmos todas as empresas”. E faz questão de salientar que “não vamos só às pequenas, médias ou grandes empresas, vamos às micro, que também são determinantes e fundamentais para o desenvolvimento de qualquer território”.
Construção prevista há mais a 20 anos
Na visita organizada pelo município e que a ‘Vida Económica’ acompanhou, as três empresas foram unânimes ao lembrar a “urgência” da construção da variante à EN14, uma obra prevista há mais de 20 anos.
Eduardo Gouveia, responsável da Redifogo, disse mesmo que muitos dos seus clientes dizem que é mais fácil deslocar-se ao Porto, do que entrar na Trofa”. Embora admita que a empresa tem vindo a crescer, o empresário apontou ainda a “falta de trabalhadores qualificados” como outro dos problemas com que se confronta.
Todos os empresários visitados concordaram igualmente que “este tipo de iniciativa é muito importante”, pois permite “aproximar as empresas da autarquia” e mostraram-se convictos que este tipo de relação “traz investidores para o concelho”.
A empresa Olicargo, que investiu sete milhões de euros num novo centro logístico na Trofa, lembrou que todo o processo, iniciado há já alguns anos, “foi moroso e burocrático” e que estas situações “não incentivam ao investimento e à criação de emprego”, frisou Paulo Salgado. Nesse sentido, o CEO da SGM Logistics, grupo da qual a Olicargo faz parte, reconheceu a importância deste tipo de iniciativas.
Por seu lado, André Mota e Silva, diretor europeu do grupo Darvesh, da qual a empresa SpiralPack faz parte, salientou a “falta de comunicação das autarquias”, e por isso viu também “com agrado” esta iniciativa.