Exportações das indústrias criativas superam dinâmica dos setores automóvel e vestuário
As exportações das indústrias criativas cresceram 38% desde 2007. A dinâmica exportadora deste setor é superior à dos setores automóvel e vestuário. Estas são algumas das conclusões da conferência sobre “Media e Produção de Conteúdos”, realizada pelo Grupo Editorial Vida Económica, em colaboração com o INESC TEC
“Media e Produção de Conteúdos” foi o tema da segunda conferência do ciclo “A Economia Portuguesa e a Indústria 4.0 – O Caminho de uma Nova Industrialização”, que decorreu recentemente no Auditório da Sociedade Portuguesa de Autores em Lisboa.
Assista à conferência em www.vidaeconomica.pt
O programa incluiu intervenções de Carlos Abrunhosa de Brito (da Addict – Agência para o Desenvolvimento das Indústrias Criativas), Alexandre Ulisses (NEM Portugal) e Isabel Guerreiro (Santander Totta), que apresentaram a sua visão sobre “Conteúdos Interativos & Media e Indústrias Criativas: o impacto da Indústria 4.0”, “A Economia Criativa em Portugal”, “As novas Tecnologias e o impacto na Banca” respetivamente.
Seguiu-se uma mesa redonda, moderada por João Luís de Sousa, diretor do jornal Vida Económica, onde intervieram, por parte do INESC TEC, Cristina Machado Guimarães, Industry Liason Officer do Serviço de Apoio a Parcerias Empresariais (SAPE), Vasco Teixeira, CEO da Porto Editora, Pedro Campos, administrador da Sociedade Portuguesa de Autores, Cláudio Fernandes, CEO da Adclick, e Bruno Nini, “managing director” da Arbor Media.
Outras conferências previstas neste ciclo vão focar os seguintes temas: “Cluster do Mar”, “Energia: sustentabilidade & eficiência” e “Indústria Agroalimentar”.
Os desafios da economia criativa
Carlos Abrunhosa de Brito, presidente da Addict, considera que a “economia criativa” comporta desafios conceptuais e operacionais. O desafio conceptual traduz-se na “construção de um melhor e mais vasto entendimento das atividades culturais e criativas enquanto atividades humanas, sociais e económicas geradoras de empregos e de riqueza”. E o desafio operacional “na construção de novas medidas e indicadores diversificados para avaliar os contributos da criatividade para a competitividade das economias e para a coesão económica, social e territorial, seja no plano material, seja no plano imaterial, onde o design e o desenvolvimento de software se vão tornando realidades transversais”.
Segundo o mesmo responsável, o valor da economia criativa na economia portuguesa traduz-se no seguinte: as exportações das indústrias criativas cresceram 38% desde 2007 (3,5% para 4% das exportações nacionais); as importações das indústrias criativas inverteram a tendência de queda gradual e prolongada no pós-crise financeira, recuperando desde 2012 (4,1% para 3,6% das exportações nacionais); a partir de 2012 regista-se um superavit da balança comercial, que tem vindo a reduzir-se com a retoma do crescimento das importações. Nos royalties e outros serviços regista-se um crescimento das exportações superior ao das importações (12,8% e 8%), mas insuficiente para reduzir o persistente défice (400 milhões de euros em 2015).
Carlos Abrunhosa destaca ainda a dinâmica exportadora superior ao setor automóvel e ao vestuário desde 2008; o crescimento de 30% apenas foi superado pelos petrolíferos, borracha e plástico e alimentar; e a maior resiliência à contração da economia em 2009. No mercado de bens: crescimento das exportações (41%) aliado à contração das importações (20%) permitiu anular o défice em 2013. Depois de 2013, o crescimento das importações e a desaceleração das exportações, traduziu-se na retoma do défice comercial. No mercado de serviços: aumento do excedente comercial (270 MJ em 2015), com o crescimento das exportações (35%) a superar largamente o registado nas importações.
Resumindo, a categoria “design” aumentou o seu peso nas exportações de bens criativos em 14 pontos percentuais na última década. Os “novos media” e as “artes performativas” apresentam também uma tendência de crescimento (6% e 26% ao ano), embora com volumes totais ainda residuais. O turismo cultural é o subsetor que apresenta simultaneamente uma tendência de aumento do emprego e do VAB. Pela negativa destacam-se as “artes visuais”, a “edição” e os “audiovisuais”, categorias cujo peso diminuiu entre três e quatro pontos percentuais na última década (ritmo de crescimento de -12%, -4% e -2% ao ano, respetivamente). Na categoria “design” destaca-se o grupo de produtos “acessórios para o lar” (80% dos produtos da categoria). No grupo de produtos “Casa & Interiores”, o mobiliário representa cerca de 2/3 do total e as porcelanas 1/5.
Os serviços de arquitetura e engenharia são responsáveis por 55% das exportações de serviços criativos. Os serviços de arquitetura, de engenharia e outros serviços técnicos, a par dos serviços audiovisuais e conexos, foram as categorias que mais cresceram (6% ao ano). As exportações de publicidade, os estudos de mercado e sondagens de opinião, apesar de representarem cerca de 20%, viram o seu peso diminuir cerca de seis pontos percentuais desde 2007.
Face ao referencial europeu, Portugal é especializado na exportação de bens nas categorias “artesanato” e “design”. Ambas revelam dinâmicas positivas de crescimento (3% e 8%). Por outro lado, embora a categoria “artes performativas” em termos de especialização ainda fique 80% abaixo da média da UE, registou um crescimento médio anual acima dos 20% no período em análise.
Media e Produção de Conteúdos” foi o tema da segunda conferência do ciclo “A Economia Portuguesa e a Indústria 4.0 – O Caminho de uma Nova Industrialização”.
Media e Produção de Conteúdos” foi o tema da segunda conferência do ciclo “A Economia Portuguesa e a Indústria 4.0 – O Caminho de uma Nova Industrialização”.
“A economia criativa está no coração da economia baseada no conhecimento, respondendo à diversidade humana e social com a diferenciação dos produtos e soluções. O capital humano é, por isso, central e estratégico para o desenvolvimento da economia criativa. O dinamismo das profissões criativas, em especial nos segmentos das “indústrias criativas”, bem como a sua territorialização, merecem uma atenção específica”, acrescentou Carlos Abrunhosa de Brito.
Encontro decorreu na Sociedade Portuguesa de Autores.
Encontro decorreu na Sociedade Portuguesa de Autores.
Isabel Guerreiro, do Santander Totta, abordou “As novas tecnologias e o impacto na banca”. Na sua intervenção referiu-se à encruzilhada nas instituições bancárias criada pelas seguintes circunstâncias: alterações regulamentares, bancos “legacy” e mudança para o digital.
Alexandre Ulisses, da NEM Portugal, dissertou sobre “Conteúdos Interativos & Media e Indústrias Criativas: o impacto da Indústria 4.0”, focalizando o desenvolvimento de um ecossistema baseado em formatos abertos e tecnologias interoperáveis que promova a dinamização da criação de conteúdos nacionais e a sua troca entre os diferentes atores da cadeia de valor; o desenvolvimento de uma Fileira Empresarial Nacional ligada à indústria dos conteúdos; a articulação entre esta fileira e as entidades do SCTN, assegurando o acesso às fontes de produção de ciência, tecnologia e conhecimento necessárias para alcançar os desafios propostos.
Assista à conferência em www.vidaeconomica.pt