Parlamento Europeu receia consequências dos investimentos chineses na energia e na banca
Investigações recentes revelaram que, desde 2008, a China adquiriu ativos na Europa no valor de 318 mil milhões de dólares, montante que não inclui várias fusões, investimentos e empresas comuns. Em 2017, 68% dos investimentos chineses na Europa vieram de empresas públicas.
Os eurodeputados manifestam a sua preocupação perante as “aquisições orquestradas pelo Estado [chinês], suscetíveis de pôr em causa os interesses estratégicos, os objetivos de segurança pública, a competitividade e o emprego na Europa”.“Perante a grande indiferença da Europa, os líderes chineses têm vindo a intensificar, progressiva e sistematicamente, os seus esforços para converter o seu peso económico em influência política, em particular através de investimentos estratégicos em infraestruturas e novas ligações de transporte, bem como mediante comunicações estratégicas destinadas a influenciar os decisores políticos e económicos europeus, os meios de comunicação social, as universidades e as revistas científicas e o público em geral”, lê-se no relatório da comissão parlamentar dos Assuntos Externos, aprovado em plenário por 530 votos a favor, 53 contra e 55 abstenções.
O PE defende que as negociações em curso sobre um acordo de investimento entre a UE e a China, iniciadas em 2013, devem visar obter “condições verdadeiramente equitativas para as empresas e os trabalhadores europeus” e garantir a reciprocidade no acesso ao mercado, procurando disposições específicas relativas às PME e à contratação pública.
A UE e a China devem aproveitar a oportunidade oferecida pelo acordo de investimento para reforçar a cooperação no domínio dos direitos ambientais e laborais e incluir no texto um capítulo sobre o desenvolvimento sustentável, diz o relatório, que aborda também a situação dos direitos humanos no país asiático.