AT transformou contabilidade num provedor de informação
A Autoridade Tributária (AT) transformou o contabilista num provedor de informação, tendo deixado para as empresas o ónus desse serviço. Se a isto se juntar o exigente calendário fiscal, aliado à não atempada disponibilização por parte da AT dos formulários digitais no Portal das Finanças, coloca-se em causa não só qualidade de vida dos contabilistas como se agrava o desgaste contínuo na mediação que estes profissionais fazem entre o fisco e as empresas suas clientes, na perspetiva de Isabel Cipriano, vice-presidente da Associação Portuguesa de Técnicos de Contabilidade (APOTEC).
A profissão atravessa um momento difícil, com problemas acrescidos. É o caso de mais uma condicionante, a informática ou a informatização dos procedimentos declarativos. “A profissão está em mudança, mais ainda desde a introdução, em 2013, da obrigatoriedade de envio das faturas por via eletrónica e dos documentos de transporte para a AT, que passou a ser assegurada pelos contabilistas. Isto foi o primeiro passo para um futuro que está já ao virar da esquina e que vai provocar grandes alterações na profissão. ” O melhor exemplo é o que irá acontecer com o SAFT da contabilidade. O despacho no início deste ano do secretário de Estados dos Assuntos Fiscais veio esclarecer que, afinal, as novas regras de simplificação no preenchimento da Informação Empresarial Simplificada (IES) serão implementadas de forma faseada e só a partir do segundo semestre deste ano. O mesmo adiantou que a AT deverá desenvolver as alterações necessárias à implementação, no segundo semestre de 2018, das medidas de simplificação, para que estas possam ser aplicadas aos contribuintes que entreguem a partir daí.”
Ora já se está a caminhar rapidamente para o final de ano. A APOTEC vai acompanhando esta questão, que tem levantado alguma controvérsia entre os contabilistas, mas, “curiosamente, não vemos as associações empresariais preocupadas com o tema, apesar de se tratar do acesso da AT às informações que são das empresas – e não estamos a falar somente da faturação, mas antes das contas de caixa, depósitos, clientes, etc., tudo elencado nas designadas taxonomias”, alerta Isabel Cipriano. Espera que o poder político atue com sensibilidade na implementação das condições necessárias para pôr o novo sistema para o pré-preenchimento da IES no terreno em 2019, relativamente aos exercícios de 2018 e seguintes, tendo em conta que o Governo se propõe permitir os contribuintes beneficiarem da referida “supressão e pré-preenchimento de um vasto número de campos daquela declaração, através da submissão do ficheiro SAF-T da contabilidade”, acautelando que, para obediência e respeito à contabilidade, haja intervenção e validação pelo contabilista certificado.
Contabilista com mais responsabilidade na gestão empresarial
Ao nível da União Europeia, e sobre as tendências na contabilidade, a tendência passa pelo contabilista deixar de ser a pessoa dos números para ser aquele que aconselha a gestão nas decisões estratégicas. “Muito do trabalho do contabilista pode ser feito pelos sistemas informáticos, havendo por isso a necessidade de transição para uma função de maior valor acrescentado”, considera a dirigente associativa. “Mas em Portugal a maioria das empresas são micro ou PME. Os custos de contexto das empresas vão baixar ou vão manter-se por causa da fiscalidade?”
Isabel Cipriano espera que os desejos de simplificação dos custos de contexto não sejam sinónimo de exterminio da Contabilidade em Portugal. “Para isso, urge que o Governo dê resposta às questões que a APOTEC colocou no Parlamento, nomeadamente em termos de normalização contabilística nacional e sobre o SNC-AP, no sentido da atualização da informação relativamente à fase de execução das tarefas inerentes à implementação do SNC-AP”, conclui. O exercício da profissão de contabilista também resulta de um contexto que lhe seja propício, cabendo ao poder político também responsabilidades nesta matéria. Afinal, é essencial para o sistema tributário conhecer a realidade das empresas e dos contribuintes, em geral, assumindo o contabilista um papel central em todo este processo.
A profissão atravessa um momento difícil, com problemas acrescidos. É o caso de mais uma condicionante, a informática ou a informatização dos procedimentos declarativos. “A profissão está em mudança, mais ainda desde a introdução, em 2013, da obrigatoriedade de envio das faturas por via eletrónica e dos documentos de transporte para a AT, que passou a ser assegurada pelos contabilistas. Isto foi o primeiro passo para um futuro que está já ao virar da esquina e que vai provocar grandes alterações na profissão. ” O melhor exemplo é o que irá acontecer com o SAFT da contabilidade. O despacho no início deste ano do secretário de Estados dos Assuntos Fiscais veio esclarecer que, afinal, as novas regras de simplificação no preenchimento da Informação Empresarial Simplificada (IES) serão implementadas de forma faseada e só a partir do segundo semestre deste ano. O mesmo adiantou que a AT deverá desenvolver as alterações necessárias à implementação, no segundo semestre de 2018, das medidas de simplificação, para que estas possam ser aplicadas aos contribuintes que entreguem a partir daí.”
Ora já se está a caminhar rapidamente para o final de ano. A APOTEC vai acompanhando esta questão, que tem levantado alguma controvérsia entre os contabilistas, mas, “curiosamente, não vemos as associações empresariais preocupadas com o tema, apesar de se tratar do acesso da AT às informações que são das empresas – e não estamos a falar somente da faturação, mas antes das contas de caixa, depósitos, clientes, etc., tudo elencado nas designadas taxonomias”, alerta Isabel Cipriano. Espera que o poder político atue com sensibilidade na implementação das condições necessárias para pôr o novo sistema para o pré-preenchimento da IES no terreno em 2019, relativamente aos exercícios de 2018 e seguintes, tendo em conta que o Governo se propõe permitir os contribuintes beneficiarem da referida “supressão e pré-preenchimento de um vasto número de campos daquela declaração, através da submissão do ficheiro SAF-T da contabilidade”, acautelando que, para obediência e respeito à contabilidade, haja intervenção e validação pelo contabilista certificado.
Contabilista com mais responsabilidade na gestão empresarial
Ao nível da União Europeia, e sobre as tendências na contabilidade, a tendência passa pelo contabilista deixar de ser a pessoa dos números para ser aquele que aconselha a gestão nas decisões estratégicas. “Muito do trabalho do contabilista pode ser feito pelos sistemas informáticos, havendo por isso a necessidade de transição para uma função de maior valor acrescentado”, considera a dirigente associativa. “Mas em Portugal a maioria das empresas são micro ou PME. Os custos de contexto das empresas vão baixar ou vão manter-se por causa da fiscalidade?”
Isabel Cipriano espera que os desejos de simplificação dos custos de contexto não sejam sinónimo de exterminio da Contabilidade em Portugal. “Para isso, urge que o Governo dê resposta às questões que a APOTEC colocou no Parlamento, nomeadamente em termos de normalização contabilística nacional e sobre o SNC-AP, no sentido da atualização da informação relativamente à fase de execução das tarefas inerentes à implementação do SNC-AP”, conclui. O exercício da profissão de contabilista também resulta de um contexto que lhe seja propício, cabendo ao poder político também responsabilidades nesta matéria. Afinal, é essencial para o sistema tributário conhecer a realidade das empresas e dos contribuintes, em geral, assumindo o contabilista um papel central em todo este processo.