Doenças crónicas irão ocupar a maior fatia de custos do investimento público
Num futuro próximo, as doenças crónicas irão ocupar a maior fatia de custos do investimento público, afirma Margarida Silva, Business Coordinator Manager Medical Systems na Fujifilm Portugal.
“O papel do Estado e dos investidores privados vai ter que se alterar no sentido em que cada vez mais temos de apostar claramente em soluções de prevenção e Promoção da saúde”, acrescenta a responsável da Fujifilm Portugal, empresa que aposta na inovação contínua.
A entrevista foi realizada no âmbito da conferência “The Future of Healthcare” relativa ao 20.º aniversário do Hospital São Sebastião – CHEDV.
Vida Económica - A Fujifilm nasceu em 1934, no Japão, sendo um exemplo empresarial a nível global. Em que media a vossa filosofia corporativa contribuiu para este sucesso?
Margarida Silva - O nosso slogan corporativo é o seguinte: “Value from Innovation”. Estamos continuamente a inovar, criando novas tecnologias, produtos e serviços que inspiram e entusiasmam pessoas em toda a parte. O nosso objetivo é facilitar o potencial e expandir os horizontes dos negócios e dos estilos de vida de amanhã.
E efetivamente é mesmo isto que a Fujifilm faz, é uma empresa atenta ao Mundo e às suas demandas e vai constantemente crescendo e se adaptando às novas realidades. Não inova só porque sim, fá-lo de forma consciente e ponderada e penso que aqui é que encontramos o cerne da questão. Todas as decisões tomadas na Fujifilm são decisões estudadas e muito bem delineadas. Claro que nem sempre as coisas correm 100% bem, mas, mesmo quando isso acontece, os riscos também eles são estudados e as respostas às adversidades surgem de forma natural.
VE - A vossa empresa atua em várias áreas de negócio. Quais os principais fatores de inovação que oferece ao mercado?
MS - Sem dúvida que o conceito de imagem é algo que faz parte ADN da empresa. E podemos assumir que soubemos crescer e evoluir sem nunca esquecer as nossas raízes. Neste momento, a área da Saúde é das maiores áreas dentro da empresa, onde todos os anos lançamos novos equipamentos e aplicações que têm sempre como foco serem uma mais-valia para os profissionais de saúde e para as instituições de saúde, mas, em simultâneo, nunca descurando o bem-estar e conforto dos pacientes. Todos os equipamentos seguem a mesma premissa, fornecerem imagens ou resultados de elevada qualidade assentes em tecnologia de ponta, fornecendo aos médicos as ferramentas necessárias a um diagnóstico seguro e preciso.
VE - Qual o papel da Fujifilm no que diz respeito a responsabilidade social?
MS - Através de uma atitude aberta e flexível face à inovação, a Fujifilm combina tecnologias próprias, recursos humanos e competências de todo o mundo, para rapidamente desenvolver novas soluções direcionadas às reais necessidades dos clientes e superar as suas expectativas.
Adicionalmente, a Fujifilm colabora ativamente com parceiros estratégicos em projetos de partilha de propriedade intelectual para, juntos, desenvolverem e alcançarem soluções inovadoras, que isoladamente não seriam possíveis.
Na presente era de constante mudança e exigência, é essencial possuir capacidade e cultura de rápida adaptação, transformação e crescimento, criando valor através de novos produtos, serviços e tecnologias ao serviço da sociedade. De facto, mais de 70% dos produtos comercializados hoje pela Fujifilm foram desenvolvidos na última década.
Cultura da humanização
VE - A humanização é o tema central desta conferência. Como acha que pode uma empresa como a Fujifilm implementar esta cultura na gestão de RH?
MS - Para a Fujifilm, as pessoas não são apenas números e temos uma política de Gestão de Recursos Humanos muito focada neste ponto. Só existe contratação de novos recursos devidamente justificados e identificados e assim conseguimos um crescimento sustentável. Podemos mesmo assumir que na crise de 2013 a Fujifilm foi das poucas empresas nesta área a não despedir ninguém.
Por outro lado, como trabalhamos com e para pessoas, tentamos ter comportamentos diários que reflitam este cuidado. Temos sempre fruta e água no escritório disponível para os colaboradores, temos mais dias de férias do que os previstos no código geral do trabalho.
Temos ainda a iniciativa de promover uma vez ano atividades em equipa, aquilo que chamamos o nosso”Team Day”, para promover o espírito de equipa e entreajuda e promover o convívio entre todos os colegas num ambiente mais informal.
VE - Como prevê que seja o futuro da saúde em Portugal?
MS - Vejo uma medicina cada vez mais integrada, acho que as barreiras entre as várias especialidades vão ser cada vez menos rígidas e cada vez mais vamos ter equipas multidisplinares a tratar da doença A, B ou C.
Por outro lado, acho que o papel do Estado e dos investidores privados vai ter que se alterar no sentido em que cada vez mais temos que apostar claramente em soluções de prevenção e promoção da saúde para a médio/longo prazo podermos reduzir custos e despesas no tratamento de doenças crónicas. Num futuro próximo, serão estas mesmas doenças crónicas que irão ocupar a maior fatia de custos do investimento público.