Bancos preveem crescimento de receitas com “open banking”
A maior parte dos grandes bancos mundiais afirmou que o fornecimento de serviços de “open banking” aos seus clientes comerciais é uma iniciativa estratégica nos seus programas de transformação digital e esperam que os ajude a alcançar um crescimento de dois dígitos nas suas receitas. A conclusão é do estudo global da Accenture “It’s Now Open Banking, Do You Know What Your Commercial Clients Want From It?”.
O “open banking” permite aos clientes comerciais dos serviços financeiros a partilha dos seus dados de forma segura com terceiros, tornando mais fácil a transferência de fundos, a comparação de produtos e a gestão de contas através de um Interface de Programação de Aplicações (API - Application Programming Interface).
De acordo com o estudo da Accenture, 90% dos grandes bancos a nível mundial pretende oferecer serviços de “open banking” aos seus clientes, e mais de metade (54%) acreditam que estes serviços podem aumentar as suas receitas até 10%, enquanto cerca de 35% esperam um crescimento até 20%.
O relatório da Accenture, realizado com base num questionário a mais de 750 executivos de bancos globais, pequenas e médias empresas (PME) e grandes multinacionais, conclui que os clientes da banca comercial procuram o mesmo que os clientes da banca de retalho: processos mais inovadores e uma melhor experiência, processos em que o “open banking”pode ajudar. No que diz respeito aos principais benefícios da utilização de uma plataforma de Open Banking, os inquiridos indicaram maioritariamente o acesso a serviços bancários cómodos e inovadores, o que foi referido por 30% dos executivos de grandes multinacionais e 23% dos executivos de PME.
Os clientes da banca comercial esperam também que o “open banking” lhes permita chegar a mais clientes e parceiros (o que foi referido por 19% dos executivos das maiores organizações e 25% das PME) e otimizar os seus processos (segundo 17% dos executivos das grandes empresas e 20% das PME). Em relação às áreas de negócio que poderiam melhorar através do “open banking”, tanto os responsáveis de PME como os das grandes empresas, referiram a área de pagamentos, financiamento e de gestão de tesouraria.
Oportunidades para o setor
Luís Pedro Duarte, vice-presidente da Accenture Portugal, responsável pela área de financial services, afirma que, embora o debate acerca do “open banking” se tenha centrado, até hoje, nos consumidores de retalho, percebemos que muitos executivos da banca comercial procuram o mesmo para o seu banco. “O ‘open banking´ proporciona ao setor bancário a oportunidade de recorrer a um ecossistema que oferece mais e melhores serviços, entre os quais apoios a PME e a clientes de banca corporativa para expansão do seu alcance e promoção de serviços bancários inovadores”, de acordo com a Accenture.
Investimentos à vista
90% dos grandes bancos investiram, ou planeiam investir em 2019, em iniciativas de “open banking” para clientes da banca comercial; 71% planeiam investir até 20 milhões de dólares e 24% planeia investir mais de 20 milhões de dólares para criar as suas próprias plataformas comerciais abertas, oferecer serviços a terceiros e explorar novas utilizações de “open banking”.
O estudo revela ainda que 35% dos clientes da banca comercial já utilizam plataformas de “open banking” e 42% planeia utilizar em 2019. Quando questionados sobre com quem pretendiam colaborar em iniciativas de “open banking”, quase 75% dos clientes da banca corporativa e 66% dos clientes de PME referiram os seus bancos. Apenas 15% dos clientes comerciais prefeririam um fornecedor de tecnologia fora do setor bancário.
Há uma série de novos atores não bancários, ágeis e digitais que estão a utilizar o “open banking” para captar clientes dos bancos tradicionais, afirmou Luís Pedro Duarte. De forma a evitar esta concorrência, a banca tradicional pode posicionar-se rapidamente como líder do “open banking”, adaptando o seu negócio a modelos operacionais que abrangem as plataformas do ecossistema. Os bancos têm uma vantagem competitiva para liderar esta mudança: a relação criada com os seus clientes, adquirida pela confiança, segurança e privacidade. No entanto, para o conseguir, os bancos terão de sair da sua zona de conforto e oferecer soluções alinhadas com as necessidades dos seus clientes.