Magistrados portugueses em risco de “burnout”
A Associação das Juízas Portuguesas (AJP) está a promover uma investigação para aferir os níveis de stress, “burnout” e outros sintomas psicopatológicos em profissionais do sistema da Justiça, em particular dos magistrados judiciais.
O estudo é coordenado por Mauro Paulino, coordenador da Mind | Instituto de Psicologia Clínica e Forense, e Sandra Neves, médica especialista em Psiquiatria no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra.
O estudo é coordenado por Mauro Paulino, coordenador da Mind | Instituto de Psicologia Clínica e Forense, e Sandra Neves, médica especialista em Psiquiatria no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra.
Embora as avaliações sobre “burnout”, geralmente traduzido por esgotamento profissional, sejam uma prática internacional, com resultados que revelam que os profissionais de Justiça experienciam stresse, “burnout”, depressão ou trauma secundário devido a diversos fatores, como o excesso de trabalho (quantidade elevada de processos por tramitar), falta de recursos humanos ou mesmo preocupações relativas à sua segurança, em Portugal desconhece-se a extensão deste problema.
Efetivamente, até à data, não existe nenhum levantamento rigoroso e científico sobre como este fenómeno afeta os profissionais de justiça, especialmente os magistrados. A AJP quer saber ao certo de que forma o contexto profissional e também a pandemia por Covid-19 interfere com a saúde mental dos magistrados portugueses.
Três mil magistrados
sob investigação médica
Considerada durante muitos anos uma realidade exclusiva de profissões com maior envolvimento interpessoal (como as da área da saúde), sabe-se que o “burnout” pode acontecer em qualquer profissão, estando associado, por exemplo, a ambientes de grande competitividade, em que as atividades atribuídas não são adequadas a cada indivíduo ou quando há sobrecarga de tarefas e/ou de horários.
Atualmente, esta síndrome é considerada uma questão de saúde pública, com dados recentes a revelar que Portugal ocupa o primeiro lugar de um ranking relativo ao risco de “burnout” nos 26 países da União Europeia.
Em Portugal existem cerca de três mil magistrados nos tribunais judiciais e nos tribunais administrativos e fiscais.