Consequências aguardadas das Alterações Climáticas;

Consequências aguardadas das Alterações Climáticas
Há cerca de seis meses, escrevi um artigo neste mesmo jornal a alertar para a face esquecida das alterações climáticas. Nesse artigo, foquei efetivamente a falta de planeamento e consciencialização dos decisores políticos relativamente a uma estratégia efetiva de Adaptação às Alterações Climáticas, que previna efeitos consequentes já existentes.



Nas últimas semanas, assistimos com consternação às cheias existentes na Europa Central e Ásia, com particular enfoque para as cheias na Alemanha que vitimaram mais de uma centena de pessoas, bem como da China, que inundaram os metros subterrâneos e levaram a mais de duas dezenas de vítimas mortais. Situações estas, claramente ligadas com consequências existentes das alterações climáticas e que pecam pela falta de preparação e estratégia para a sua gestão.
Um grupo de investigadores norte-americanos constatou que desde 2019, aumentaram bastante os desastres relacionados com o clima, como consequência direta de temperaturas recordes e elevadas concentrações atmosféricas de Gases com Efeito de Estufa (GEE).
Existem consequências deste fenómeno climático que não serão, para já, possíveis de reverter com a mitigação (ou seja, diminuição) das emissões de carbono e outros GEE. Nesse sentido, urge ouvir a comunidade científica, verificar a modelação dos efeitos práticos mais prováveis e preparar os territórios e as populações para os diversos cenários, com planos de contingência capazes e simulados.
O IPMA alertou, na semana de 26 de julho, que a agricultura tem de se começar a preparar para situações que podem ser de alguma disrupção, como quem diz, que as condições atmosféricas ditas normais não serão constantes como eram e que, por esse motivo, é necessário adaptar as produções às consequências mais prováveis previstas nos modelos: capacidade de utilização de solo em meio natural; escassez de água doce e utilização racional e eficiente deste recurso; prevenção e controlo de incêndios junto das zonas agrícolas; entre outras.
A economia, as comunidades locais e, no final de tudo, as pessoas, estão dependentes dos esforços que os governos adotem para uma política eficaz de adaptação às alterações climáticas. Apenas assim será possível continuar a ter uma economia viável, garantia da salvaguarda dos serviços e infraestruturas e, acima de tudo, a prevenção de catástrofes e salvaguarda da saúde e vida humana. Todos somos chamados a este desafio. Neste caso particular, os decisores políticos precisam e devem fazer mais.
Luis Laranjo Matias | Coordenador do Gabinete de Ambiente da JSD, 15/09/2021
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