Kauai elétrico aposta na irreverência;

Ensaio – Kauai elétrico
Kauai elétrico aposta na irreverência
A Hyundai colocou no Kauai elétrico uma grande inovação ao romper com o desenho tradicional do SUV e uma aposta na irreverência. Isso reflete-se nos resultados das vendas, tornando-o um caso de sucesso.
Falar do Kauai elétrico recorda-me uma viagem efetuada com o mesmo para testar a sua autonomia, onde consegui, sem preocupações do terreno, velocidade, carga do veículo, número de passageiros ou de ter de manter o AC desligado, efetuar 300 km em estrada e auto-estrada , sendo que os últimos 25 km (+ ou -) foram a subir a Serra da Estrela. Ficou assim demonstrado que conseguimos efetuar pelo menos 300 kmcom este modelo, muito embora a sua autonomia, pelo menos em cidade, seja superior, fruto do reaproveitamento da energia das baterias em desaceleração, algo que não acontece em estrada.
Hoje, por força da pandemia, não podemos circular como antigamente e, nem sair do concelho. Também muito mudou desde há dois anos e, segundo se regista, as preocupações com a utilização de viaturas elétricas aumentou e a União Europeia impôs também severas normas sobre as emissões. Razões mais que suficientes para este ensaio.
E a questão que me propus responder foi: ao dia de hoje, faz sentido comprar uma viatura elétrica?

Exterior e interior, materiais e “user experience”

A Hyundai colocou neste modelo uma grande inovação ao romper com o desenho tradicional do SUV e uma aposta na irreverência. Tal tem surtido efeito, com as vendas a demonstrarem isso mesmo, tornando-o um caso de sucesso.

“Senhor” de uma imagem arrojada, uma frente com grelha fechada – é elétrico – e uma moldura luminosa estilizada, em LED, esguia e horizontal, pára-choques robusto com entradas de ar laterais e com vários apontamentos em plástico cinzento que, nalgumas cores, o destacam ainda mais na sua “robustez” e conceito SUV. Lateralmente estilizado, com cavas das rodas mais pronunciadas  na traseira (ao estilo de um conhecido desportivo alemão) e uma traseira que repete a imagem dianteira.
No interior, encontramos a habitual imagem de marca, com boa qualidade de construção, bancos confortáveis (“duros” como os alemães, o que aprecio), bom apoio lateral e um bom “casamento” entre banco, pedais e volante, onde a usabilidade e a ergonomia se destacam.
O painel de instrumentos de boa leitura – e digital – concentra parte das atenções, bem como o ecrã central destacado do tablier e na altura certa, com a informação quase toda ali reunida. Para os amantes da total concentração da instrumentação no ecrã central, aqui ainda não surge.
Ao nível da consola central, surgem os botões de acionamento da caixa e do modo de condução (desde o ECO, confort e Sport). Quase todos os plásticos são ainda rijos (embora com boa qualidade de construção e montagem), a exemplo do que a concorrência também faz.
O espaço interior é folgado, tanto à frente como atrás

Em estrada

Ensaiar nos dias de hoje uma viatura é um exercício difícil, dado que não podemos sair do concelho e devemos restringir ao máximo as deslocações, o que neste ensaio foi cumprido, utilizando o Kauai somente nas deslocações tradicionais – casa, emprego e visitas ao supermercado.
E as notas que posso retirar do ensaio é que o Kauai responde eficazmente no modo normal de condução e mesmo no ECO, sendo que no Sport se transfigura e faz uso de uma maior e impetuosa resposta do motor e da direção que apraz conduzir.
Em todas as situações, percebe-se um chassis competente e que permite ainda mais CV do que os desta versão.
A direção é precisa, comunicativa e direta, com o conforto germânico – robusto/confortável. A travagem, como é apanágio da marca, é forte.

Consumos, preço e segurança

A Hyundai sempre nos presenteou com imensas soluções de segurança ativa e passiva nos seus modelos, mesmo os de gama mais baixa, e o Kauai não é exceção. Todos os sistemas que permitem minimizar o acidente marcam presença – saída involuntária de faixa, travagem de emergência, ângulo morto, etc, capítulos onde a marca tem apostado seriamente.

Faz então sentido comprar um elétrico nos dias de hoje?

Acredito que já faz sentido para um público cada vez mais vasto. Pessoalmente, mesmo continuando a gostar das viaturas “tradicionais”, do ruído do motor de combustão e da progressão do mesmo, a sociedade está a mudar bastante e a pandemia tem acelerado essa tendência. As cidades estão claramente a empurrar para fora das cidades o automóvel e a tornarem-se mais “verdes”. Com o Estado a fomentar e apoiar ainda mais este segmento, mais aquisições elétricas serão feitas pelos portugueses, assim os incentivos e as políticas sejam as adequadas
 Este SUV serve dois “mundos”. Para a cidade, onde, para as voltas do dia a dia chega e sobra a sua autonomia. E para a estrada, onde pode ser levado a percorrer o País sem a preocupação de ficar apeado. É confortável, tem espaço e um comportamento muito interessante.

Jorge Farromba (jorgefarromba@gmail.com), 05/02/2021
Partilhar
Comentários 0