Mercado português de usados cresce acima da média europeia;

Observatório Indicata
Mercado português de usados cresce acima da média europeia
O mercado português de automóveis usados cresceu 36,2% em junho face a igual mês de 2019, de acordo com o mais recente relatório do Observatório Indicata. A subida nacional é muito superior à dos 13,2% da média dos 12 mercados europeus analisados pela especialista do grupo Autorola.
A subida nacional de 36,2% segue-se a um crescimento de 20,8% que se havia registado em maio face a igual mês de 2019. “E até ao presente não há sinais de abrandamento, apesar da recente reimposição de medidas de confinamento na zona de Lisboa e Vale do Tejo, no dia 23 de junho”, indica a empresa.
O country manager da Autorola em Portugal, Miguel Vassalo, tem um otimismo moderado. “É efetivamente o segundo mês consecutivo em que o mercado de usados nacional supera os números de 2019, em período homólogo. Historicamente o mercado de usados sempre tendeu a ser mais resiliente (a cair menos que os novos e a recuperar mais rápido). Desta vez não é exceção. Resta-nos acompanhar o desenvolvimento sanitário e económico do país e consequente impacto no mercado de usados”, disse à “Vida Económica”.
A transferência que se verifica, um pouco por toda Europa, do gasóleo para motorizações híbridas e elétricas também se observa em Portugal, com estas últimas a crescerem 68,3% em relação ao período homólogo.
Ao contrário em maio, junho trouxe um crescimento das vendas nos automóveis mais recentes (até três anos) representando agora a tipologia de idade que mais cresce, com 50,4% acima dos valores do ano passado. O grupo dos veículos de 3-6 anos apresenta também crescimento digno de nota, na ordem dos 38%.
Todos os segmentos permanecem fortes, no entanto, a maior vitalidade em Portugal reside nos segmentos A-Mini, F-Luxo, SUV e desportivo.

Falta stock em toda a Europa

O mercado europeu de automóveis usados cresceu 13,2% em relação a junho de 2019, de acordo com o Observatório Indicata. À exceção de França, todos os mercados europeus não só regressaram aos níveis pré-confinamento como estão agora a operar significativamente acima do ano passado.
A transição do diesel para as motorizações mais limpas continua com os veículos elétricos e híbridos a subirem 123% e 92%, respetivamente. A transição ambiental reflete-se, também, na maioria dos mercados, com os consumidores a afastarem-se dos carros mais antigos em favor de motorizações mais recentes e mais limpas. Em contrapartida, por segmentos a procura tende para os SUV, modelos desportivos e os automóveis de luxo.
A procura está a superar a oferta, com os stocks dos retalhistas a baixarem agora em 500 mil unidades face ao início de abril.
Esta procura reflete-se nos volumes e nos preços na unidade de negócio de leilões do grupo, a Autorola Marketplace). “Os preços de venda e as taxas de conversão continuam a aumentar”, sublinha o diretor global do Indicata, Andy Shields.
Ao longo do confinamento, a maioria dos mercados apresentaram descidas nos preços, embora os mais fechados, onde os retalhistas não podiam operar, tenham mantido os preços quase inalterados.“Existe agora alguma estabilização dos preços de retalho, contudo, dadas as alterações dos preços de comércio, a escassez de oferta de stock fresco e a escassez de stock nos parques, os retalhistas estão a perder oportunidades de revalorização e de aproveitarem para aumentar o retorno do seu investimento”, acrescenta o especialista.
“O fenómeno da descida do nível médio de stocks deverá estar relacionado com a falta de produto em determinados segmentos etários mas também com alguma prudência no abastecimento. Com a todas as incertezas sobre os desenvolvimentos da pandemia, os retalhistas parecem procurar manter o seu nível de stock ‘enxuto’ por forma a melhor se prepara para eventuais choques na procura”, refere Miguel Vassalo.
Os retalhistas estão a ser cautelosos, mas, de acordo com a Indicata, “existem oportunidades” para quem leva em consideração e tem visibilidade sobre os veículos com maior rotação. “Veículos em que a relação entre a oferta e a procura é favorável podem ser reposicionados em alta”, remata Andy Shields.
Questionado pelo nosso jornal se mercado de usados importados será, em Portugal, “refúgio” dos operadores e consumidores, Miguel Vassalo avisa para a realidade dos mercados de origem. “A importação parece novamente voltar também a níveis pré-confinamento, no entanto tudo dependerá da evolução das dinâmicas de oferta e preço em cada país de origem e como elas se relacionam com as dinâmicas locais a cada momento”, explica O country manager da Autorola em Portugal.

Aquiles Pinto, 12/08/2020
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