“A conquista de novos mercados é um desafio permanente”;

Luís Onofre, presidente da APPICAPS, afirma
“A conquista de novos mercados é um desafio permanente”
Luís Onofre, presidente da APICCAPS, assume hoje a presidência da Confederação Europeia da Indústria de Calçado.
O abrandamento dos mercados de destino das exportações portuguesas é o maior problema neste momento da indústria portuguesa de calçado. Por isso, “a conquista de novos mercados é um desafio permanente”, afirma Luís Onofre.
O presidente da APICCAPS refere ainda que a nossa indústria de calçado conquistou o respeito dos seus parceiros europeus. O grande desafio do mandato na Confederação Europeia da Indústria de Calçado é a “afirmação ao nível da engenharia do produto, da qualidade e do bom gosto”, acrescenta.
Vida Económica - É empossado hoje presidente da Confederação Europeia da Indústria do Calçado. Qual é a grande marca que quer deixar neste mandato?
Luís Onofre - Em primeiro lugar, importa realçar que este convite surge precisamente pelo facto de a indústria portuguesa de calçado ter conquistado o respeito dos seus parceiros europeus. Somos muitas vezes apontados como um exemplo de resiliência e de competitividade. O calçado europeu já é a grande referência nos mercados internacionais. Queremos reforçar esse estatuto, sendo a referência incontornável ao nível da engenharia do produto, da qualidade e do bom gosto. Temos consciência que o mercado está a mudar, com alterações profundas ao nível do comércio, mormente com o crescimento das vendas ‘online’, do desenvolvimento de novos produtos ou com o aparecimento de uma nova geração de consumidores. Queremos estar na vanguarda. É esse o nosso desafio. 
 
VE - Temos ouvido declarações suas dizendo que persistem as dificuldades de encontrar colaboradores qualificados, em especial nos polos de forte concentração da indústria de calçado (Felgueiras, S. João da Madeira, por exemplo). Ainda é assim?
LO – Essa é e será sempre uma preocupação constante. Mas importa realçar que, na última década, a fileira do calcado em Portugal contratou mais de 10 mil novos profissionais. Trata-se de um crescimento do emprego superior a 20%. Também é verdade que, à medida que a nossa indústria evoluiu, precisamos não só de renovar os nossos profissionais como de apostar em novas valências chave no desenvolvimento de uma empresa.
Eu diria que o maior problema neste momento passa pelo abrandamento dos mercados de destino das exportações portuguesas. A conquista de novos mercados é um desafio permanente, mas é particularmente exigente. E os resultados demoram a alcançar. 
 
VE - Quantos novos trabalhadores seriam necessários contratar, neste momento?
LO - Há um problema crónico de escassez de mão de obra qualificada nos principais polos de concentração da indústria de calçado, que obriga as empresas a contratarem profissionais nos concelhos limítrofes. Esse problema tem vindo a ser mitigado pela ação que está a ser desenvolvida pela Academia do Design e Calçado, que aposta numa formação à medida das empresas. Depois, na última década, criámos cerca de 20 novas unidades industriais no interior do país, onde tradicionalmente existe mais mão de obra disponível. Diria que, depois de termos contratado no passado recente mais de 10 mil profissionais, as necessidades agora serão pontuais. 
 
VE - A nível europeu, está quantificado o número de trabalhadores necessários?
LO - Não, não está. Diria que a escassez de mão de obra é uma realidade que extravasa quase todo o setor industrial a nível europeu. Não é um problema exclusivamente português e, muito menos, da indústria de calçado. 
 
VE - O Sindicato da Indústria e Comércio do Calçado, em declarações recentes à agência Lusa, disse que a falta de mão-de-obra se deve aos “salários de miséria” com que a APICCAPS tem pactuado. O que responde a isto?
LO - Essas declarações têm um contexto. Estávamos a negociar um novo contrato coletivo de trabalho. Faz parte da coreografia negocial. No entretanto, essas negociações foram concluídas. É um bom princípio. 
 
TERESA SILVEIRA teresasilveira@vidaeconomica.pt, 23/05/2019
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