Licenciamentos para habitação abrandam em 2020 e acentuam quebra nos dois primeiros meses do ano;

Preços das casas sobe no 2º confinamento
Licenciamentos para habitação abrandam em 2020 e acentuam quebra nos dois primeiros meses do ano
Nos dois primeiros meses de 2021, o licenciamentos de novos projetos residenciais, tanto em Lisboa como no Porto, estão a registar um forte abrandamento. Fruto do atual momento de pandemia que o país atravessa, este facto é, contudo, preocupante, tendo em conta a falta de habitação tanto para venda como para arrendamento e o impacto futuro desta situação ao nível dos preços. No entanto, este facto pode também permitir o escoamento de alguma oferta residencial já concluída ou em fase de conclusão e que ainda não foi comercializada.
De acordo com os dados apurados pela Confidencial Imobiliário, foram submetidos a licenciamento, em Lisboa, 36 novos projetos residenciais, num total de cerca de 400 fogos. “Este pipeline reflete um forte abrandamento da atividade face a igual período de 2020, quando foram registados 77 projetos residenciais, num total de 620 fogos. As quebras entre os dois períodos são de 36% em número de fogos e de 53% em número de projetos”.
Os dados, que têm como base os pré-certificados energéticos emitidos pela ADENE, na fase de projeto, que devem, obrigatoriamente, integrar os processos de licenciamento municipal de obras, destacam que a maior quebra se observou na construção nova.
No Porto, a atividade também perdeu dinâmica face a igual período de 2020, embora de forma menos vincada, com o número de fogos submetidos a licenciamento a recuar 7% (460 em 2020) e o número de projetos a descer 13% (71 em 2020). Face a 2020, a construção nova perdeu ritmo no Porto, com uma queda de 38% no número de fogos. A reabilitação, pelo contrário, registou maior dinâmica, contabilizando um volume de fogos em carteira 43% acima de 2020.
De acordo com os dados publicados pela AICCOPN, em 2020, “ao nível do licenciamento de edifícios habitacionais, observou-se, uma estagnação em termos globais face a 2019, embora em resultado de realidades diferentes ao nível da construção nova e das obras de reabilitação”. Efetivamente, “enquanto na construção nova se assistiu a um aumento de 2,0% nos edifícios licenciados e de 2,6% nos fogos, na reabilitação de habitações o número de licenças emitidas registou uma quebra de 7,2%”.

Preços das casas sobe no 2º confinamento

Apesar de algum abrandamento nas vendas de habitação nos primeiros meses de 2021 – sentido mais no segmento de casas destinadas a investimento e localizadas nos centros turísticos –, a realidade é que os preços das casas continua, em média, a subir.
“O preço das casas em Portugal subiu 5,8% num ano, em março de 2021 face ao mesmo mês do ano passado, um período marcado pela chegada da pandemia da Covid-19 ao país, revela o idealista news”.
Segundo o índice de preços do portal, no final do mês de março deste ano, comprar casa tinha um custo de 2181 euros por metro quadrado (m2). Já em relação à variação trimestral, a subida foi de 1,6%. Destaca que todas as regiões assistiram a um aumento de preços nos últimos 12 meses, com a exceção do Alentejo, onde desceram 2,3%.
Por outro lado, a maior subida foi registada na Região Autónoma da Madeira (13,4%), seguida pelo Centro (8,5%) e pelo Norte, onde os preços aumentaram 7,7%. Seguem-se o Algarve (6%), a Área Metropolitana de Lisboa (3%) e a Região Autónoma dos Açores (2,6%).
De acordo com os dados do Confidencial Imobiliário, o preço de venda das casas no país apresentou uma variação trimestral de 1,2%, no 1º trimestre deste ano, período que coincidiu com o segundo confinamento geral. A valorização trimestral manteve-se, assim, em níveis semelhantes à observada no 4º trimestre de 2020, designadamente de 1,3%.
Desagregando o comportamento por mês, verifica-se que, ao longo do trimestre, os preços têm exibido um percurso de estabilidade, com variações mensais marginais. Em março, a variação mensal manteve-se em 0,3%.
Segundo o Confidencial Imobiliário, em termos homólogos, os preços apresentam uma subida de 2,6% em março de 2021. Apesar de manter a variação homóloga em terreno positivo, este resultado confirma a tendência de perda do ritmo de crescimento verificada no último ano, a qual tem sido o principal reflexo da pandemia no comportamento dos preços.
ELISABETE SOARES (elisabetesoares@vidaeconomica.pt), 15/04/2021
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