Mercado imobiliário recupera no segundo ano de pandemia com forte valorização dos preços;

Preços da habitação crescem 12%
Mercado imobiliário recupera no segundo ano de pandemia com forte valorização dos preços
O mercado imobiliário apresentou em 2021 um bom desempenho, comprovado pelo aumento de vendas, sobretudo no residencial, mas também pela valorização dos preços tanto no mercado de Lisboa, como do Porto.
“Os preços de venda das casas encerraram 2021 a subir 11,7% em Lisboa e 10,3% no Porto”, destaca o Índice de Preços Residenciais apurado pela Confidencial Imobiliário.
Em Lisboa, desde o final de 2018, quando a variação anual atingiu 16,0%, que os preços não subiam tanto. Além disso, a subida registada em 2021 inverte a tendência de desaceleração dos últimos quatro anos, que culminou numa valorização anual de apenas 3,0% em 2020.
Os dados do SIR - Sistema de Informação Residencial confirmam esta forte recuperação, apurando-se em 2021 um preço médio de venda das casas na capital de 3973J/m2, um patamar recorde para o mercado. As vendas também cresceram de forma muito expressiva, projetando-se a transação de cerca de 15.750 fogos em Lisboa ao longo de 2021. Este volume fica mais de 20% acima das vendas de 2020 e é um máximo da última década, apenas equiparado às dinâmicas de mercado no pré-crise financeira, entre 2007 e 2008.
No Porto, a valorização registada em 2021 mantém o ritmo registado no ano anterior (também de 10,3%) e decorre sobretudo do comportamento dos preços na segunda metade do ano, período em que se registaram variações trimestrais de quase 4,0%. Já nos primeiros seis meses de 2021, as variações em cadeia foram bastante menos expressivas, especialmente no 1º trimestre, quando o confinamento geral estabilizou os preços, atingindo-se uma variação trimestral de apenas 0,6%. As subidas anuais registadas em 2020 e 2021 contrastam com o forte incremento dos preços nos anos pré-Covid. Em 2019, mesmo já num ciclo de desaceleração da valorização, os preços no Porto ainda subiam a um ritmo de 19,0%.
Mesmo com a suavização das subidas nos últimos três anos, os preços no Porto voltaram a atingir um novo recorde em 2021, atingindo-se um valor médio de venda de 2687J/m2. As vendas também tiveram um desempenho muito positivo, aumentando 25% face a 2020, para cerca de 9500 unidades, um volume anteriormente apenas observado em 2010.

Transação de 190 mil casas

A consultora JLL destaca que a habitação foi setor estrela do imobiliário em 2021, superando todos os anteriores níveis de atividade, com a transação estimada de 190.000 casas e um volume de vendas de 30.000 milhões de euros, acompanhada por uma forte subida de preços (+12% face a 2019) motivada, sobretudo, pela falta de oferta.
O mercado internacional continua bastante ativo, protagonizando 11% das vendas, destacando-se a elevada dinâmica dos compradores nacionais, que garantem atualmente 89% das transações. Os fortes fundamentos de mercado deverão ter continuidade em 2022, esperando-se um novo ano de atividade em máximos, mantendo a diversificação das fontes de procura, de localizações e de conceitos. Não se prevê que as alterações aos Golden Visa afastem a procura internacional, uma vez que Portugal é já um destino residencial reconhecido no estrangeiro.
No seu relatório anual de mercado, o Market 360º, a JLL destaca que o mercado imobiliário terminou 2021 a superar muitas das expetativas traçadas no início do ano. No segundo ano da pandemia, a consultora assinala os desempenhos recorde na habitação, no imobiliário industrial & logístico, bem como nos segmentos alternativos, ao mesmo tempo que os setores de escritórios, retalho e hotéis recuperaram face ao ano anterior. A promoção imobiliária também retomou a dinâmica e o investimento mostrou-se resiliente no contexto de constrangimentos que marcou boa parte do ano.
Também a consultora Engel & Völkers dá conta que no ano passado ultrapassou os 168 milhões de euros em volume de intermediação de imóveis premium em Portugal, com subida de 75% no valor global das transações.
O preço médio das propriedades vendidas ultrapassou os 510 mil euros, registando uma subida de 8,6% face ao ano anterior. O volume de arrendamento registou também um aumento muito acentuado, na ordem dos 78%, o que equivale a um valor próximos dos 1,9 milhões de euros (1,3 milhões de euros em 2020).
Este desempenho mostra a forte recuperação do mercado imobiliário premium em 2021 e beneficia do investimento significativo da Engel & Völkers em Portugal. “No último ano, assistimos a uma forte recuperação da procura por imóveis de qualidade, não só nas grandes áreas urbanas, mas principalmente no litoral e no interior do país. Acreditamos muito no potencial do mercado português e temos vindo a investir significativamente na formação dos consultores, no desenvolvimento tecnológico e no crescimento da rede de franchisados nas zonas premium do país”, referiu Juan-Galo Macià, CEO da Engel & Völkers para Espanha, Portugal e Andorra.
 «A nossa força de vendas foi capaz de absorver a elevada e sustentada procura de propriedades de qualidade durante o último ano e tornar estes números possíveis. As boas equipas prosperam na adversidade e esta pandemia demonstrou a força da Engel & Völkers Portugal”, acrescenta.
Elisabete Soares (elisabetesoares@vidaeconomica.pt), 28/01/2022
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