Vanderhall – do que é feito este triciclo?;

Ensaio
Vanderhall – do que é feito este triciclo?
A Vanderhall assume-se como uma clara concorrente da Morgan, se bem que com ascendente diferente, onde a americana rivaliza com a marca britânica, respetivamente.
Esta aposta da marca no mercado nacional é, acima de tudo, um grito de inspiração da empresa ClassyTriangle, trazendo para um país com imenso sol todo o ano um veículo que só pode andar em tempo seco, pois não tem janelas e a capota é um opcional.
Trata-se, pois, de um nicho de mercado que a marca portuguesa quer explorar e, para tal, solicitámos o ensaio para compreender os motivos que levam alguém a despender 38.000 a 52.000€ por uma viatura destas, mesmo que construída de modo artesanal.
A estética

É por demais evidente que não deixa ninguém indiferente. É, quanto a mim, belo o seu desenho.
Lá tem este tipo de meter o marketing em tudo!!!!
A experiência do cliente desta marca é muito interessante! Trata-se de um carro de nicho (não pode circular à chuva, está homologado como triciclo e nem as inspeções obrigatórias deve poder fazer, pois a 3ª roda é ao meio)!
O espaço comercial da marca possui os vários irmãos de gama – o meu é o base – mas existem versões mais recheadas (com portas suicidas, caixa sequencial ou com patilhas no volante, e mesmo com teto e vários tipos de estofos em pele)… e muito mais equipamento! Também a potência e acabamentos são diferentes.
Este foi pensado ao detalhe, desde as mesas às cadeiras e sofás, todas elas da VANDERHALL, num misto retro, de madeiras puras (em estado bruto) e pele (cheiro esse presente em todo o salão)! Depois, os acessórios de roupa personalizada da marca, tudo detalhes de um posicionamento que se pretende alcançar numa viatura construída manualmente e onde até a camisa VANDERHALL tem a tecnologia que lhe permite ser quente e fria em tempos opostos! Uma delícia de exemplo para as minhas aulas em pós-laboral
Mas, voltando à estética! Ao primeiro olhar, é impactante. E a prova disso foi a viagem desde a sede em Odivelas  até ao centro de Lisboa, onde ciclistas, transeuntes, motociclistas, automobilistas, motoristas de autocarro, taxistas me questionavam sobre o Vanderhall ou mostravam gestos de agrado. A beleza do modelo num estilo retro é uma realidade. Até mesmo o modo de entrar para o automóvel, sem portas no modelo base, ou para as “bacquets” que nos acolhem (com cintos de segurança colocados da direita para a esquerda (inversos aos nossos); ao vidro sem limpa-vidros nem espelho retrovisor. A traseira com uma só jante (as três com travões de disco) e o desenho em cunha transmitem uma nostalgia mas também elegância e desportividade digna de nota.

E em estrada?

Bom, aqui foi mais em cidade!
A caixa é automática de 6 relações e a direção é superdireta. Presentes as seguintes ajudas eletrónicas, sensores e afins:  controlo de tração, ABS, direção assistida elétrica, cruise control, Bluetooth, bancos aquecidos, aquecimento.

O arranque e travagem são vigorosos (neste não temos os Brembo), num modelo que é confortável e em cujo habitáculo nos sentimos resguardados do vento frontal (sem exageros, obviamente).
O motor de origem GM possui 1.5 litros e 194cv ou no caso deste modelo base; 1.4 cm3 e 175cv (com a válvula Wastegate sempre presente)
Confesso que pensei sentir mais receio com o Vanderhall pois em cidade somos mesmo pequenos e andamos rentes ao chão (circular a 50km/hora parece estonteante tal a sensação de velocidade), mas o Vanderhall curva bem, adere bem, muito embora tenhamos sempre de ter atenção que não temos grandes ajudas eletrónicas  (mas com suspensões em alumínio e derivações da F1). À noite circulei por Lisboa, desde o Parque das Nações, Bairro Alto, Santos, e a opinião manteve-se. Mesmo à noite é possível manter algum conforto acústico e térmico, numa viatura confortável, precisa e com um comportamento deveras interessante.

Público alvo

É difícil tal ponto. O valor pedido superior  não o torna um carro barato nem um primeiro carro. Quem o adquire adora o estilo retro e tem seguramente mais opções na garagem.
A ergonomia exige habituação e destreza para entrar neste modelo (a versão 1.5 conta com portas suicida e torna-se mais fácil o acesso ao interior), donde estaremos a falar de uma faixa etária entre os 40 e 65 anos, que pretende uma viatura diferente (onde perdemos o anonimato) e que gosta de potência e exclusividade.
Jorge KM Farromba Jorgefarromba@gmail.com, 04/11/2021
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