“Vou tornar Lisboa uma fábrica de empresas”;

Carlos Moedas afirma
“Vou tornar Lisboa uma fábrica de empresas”
“Acredito numa cidade em que as políticas são feitas em colaboração com as pessoas e não em diretivas de cima para baixoma Carlos Moedas.
“Vou tornar Lisboa uma fábrica de empresas que estimula o empreendedorismo de forma a criar emprego e gerar riqueza”, afirma Carlos Moedas, candidato do PSD à Presidência da Câmara Municipal de Lisboa.
A agilização dos licenciamentos, a criação de uma Assembleia de Cidadãos e de um modelo de habitação social e de renda acessível são algumas das propostas que Carlos Moedas faz para “voltar a fazer de Lisboa a cidade das oportunidades”.
Vida Económica – Que projeto tem para Lisboa?
Carlos Moedas -
Quero afirmar Lisboa como um foco de cultura, tecnologia e ciência ao serviço das pessoas. Uma Lisboa que promove a economia gerando emprego e riqueza para os lisboetas e para o país. O meu projeto para Lisboa passa por tornar a cidade um espaço que facilita o dia-a-dia de quem cá vive, de quem nos visita, de quem cá quer investir. O projeto que tenho para Lisboa é um projeto mobilizador e agregador. Precisamos de desconfinar o potencial de Lisboa, com condições criadas para as empresas serem mais do que “startups”. Vou tornar Lisboa uma fábrica de empresas que estimula o empreendedorismo de forma a criar emprego e gerar riqueza. Quero uma Lisboa em que os artistas possam crescer e desenvolver o seu espírito criativo em espaços culturais em cada freguesia. Comigo como presidente da Câmara, a construção na cidade não ficará presa por burocracia e inação, as empresas não ir ver o seu licenciamento dependente de vontades variáveis. Quero voltar a fazer de Lisboa a cidade das oportunidades.

VE – O que falhou nos 14 anos de governação socialista?
CM -
Cheguei a Lisboa em 1988 e desde então assistimos a três décadas de estagnação em que o PS governou 26 anos. Enquanto cidades como Madrid ou Barcelona se tornavam cidades globais, a falta de ambição da governação socialista produziu uma cidade remediada, sem visão e sem capacidade de se afirmar como mais do que um destino turístico, e mesmo isso é só na Baixa. O que falhou foi fundamentalmente a ambição. Não se procurou fazer mais do que o suficiente, deixou-se uma Lisboa esquecida, sem condições, que eu vi na Vila Ferro, por exemplo, e criou-se uma Disneylândia no centro da cidade. Tentaram extrair o máximo de rendimentos do turismo e os lisboetas ficaram esquecidos. Não acredito nessa Lisboa desligada dos lisboetas e focada no ganho rápido. Uma Lisboa referência global terá de começar por dar atenção ao local.

A política falhada de Fernando Medina

VE – Por que afirma que Lisboa perdeu a ligação entre a cidade e as pessoas? Que medidas podem inverter esta situação?
CM -
Afirmo-o porque ouço as pessoas. Afirmo-o porque a ação política de Fernando Medina revela diariamente um falhanço perante as necessidades das várias áreas da sociedade civil. Afirmo-o porque falamos de um executivo que prometeu centros de saúde, hospitais, parques de estacionamento dissuasores e casas em renda acessível e no fim não entregou praticamente nada. Fernando Medina adia o desenvolvimento de Lisboa. Para inverter isto, acredito numa cidade em que as políticas são feitas em colaboração com as pessoas e não em diretivas de cima para baixo. É por isso que proponho a agilização dos licenciamentos, fazer de Lisboa uma fábrica de empresas, criar uma Assembleia de Cidadãos, para mudar a maneira de construir políticas e para realmente ouvir as pessoas. Se não o fizermos, corremos o risco que esta Câmara corre recorrentemente, limitar o desenvolvimento da cidade.

VE – Foi-lhe muito difícil deixar a sua zona de conforto e a Fundação Gulbenkian de que tanto gostava para se candidatar a presidente da Câmara de Lisboa? O que o motivou a dar este esse “salto”?
CM -
O que me motivou foi sentir que devo a esta cidade tudo o que alcancei e foi também perceber em Bruxelas que o futuro está na Europa e nas cidades. Claro que dar uma volta de 180 graus na vida é um desafio, mas é um que me motiva profundamente. Se queremos fazer a diferença na transição digital e verde, na mudança da maneira de fazer política e na construção de uma economia mais inclusiva, acho que o sítio para começarmos essa transformação brutal é ao nível local.

Modelo de habitação social e de renda acessível

VE – Nos últimos anos tem-se assistido a uma “expulsão” dos lisboetas da zona histórica para favorecer o crescimento desenfreado do alojamento local e criar zonas de comércio para o turismo. Acha possível criar uma política de habitação que devolva a cidade aos lisboetas?
CM -
Claro que acho possível. E não era preciso muito mais do que cumprir promessas. A cidade dos 15 minutos que imagino para Lisboa precisa de bairros diversos e de serviços distribuídos de forma que ninguém tenha de andar muito mais do que um quarto de hora para a maioria das coisas de que precisa durante o dia. Para conseguir isso por toda a cidade, precisamos de um modelo de habitação social e de renda acessível que rompa com esta prática de amontoar em enormes torres as pessoas que não têm meios para viver na cidade e, em vez disso, distribuí-las pelo concelho, incluindo no centro.

VE – Que estratégia tem para o aeroporto de Lisboa?
CM -
Essa não é uma competência da Câmara. O turismo é obviamente importante para Lisboa e ter o aeroporto numa posição tão central é uma vantagem, mas sendo necessária uma expansão, que neste momento não me parece prioridade. Infelizmente, quando a cidade podia ter beneficiado mais deste turismo, a incompetência do Governo atual veio desperdiçar a oportunidade de finalmente resolver o problema que o Governo de que fiz parte lhe alinhavou. Lamento essa perda e espero que no futuro se consiga arranjar uma solução definitiva para um problema que se arrasta há tempo de mais.

Plano Simas

VE – A pandemia deixou marcas profundas na economia. As consequências poderiam ter sido menores com um plano para as pandemias? De que forma?
CM -
A falta de preparação é sempre fatal. Durante anos, na Comissão, lutei para que se criassem planos de contingência para grandes catástrofes. Infelizmente, faltou vontade política para isso. Idealmente, se esta situação estivesse acautelada com um plano, não teríamos fechado tão abruptamente e não teríamos tido esta quebra brutal. Como a mim não me falta vontade para evitar que isto se repita, apresentei o Plano Simas com a ajuda preciosa do Pedro Simas. Este garante-nos que uma cidade de 15 minutos seria mais resiliente a estes momentos porque permitiria aos mais velhos ficarem mais na sua zona e protegerem-se de contágios, aumentaria as estruturas de saúde que evitariam sobrecargas e digitalizaria os serviços municipais, facilitando o isolamento. Só assim podemos proteger eficazmente a cidade de eventos desta magnitude.

VE – De que forma pode ser criado o emprego sustentável? Através da aposta no talento?
CM -
Do que Lisboa precisa para conseguir gerar empregos para a era moderna é de uma real aposta no seu talento, de facto. Como é que isso se consegue? Apostando nas pessoas de Lisboa desde o início da sua vida, garantindo que não há pobreza abjeta na cidade, que as pessoas crescem com cultura e com acesso a escolas em condições. Depois, chegados ao mercado de trabalho, precisamos de empresas inovadoras e sustentáveis. Para isso, quero em Lisboa um parque empresarial que seja uma fábrica de unicórnios e não de “startups”, que aponte para o topo e não para a mediania.

VE – Quando fala numa cidade de inovação e do conhecimento centrada nas pessoas e no conhecimento, quer dizer concretamente o quê?
CM -
Quero apostar no nosso valor. Nas nossas universidades, nos nossos laboratórios, nos nossos parques empresariais. Não quero que os jovens lisboetas cresçam tendo como única oferta empregos precários e sazonais. Quero que tenham bons ordenados e acrescentem na criação de valor global, em vez de se focarem apenas em receber quem o cria noutras paragens.

VE – Que mensagem gostaria de transmitir?
CM -
O que está em causa nas próximas eleições autárquicas em Lisboa é a escolha entre um projeto esgotado, entre o passado, o “status quo”, sem ideias e sem visão de cidade, representado por Fernando Medina, ou um projeto novo, de futuro, com um desígnio de inovação e mudança de paradigma para a cidade de Lisboa, representado por mim.
VIRGÍLIO FERREIRA (virgilio@vidaeconomica.pt), 17/06/2021
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