Competitividade: uma porta entreaberta;

Nota de Fecho
Competitividade: uma porta entreaberta
O IMD acaba de publicar o ranking mundial da competitividade relativo ao ano de 2021. No atual contexto de incerteza e dificuldade, o ranking revela uma evolução positiva para vários países europeus que agora ocupam as quatro primeiras posições entre os 64 países analisados.

Portugal sobe uma posição, para o 36.º lugar, ultrapassando pela primeira vez Espanha, que desce para 0 39.º lugar. Apesar de Portugal revelar várias fragilidades e não estar ainda entre a primeira metade dos países, não perdeu competitividade face à média dos países analisados. E de acordo com o ranking do IMD, a 36ª posição do nosso país é melhor que a 39.ª posição de Espanha, a 41.ª posição de Itália ou a 46.ª posição da Grécia.
O ranking mundial de Competitividade do IMD destaca para Portugal a urgência de grandes reformas no setor público, nas áreas da Justiça, Saúde, Ensino e Segurança Social. Apesar da necessidade, estas são as áreas onde os governantes têm mais receio de intervir, temendo reflexos negativos em termos de popularidade. O ranking do IMD considera também que um dos principais desafios para o ano em curso está na adoção de medidas fiscais e administrativas favoráveis às empresas e ao investimento para dinamizar a competitividade no período pós-Covid 19.
A fiscalidade em Portugal tem uma avaliação bastante negativa na avaliação do IMD. O aspeto mais desfavorável é a elevada tributação do rendimento individual. Neste indicador o nosso país ocupa a penúltima posição do Mundo. As taxas de IRS aplicadas em Portugal são consideradas exageradas e desincentivadoras do trabalho.
O IRC suportado pelas empresas portuguesas representa 3,11% do PIB e está acima da média mundial. Em Espanha o IRC liquidado às empresas representa apenas 2,07% do PIB, sendo uma fator de competitividade. Em França é 2,24& e em Itália não vai além de 1,93% do PIB. Os dados objetivos  do IMD revelam que a tributação dos resultados das empresas é bastante mais elevada em Portugal.
A Taxa Social Única a cargo das empresas também está acima da média, sendo um fator de agravamento dos custos de trabalho.
As normas laborais vigentes são outro dos fatores negativos colocando Portugal na 50.ª posição relativa a este indicador. Apesar das alterações introduzidas pelo Programa da Troika, as regras existentes continuam a ser rígidas e a afetar o mercado de trabalho. Essa é certamente a razão que leva o Governo a não reverter as mudanças ao Código do Trabalho que foram adotadas durante o período de resgate.
A falta de formação profissional é um dos indicadores onde Portugal está pior, ocupando a 60.ª posição mundial. Numa posição mais desfavorável que Portugal em termos de investimento em formação de ativos só encontramos países como a Mongólia, a Argentina ou a Venezuela.
Associada ao défice de formação profissional, surge a falta de motivação dos trabalhadores, colocando Portugal na 49.ª posição, atrás da generalidade dos países europeus.
Para o nosso país, a competitividade é o principal desafio. A evolução nos próximos anos vai depender da nossa vontade e capacidade em ultrapassar os fatores de fragilidade.
As empresas pouco ou nada podem fazer para que o quadro fiscal e regulatório se torne mais favorável.
Mas podem corrigir o défice de formação profissional e melhorar a gestão dos recursos humanos, valorizando o mérito individual, e contrariando a lógica das normas laborais demasiado rígidas e restritivas que tendem a favorecer os colaboradores com pior desempenho, em prejuízo dos elementos mais motivados e com melhor desempenho.
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