A cultura de debate previne conflitos e maximiza resultados;

Prevenção e Mediação de Conflitos
A cultura de debate previne conflitos e maximiza resultados
Lembro-me vivamente dos debates à mesa, com o meu pai, a minha mãe e a minha irmã, desde muito cedo. Na sala de jantar, sem televisão, conversávamos e manifestávamos opiniões sobre assuntos familiares, políticos, económicos, sociais e culturais. De talheres já pousados, as conversas prolongavam-se por mais alguns quartos de hora.
Nós, as filhas, em crianças e jovens, sentíamo-nos envolvidas, respeitadas e reconhecidas. Graças a esse treino diário, aprendemos muito cedo a argumentar corretamente, ou seja, a defender a nossa posição com base em factos e a respeitar posições diferentes. Aprendemos a distinguir factos de interpretações. Aprendemos a duvidar, a pôr em causa, a refletir e a recolher mais informação antes de formar a nossa opinião. E mais: aprendemos a encontrar compromissos. Ataques pessoais? Nem pensar! Levar outro ponto de vista a peito? Para quê?
Crescer numa família com cultura de debate é uma grande vantagem. Permite estabelecer relações humanas saudáveis, baseadas em respeito e comunicação franca e sincera. Pessoas sem essa (ou outra) escola de debate têm mais dificuldades em ter conversas factuais por não saberem distinguir factos de interpretações, opiniões de emoções. Assim, costumam ter mais dificuldades em respeitar um ponto de vista diferente ou um sentimento, sem ter a perceção de que emoções não são negociáveis, mas uma realidade individual. No fundo, partem do princípio que os significados que atribuem estão certos e são reais para todas ou a maioria das pessoas. Como estão pouco treinadas em questionar, refletir, recolher informação e debater, tendem a levar as coisas a um nível pessoal e costumam ter pouca prática na procura do menor denominador comum para encontrar e estabelecer um compromisso. Também não sabem como evitar conflitos ou apaziguar situações de tensão. Tendem a fugir a confrontos esclarecedores e, em alguns casos, escolhem vingar-se silenciosamente. Um clássico aqui é suprimir informações para prejudicar o sucesso do ou da colega. Espírito de equipa? Só se todos os elementos tiverem a mesma opinião – uma falsa harmonia que se transforma numa bomba-relógio.
Felizmente, debater com respeito aprende-se a qualquer altura da vida. É como estudar uma língua estrangeira. Há vocabulário, gramática e estilo. É preciso saber a teoria e depois praticar de forma consequente. Formar os colaboradores e as colaboradoras em comunicação significa investir num excelente “workflow” e numa colaboração eficaz. Significa também prevenir perdas de produtividade e de qualidade como resultado de conflitos, quer abertos, quer escondidos. É um investimento no bem-estar e, assim, na motivação da equipa. Mais: numa cultura de debate nascem mais e melhores ideias, há uma forte orientação para a inovação e o contributo de todos e todas para a melhoria contínua é um efeito secundário natural. Sabia que conflitos entre colegas levam a uma perda de produtividade de 20 a 30 por cento?
Como as línguas, é muito mais fácil aprender as várias técnicas de comunicação e debate em criança. Consciente disso e entusiasta em debates à mesa, mantive a tradição familiar em debater assuntos familiares, políticos, económicos e socioculturais com o meu marido, filhas e filho, diariamente, na sala de jantar, com respeito e sem televisão.

Silke Buss
938223762
sbuss@buss.pt
www.mediacao.buss.pt
BUSS Comunicação
Silke Buss, Mediadora de Conflitos, Especialista em Comunicação, 29/09/2022
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