Ativos de saúde, tecnologia e sustentabilidade saem reforçados da crise pandémica
Este período de pandemia mundial tem sido duro para a economia e mercados, havendo lugar a acontecimentos que poucos preveriam como a queda para valores negativos do petróleo nos contratos de futuros do WTI, ocorrida a 20 de abril. Falar em investimentos apetecíveis neste período é andar sobre vidro partido. Há, no entanto, ativos que emergem reforçados deste mar agitado da economia e dos mercados em altura de Covid-19. Saúde, tecnologia e sustentabilidade ambiental são, de acordo com as fontes contactadas pela “Vida Económica”, esses setores.
“Devido à Covid-19 e à consequente significativa diminuição da procura de petróleo, a cotação desta matéria-prima desceu consideravelmente e, a preços bastantes atrativos, retira do mercado outras fontes de energia, como as mais amigas do ambiente, as renováveis, que estarão mais presentes na economia, neste momento, por imperativo legal e capacidade instalada já existente”, considera Paulo Rosa, economista sénior do Banco Carregosa. Tecnologia “chegou, viu e venceu” O mesmo responsável salienta que “o setor tecnológico chegou, viu e venceu”, especificamente o mais relacionado com o teletrabalho e a utilização mais frequente do lar, e é um dos grandes ganhadores no seio deste confinamento para responder à propagação da Covid-19. “Principalmente títulos das principais empresas mundiais, todas elas norte-americanas, desde o Facebook à Google, passando pela Amazon e Netflix. A plataforma Teams da Microsoft é muito utilizada para interação entre professores e alunos, ou por empresas, que também utilizam o Sype for Business”, indica. Também os setores dos cuidados de saúde e das farmacêuticas têm sido procurados e têm tido um melhor desempenho que outros, de acordo com Paulo Rosa. “Os lares de idosos já são um nicho de mercado muito importante e, em virtude do surto do novo coronavírus, poderão ter um maior incremento no futuro. Os grandes perdedores são os setores da aviação, do turismo e do lazer”, remata o economista sénior do Banco Carregosa. Setores beneficiados por “Mundo Covid-19” João Lampreia, head of research do BiG, acredita no potencial de retorno do mercado acionista, “sobretudo no segmento value (empresas com balanços e cash flows resilientes), bem como setores que tendem a beneficiar com temas da nova Covid-19 world: healthcare e tecnologia”. O especialista destaca ainda, por outro lado, “os temas relacionados com a sustentabilidade ambiental e económica, nomeadamente, a sigla conhecida como o investimento em ESG tenderá a cristalizar os ganhos que já vinham sendo evidenciados ainda antes da eclosão da problemática da Covid-19. Tecnologia veio para ficar O head of sales da corretora XTB, Nuno Mello, destaca a tecnologia e as telecomunicações. “O facto de mais de quatro mil milhões de pessoas a nível mundial estarem de quarentena e tomarem medidas de distanciamento social veio de alguma forma mudar a forma como nos comunicamos e como temos contacto com a realidade exterior, através do uso mais generalizado de aplicações como o Skype, Zoom, Youtube, Netflix, etc. E, na minha opinião, alguns destes hábitos irão permanecer enraizados no meio empresarial e social, passando a ser mais frequente o teletrabalho e as reuniões por videoconferência, em detrimento das reuniões presenciais. Dito isto, parece me que os setores que saem mais reforçados no futuro são o tecnológico e o de telecomunicações”.