Atletas de alta competição passam a ser investidores ativos do desporto;

Luís Vicente, “chairman”, e António Caçorino, fundador e CEO da Apex Capital, consideram
Atletas de alta competição passam a ser investidores ativos do desporto
Democratizar o acesso à propriedade de muitas organizações desportivas por parte dos atletas, democratizar a propriedade de negócios que irão desempenhar um papel fundamental na organização e monitorização do desporto e ter a oportunidade de criar novos desportos ou novas formas de relação com os desportos existentes. Estes são os objetivos a longo prazo da Apex Capital, empresa de investimento que coinveste com atletas de alta competição.
Com um plano de negócio colocado em marcha em plena pandemia, a Apex Capital fechou até ao momento sete operações e trabalha com quase 30 atletas. No curto prazo, o objetivo é duplicar o número de projetos em que a Apex Capital está envolvida.
Vida Económica – O que é a Apex Capital e como teve origem?
António Caçorino -
A Apex Capital é uma empresa de investimento que coinveste com atletas de alta competição nas áreas de desporto, “media” e entretenimento. A origem foi uma ideia discutida entre o CEO  e sócio fundador António Caçorino e os irmãos Félix da Costa (também sócios fundadores). Esta ideia converteu-se num plano de negócios que acabou por ser acelerado em plena pandemia 2020.

VE – Qual é o perfil de investidor procurado? Pode indicar alguns investidores concretos?
AC -
Procuramos atletas com perfil empreendedor, que queiram ser investidores ativos e usar toda a sua imagem, network e know-how. Os únicos investidores públicos são os atuais sócios da Apex, no resto temos mantido em confidencialidade. Mas vamos tornar-nos mais vocais nesse sentido, e posso dizer que são atletas de topo, maioritariamente no motorsport e futebol. Mas já falámos com atletas de outros desportos, claro.
VE – Quais são as oportunidades de investimento que proporciona a Apex Capital?
AC - Neste momento, temos duas verticais de foco – ambas em Sports, “Media ”& Entertainment. Uma primeira mais de Venture Capital, em que investimos em inovação e start-ups no desporto, consumo e “media”. A outra, já olhamos as empresas e oportunidades mais maduras, como por exemplo direitos de “media”, participações em clubes, ligas, etc…

VE – Qual é o balanço de atividade no seu quase um ano de existência do projeto? Está a corresponder às expetativas?
AC -
Muito positivo. Em todos os sentidos. Fechámos sete operações e já trabalhamos com quase 30 atletas. Acima de tudo, estamos a criar uma marca com muita credibilidade no ecossistema, e a nível global.

VE – Como define o “atleta empreendedor” e quais são os segmentos-alvo da Apex Capital?
AC -
Como já referi, o atleta empreendedor é um atleta que não tem medo de arriscar e alavancar todo o seu “aporte” nos seus investimentos – especialmente aqueles em que realmente é estratégico.

VE – Qual é a dimensão internacional do projeto?
AC -
Como referimos, temos ambições globais. Já investimos em três empresas fora do país e trabalhamos com muitos atletas internacionais. Mas a “sede” operacional queremos manter em Portugal. Temos realmente gente de topo no nosso país e queremos ser mais um incentivo para mantê-las cá.

VE – De que forma estão a pensar expandir a vossa atividade?
AC -
A nossa atividade segue em cada vez mais trabalhar com mais atletas, cada vez em mais países e cada vez em mais desportos. Passa também por colaborar cada vez mais com fundos institucionais que têm interesse em investir neste ecossistema e querem fazer com a Apex ao seu lado, ou mesmo através de nós.

Fase 3.0 dos atletas enquanto empreendedores

VE – Que significado tem para si a nomeação como charmain da Apex Capital e qual vai ser a sua principal tarefa?
Luís Vicente
- Defendo há muitos anos que os atletas têm um papel muito mais relevante a desempenhar na indústria do desporto e projectos como a Apex Capital são demonstrativos da influência crescente dos atletas empreendedores. Segui com atenção o percurso da Apex nos últimos 12 meses e estou convencido da importância e do papel substancial que este projecto irá ter num futuro próximo. Nos Estados Unidos temos assistido à maturação de várias iniciativas semelhantes e com resultados visíveis e creio que o potencial de desenvolvimento de um projecto como o da Apex com foco inicial no mercado europeu é enorme. Estou numa fase da minha vida profissional em que pretendo colocar a minha visão, experiência, reputação e network ao serviço de projetos inovadores e com potencial para transformar a indústria do desporto e foi com grande orgulho que me tornei parte desta grande equipa de trabalho fantástica. Temos uma visão clara do que pretendemos fazer a curto, médio e longo prazo. No curto prazo, pretendemos duplicar o número de projetos em que estamos envolvidos, diversificar para um maior número de áreas e crescer de forma substancial o espetro atual de atletas com quem colaboramos. A médio prazo, temos a ambição de nos tornarmos um projeto de referência nesta área a nível europeu e global, aumentando também de forma substancial o número de parcerias com grandes organizações globais na área financeir, e também atingir uma fase inicial de maturidade em “joint ventures” com organizações desportivas. A longo prazo, gostaríamos muito de visualizar na sua integral plenitude o poder real do movimento do que designamos a fase 3.0 dos atletas enquanto empreendedores. A primeira geração de atletas empreendedores conseguiu converter a sua relevância no desporto no acesso a múltiplas oportunidades de negócio fora do seu ecossistema nativo. A segunda geração conseguiu adicionar um papel ativo na gestão do desporto, enquanto presidentes, administradores de órgãos sociais ou em alguns pequenos casos em proprietários de organizações desportivas ou ligadas ao desporto. A terceira geração vai não só democratizar o acesso à propriedade de muitas organizações desportivas por parte dos atletas, como, em simultâneo, vai democratizar a propriedade de negócios que irão desempenhar um papel fundamental na organização e monetização do desporto e vai ainda ter a oportunidade de criarem novos desportos ou novas formas de relação com os desportos existentes.
VIRGÍLIO FERREIRA (virgilio@vidaeconomica.pt), 03/12/2021
Partilhar
Comentários 0