O FURA-FILAS DEMISSIONÁRIO E A BASTONÁRIA;

O FURA-FILAS DEMISSIONÁRIO E A BASTONÁRIA
Eis senão quando finalmente surge um “fura-filas com alguma ética republicana”. Carlos Castro (vereador socialista) assume a culpa de furar a fila na vacinação (mais um), mas é consequente e demite-se, poupando Fernando Medina a um desgaste ainda maior do que aquele que já tem.
A novidade da semana e do ano, é que afinal há alguém que fure a fila e se demita! E isto faz-me lembrar as recentes declarações da Bastonária da Ordem dos Enfermeiros, envoltas em grande polémica.

Declaração de interesses, sou amigo e de longa data, da Enfª Ana Rita Cavaco.

Posto isto, a verdade é que nem sempre temos que concordar com os nossos amigos e com as suas atitudes. Todavia, este não é um desses casos. Pode-se discordar da forma, mas não da substância.

Numa espécie de regresso ao passado, recordo os tempos em que ambos éramos Conselheiros Nacionais do PPD/PSD. Quase sempre eleitos em listas independentes para esse órgão nacional, eram já “um clássico” as minhas intervenções a falar de bombeiros e da administração interna e as intervenções da Ana Rita, sempre em nome da sua classe profissional e falando sobre a saúde.

Criticava sem dó nem piedade, mesmo quando o PSD era governo. E argumentava, apontava os nomes, sugeria medidas. Líderes do PSD, Ministros, secretários de estado e deputados, ali a escutavam e eram, não raras vezes, objecto feroz das suas críticas. Olhos nos olhos. Cara a cara.

Eu e outros, habituamo-nos a escutar aquela miúda, hoje Mulher, que sem papas na língua falava aguerridamente dos “seus enfermeiros” e sempre do Serviço Nacional de Saúde.

Foi por isso sem surpresa, que um dia a observei candidatar-se a Bastonária.
- Tens a certeza Ana? Já viste no que te vais meter?
- Deixa-me ir, está na hora de defender os meus ali.

E deixamos de ver a Ana Rita no PSD.

Calcorreou Portugal, de norte a sul. Açores e Madeira. Concorreu: ganhou. Mas... não a deixaram “ganhar”.

Seguiu-se um longo processo em tribunal, que lhe veio a dar razão, mas já fora de tempo. De novo concorreu e ganhou, sem margem para dúvidas. E uma outra vez se recandidatou, vencendo ainda mais folgadamente.

Pelo meio de várias peripécias, o Estado português – nomeadamente o governo da geringonça - tentou intimidá-la e à sua classe profissional. Polícias à porta, comunicação social, ameaça de processos. Sempre o medo a bater à porta da Ana Rita.

Não a conhecem!

Podemos não concordar que a Ana Rita tenha ido dar um abraço ao André Ventura, que muitos de nós até conhecemos há muitos anos e que está agora noutro partido político, com ideias e um estilo que em muito não subscrevo - * a propósito, a Ana Rita também me foi dar um abraço a mim e a mais uma personalidade nacional do PSD, à saída de um conselho nacional no Algarve, mas como estava de máscara, a comunicação social não a reconheceu.

Podemos não concordar com a Ana Rita, quando ela chama “gorda fura-filas” à autarca que se auto-intitula de “obesa” para passar à frente dos outros cidadãos (obesa: feminino de obeso; o mesmo que barriguda, gorda, abdominosa, adiposa, anafada). Neste caso,e segundo o politicamente correcto, deveria ser a: “obesa fura-filas”.

Podemos não concordar que a Bastonária chame de “esterco” (do latim: stercus, -oris, esterco; pessoa ou coisa muito vil) a Daniel Oliveira, que uma vez a destratando, deveria antes de ser apelidado simplesmente de:“vil”.

Mas a verdade é que, goste-se ou não do estilo, num país onde a iliteracia é atroz e onde não se sabe falar nem escrever bem o português, (de professores catedráticos a políticos); onde muitos têm medo de afrontar os poderes instituídos; onde tantos não chamam os bois pelos nomes e onde inúmeros têm medo de ser quem são, chega a minha vez de chamar um nome feio à Senhora Bastonária:

a Enfermeira Ana Rita Cavaco, Bastonária da Ordem dos Enfermeiros, é uma verdadeira nelumbo nucifera! - também conhecida por flor de lótus, que é uma flor lindíssima que floresce literalmente no meio da merda (do latimmerda– que é um substantivo da língua portuguesa moderna e que no seu significado primário indica: fezes humanas ou animais. É usado principalmente no contexto coloquial e é considerado um termo vulgar).

Ora a Flor de Lótus, de significado espiritual profundo, tem as suas raízes fixadas literalmente no meio da lama e do lodo, precisamente na parte mais pútrida de águas profundas.

Vai ser difícil arrancarem-te, Enfermeira Ana Rita. Seja como for, que floresças e que todos os fura-filas sejam apanhados.

Que floresças tu e todos os enfermeiros e enfermeiras deste país. E já agora, se não te importas, os meus queridos bombeiros e bombeiras, também.


*O autor escreve fora do acordo ortográfico, por opção

Armando Soares AUTARCA, SOCIÓLOGO, 04/03/2021
Partilhar
Comentários 0