Talento para os negócios;

Reflexões sobre Empresas Familiares
Talento para os negócios

Os participantes no estudo da Edelman, que temos vindo a utilizar para dar uma linha condutora a estes artigos sobre as empresas familiares, foram praticamente unânimes na classificação do principal atributo do empresário familiar: talento inato para os negócios.

Se um talento é algo inato ou não é muito discutível, mas certamente que é mais fácil obter consenso de que existem predisposições pessoais para determinadas práticas. Relativamente à questão dos negócios, enquanto arte de satisfazer necessidades de terceiros com algo que nós ou a nossa empresa dispõe, podemos reconhecer que existem algumas caraterísticas que podem favorecer a nossa atuação. As capacidades de comunicação, de escuta, de organização, etc. são elementos que podem facilitar a vida de qualquer pessoa e, em especial, de um empresário.
Nos dias de hoje reconhecemos que muitas destas práticas podem ser assimiladas em ambiente de aprendizagem, quer seja em ambiente controlado de formação quer pela imersão na realidade, por opção ou por força de determinadas circunstâncias.
O que parece indiscutível é que existem pessoas com uma força de vontade própria e capacidade de dinamização de outras que lhes permitem defrontar a muito difícil arte de ser empresário.
Os portugueses ao longo da sua milenar história têm demonstrado que são pessoas com uma predisposição para este tipo atividade, pelo que a melhor forma de o reconhecer é recorrendo a um dos muitos milhares de exemplos que o podem ilustrar, sendo um dos mais emblemáticos o da D. Antónia Ferreira.

 

Quando se fala do vinho do Porto existem alguns elementos ou imagens incontornáveis: O Douro, o rio e vinhedos; a primeira Região Demarcada mundial pelo Marquês de Pombal e D. Antónia Adelaide Ferreira.
Ficando viúva aos 33 anos, fez valer a sua enorme coragem e determinação fazendo grandes plantações de vinha em quintas que foi adquirindo ou fundando, construindo armazéns, ajudando os outros viticultores comprando os seus vinhos em anos de grandes produções, lutando contra a filoxera, etc.
Sobreviveu a um naufrágio no rio Douro, no qual morreu o seu amigo Barão de Forrester. Mulher determinada e corajosa, construiu um enorme império durante o século XIX, deixando às gerações seguintes um vastíssimo património físico, como um forte conjunto e prática de valores.
Em 1880 fica novamente viúva, mas este seu descontentamento não a impossibilitou de continuar a obra de benfeitoria que havia começado, com os hospitais de Vila Real, Régua, Moncorvo e Lamego. D. Antónia é, sem dúvida, uma das maiores, se não a maior, personagem na história da região do Douro e do Vinho do Porto e um grande exemplo para qualquer empresário, muito bem expresso por suas palavras:  
Cada um na sua terra deverá fazer tudo o que seja para bem da humanidade.” julho, 1855

 

Partilhar
Comentários 0