“É preciso trazer mais PME para o processo da exportação”;

Presidente da CCDR-N diz que “Gondomar está em 21º em 86 municípios em termos de exportação”
“É preciso trazer mais PME para o processo da exportação”
A conferência “Competitividade Empresarial 20/30 – Desafios e Oportunidades” teve como oradores Carlos Brás, vereador do desenvolvimento económico da Câmara de Gondomar (à esquerda), Luís Pedro Martins, presidente do Turismo do Porto e Norte de Portugal, Luís Reis, administrador da AICEP, e Fernando Freire de Sousa, presidente da CCRD-N. A moderação foi de João Luís de Sousa, diretor do jornal “Vida Económica”.
O presidente da Comissão de Coordenação Regional do Norte (CCDR-N) quer “trazer mais pequenas e médias empresas [PME] para o processo da exportação”, com vista a “aumentar a nossa base exportadora” e “reduzir a dependência das importações”. 
vE Gondomar é um entre os 86 concelhos mais relevantes na venda de produtos para o exterior, ocupando o 21º lugar entre 86 dos municípios mais exportadores do país, disse Fernando Freire de Sousa durante a conferência “Competitividade Empresarial 20/30 – Desafios e Oportunidades”, organizada na última semana pela Câmara local. “Gondomar é uma referência e assume um papel importante na atividade exportadora”, reforçou.
As exportações são, na verdade, “o motor da atividade económica e do crescimento português”, disse o líder da CCDR-N, citando como exemplo “um conjunto de empresas” de componentes, localizadas sobretudo no Alto Minho – Arcos de Valdevez, Paredes de Coura ou Viana do Castelo – e que se foram “preparando e colocando em posição de receber investimentos de apoio ao setor automóvel”, nomeadamente à fábrica de Vigo da multinacional francesa Peugeot Citroën (PSA). 
Ao ponto de “um quarto das nossas exportações terem como destino Espanha” e “os nossos principais clientes espanhóis serem das regiões de Madrid e da Galiza”, frisou Fernando Freire de Sousa. O presidente da CCDR-N revelou até que “a Galiza compra-nos mais que a região da Catalunha ou de Castela”. 
“Oito municípios representam 52% das nossas exportações”
 
De acordo com a AICEP, depois da entrada de Espanha na União Europeia (UE), a Galiza sofreu “uma forte transformação”, passando de agrária e rural a industrial e urbana, “sem prejudicar o importante papel que continua a desempenhar o setor da agricultura e da pesca nesta região”. Atualmente, diz a AICEP, os setores mais importantes incluem, por um lado, os já enraizados na economia galega e que receberam grande parte dos investimentos da região e, por outro, os que têm tido uma rápida evolução e apresentam rácios positivos de crescimento. É o caso da produção automóvel, das indústrias naval, têxtil, da madeira, da energia elétrica, da logística, das tecnologias de informação e comunicação, das energias renováveis e biotecnologia, mas, também, da pesca e produtos do mar. 
O presidente da CCDR-N não tem dúvidas de que, “nos últimos 10/15 anos, aconteceu uma alteração estrutural” na economia e no tecido empresarial, com “um aumento brutal das nossas exportações”. Ao ponto de elas valerem hoje cerca de 45% do PIB português e de a meta ter sido traçada pelo Governo para chegarem aos 50% do PIB até 2025 ou “até antes”, como adiantou à “Vida Económica” na última semana o ministro da Economia, Pedro Siza Vieira.
No entanto, “esta dinâmica está muito longe dos valores médios [das exportações] da UE”, diz Fernando Freire de Sousa, frisando que “há um espaço enorme para o crescimento” a este nível. Este é, aliás, “um dos desafios centrais no horizonte 2020-2030”, diz.
Na conferência em Gondomar, o presidente da CCDR-N lembrou que “a base exportadora está concentrada num número muito reduzido de municípios”, avançando que “oito municípios exportam 52% das nossas exportações”.
 
Entraram em Portugal 130 mil milhões de euros de fundos europeus até 2018
 
“Estamos muito melhor?”, perguntou Fernando Freire de Sousa. “Estamos”, respondeu ele próprio à pergunta. Mas não deixou de sublinhar que, “desde finais dos anos 80 até 2018, Portugal recebeu cerca de 130 mil milhões de euros de fundos europeus, o que equivale a quase uma vez e meia o nosso PIB em cada ano e mais ou menos nove milhões de euros por dia”.
E se é certo que “os fundos estruturais são muito importantes”, também é certo que “o comportamento centralista do país”, o “afastamento enorme dos centros de decisão” e o facto de haver “muitas capelas” e de “funcionarmos muito pouco em conjunto” não ajuda a um maior desenvolvimento de Portugal.
Defendeu, por isso, sem nunca o referir de forma explícita, a regionalização para o país. É que, diz, “só a região Norte é maior do que sete dos países da União Europeia” e “está na 87ª posição entre as 218 regiões NUT III [Nomenclatura das Unidades Territoriais] da UE”. Ou seja, “não somos assim tão pequenos”. 
Tudo isto “faz-nos acreditar no futuro”, porque “no Norte de Portugal há um grande potencial de desenvolvimento”, diz o presidente da CCRD-N. “Temos de nos organizar”, garante. E não há dúvida: “as políticas públicas têm aqui um papel essencial na coesão e desenvolvimento da economia portuguesa”.
TERESA SILVEIRA teresasilveira@vidaeconomica.pt, 16/05/2019
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