Futuro com menos asas no ar?;

Futuro com menos asas no ar?
Sem grande surpresa, o setor dos transportes aéreos levou um forte impacto devido à pandemia do coronavírus. Agora que alguns resultados começam a sair, conseguimos ter uma melhor perceção do futuro que aguarda às companhias aéreas. Com o mundo em quarentena, cerca de 95% dos voos programados para estes meses foram cancelados, e, de acordo com alguns dados estatísticos, mais de metade dos aviões estão parados. Outro dado crucial que descreve o quão brutal foi o impacto neste setor é que, de acordo com a IBIS World, as companhias aéreas estão a perder 1,6 mil milhões de dólares por dia, desde o início da quarentena. Em termos de postos de trabalho, os números são igualmente avassaladores, com a previsão de que mais de um milhão de empregos deixaram de existir mundialmente, de acordo com a IATA (Associação Internacional de Transportes Aéreos).
 
O futuro permanece bastante incerto e o receio de uma segunda vaga do vírus agrava ainda mais a situação. Certamente será uma recuperação lenta, pelo que poderemos ver um fluxo de passageiros reduzido até ao final do ano. O jovens-adultos serão os primeiros a voltar a viajar, tendo em conta que a faixa etária mais velha corre um risco substancialmente maior quando infetada pela Covid-19. É expectável que, depois de ultrapassada esta crise, ocorra um “boom” de passageiros. Vários estudos mostraram que grande parte das pessoas pretende viajar quando for possível e seguro. Contudo, o caminho é longo e duro e algumas companhias aéreas podem não aguentar até lá. Várias empresas já pediram ajuda, como a alemã Lufthansa, que se encontrava num estado crítico. Esta irá receber uma injeção de seis mil milhões de euros por parte do Governo alemão. Também a companhia de bandeira portuguesa, TAP se encontra numa situação delicada. Depois de ter colocado 90% dos empregados em “lay-off”, a companhia aérea encontra-se de mãos atadas, depois ter perdido dois milhões de passageiros entre março e abril. Depois de o Supremo Tribunal Administrativo ter aprovado a injeção de dinheiro, a TAP tem algum espaço para respirar. Os problemas continuam longe de estar acabados e até ao final do ano penso que não veremos uma recuperação significativa por parte da companhia portuguesa.
De acordo com alguns estudos mais recentes, deverá demorar pelo menos três anos até que o tráfego aéreo volte à normalidade antes da Covid-19. Ora, isto implica que as companhias aéreas se adaptem aos próximos tempos, que serão certamente diferentes do habitual. Outro grande problema, que tem causado algum distúrbio, tem sido o reembolso de bilhetes. Naturalmente as companhias farão os possíveis para que os passageiros remarquem os voos, para que dessa forma possam garantir clientes nos próximos tempos.
A pandemia do novo coronavírus veio alterar a forma de trabalhar de praticamente todos os setores. O teletrabalho mostrou ser eficaz e, em alguns casos, mais rentável do que o próprio trabalho de escritório. Isto pode significar que algumas deslocações por parte dos trabalhadores poderão ser evitadas, quando a presença da pessoa não é necessária.
O tema acerca da recuperação das companhias aéreas tem opiniões bastante divididas, em que alguns acreditam que o fluxo de passageiros nunca voltará a ser o que era. Isto implicaria uma diminuição permanente de trabalhadores nesta área. Na minha opinião, penso que teremos uma recuperação especialmente lenta neste setor. Até à existência de uma vacina, pouco veremos. No entanto, o problema será ultrapassado e, a longo prazo, tudo voltará à normalidade.

Susana Almeida, 02/07/2020
Partilhar
Comentários 0