“O futuro apresenta novos desafios para a Gebalis e o coliving e cohousing são novas formas de habitar que iremos explorar”;

Pedro Pinto de Jesus, presidente da Gebalis, EM
“O futuro apresenta novos desafios para a Gebalis e o coliving e cohousing são novas formas de habitar que iremos explorar”
A celebrar 25 anos, a Gebalis olha para o futuro e para os desafios das novas formas de habitar e, por isso, passou a integrar o Housing Europe, plataforma de inovação e partilha de experiências com entidades congéneres europeias.
A par da exigente manutenção e conservação de todo este património, a Gebalis tem apostado, desde 2015 e até 2022, na requalificação de 30 bairros municipais, através do programa Aqui há Mais Bairro, um investimento ímpar do município de Lisboa, no valor de cerca de 52,5 milhões de euros, destaca em entrevista Pedro Pinto de Jesus.
 
Que iniciativas está a desenvolver a Gebalis para requalificar os bairros de Lisboa? 
Somos a entidade gestora do parque habitacional público da cidade de Lisboa, o que significa a gestão direta de perto de 23 mil habitações, mais de 3 mil edifícios, mais de mil espaços comerciais (não habitacionais), praticamente 1200 elevadores e plataformas elevatórias. Um universo com uma população de aproximadamente 64 mil pessoas, em 66 bairros municipais, em Lisboa. A par da exigente manutenção e conservação de todo este património, temos apostado, desde 2015 e até 2022, na requalificação de 30 bairros municipais, através do programa Aqui há Mais Bairro, um investimento ímpar do município de Lisboa, no valor de cerca de 52,5 milhões de euros. 
 
Em que consiste esta operação e em que fase se encontra?
Trata-se de obras profundas nos edifícios, podendo contemplar a totalidade ou parte das seguintes ações: substituição integral das coberturas dos prédios; substituição integral do revestimento exterior das fachadas e aplicação de revestimento com isolamento térmico; substituição das janelas das frações por vidro duplo com corte térmico, promovendo melhoria nas condições térmicas e isolamento de ruído; intervenção nas instalações e na rede de águas pluviais  e instalações elétricas das zonas comuns dos prédios; intervenção na rede de gás, de telecomunicações e abastecimento de águas e águas residuais. intervenção nos espaços comuns com substituição de caixas de correio; reparação de estendais; substituição de portas de lotes. Na totalidade, esta operação beneficiará 9439 frações e perto de 26 429 pessoas. Neste momento temos um total de 139 edifícios com obra concluída, de volumetria diversa - entre os 3 e os 8 pisos – em 12 bairros. Em curso estão seis frentes de obra, algumas delas já perto de terminarem, em 112 edifícios.
 
De que forma é que a Gebalis está a promover a qualidade de vida e o desenvolvimento sustentável nestes bairros? 
Através de uma política de gestão integrada – social, patrimonial e financeira –, da proximidade e do valor fundamental da empresa, a orientação para os moradores. Uma eficiente e eficaz gestão do arrendamento através do reforço da presença nos territórios, bem como a promoção da participação e responsabilização dos residentes e dos atores institucionais, no desenvolvimento de ações que contribuam para a melhoria da qualidade de vida dos espaços de habitar e, consequentemente, para o desenvolvimento social e urbano de Lisboa.
 
Quais são os principais eixos de atuação?
Destacaria como fatores de sucesso os três grandes eixos de atuação: a promoção da vida coletiva e melhoria dos níveis de participação e corresponsabilização dos residentes e parceiros; a melhoria da imagem pública dos bairros e das condições de apropriação do património; a conservação, requalificação e inovação. Três eixos concretizados pelos dez gabinetes Gebalis, presentes no território, constituídos por equipas multidisciplinares e também aportando centralidade ao atendimento ao público, estando ainda presentes em duas Lojas do Cidadão, em Lisboa. Esta proximidade é, sem dúvida, uma grande vantagem competitiva em matéria de gestão.
 
Quais os projetos que se destacam?
Para além das atividades “core” de gestão, desenvolvemos iniciativas inovadoras, em diversas áreas e de elevado impacto, como o programa Lotes ComVida, uma abordagem integrada de governação, com os residentes, na organização do seu lote; a aplicação da metodologia Nudge em duas grandes áreas: alteração comportamental ao nível da utilização dos elevadores e no cumprimento regular do pagamento das rendas; o Community Champions League, uma parceria com a Fundação Benfica e 12 juntas de freguesia, desenvolvendo um projeto comunitário, em que o jogo não está limitado ao campo de futebol mas, sobretudo, à pontuação obtida pelas ações comunitárias realizadas pelas equipas, contribuindo estas para os resultados desportivos; o projeto Radar da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa – formalizámos a adesão a este programa que visa identificar a população lisboeta com + de 65 anos, as suas necessidades e expectativas, criando respostas individualizadas. Juntámo-nos ao projeto Radar em março, já em plena pandemia e em apenas 15 dias as nossas equipas contactaram 5 mil idosos e sinalizaram 143 casos de vulnerabilidade social grave, fazendo o seu encaminhamento e monitorização.
 
De que forma a Gebalis conseguiu implantar o programa LIFE nos bairros de habitação social de Lisboa? 
O programa LIFE é um reflexo do percurso habitual da empresa: diagnostica uma necessidade, procura soluções inovadoras, recorre ao seu ativo mais valioso, o know-how técnico das equipas Gebalis, testa soluções, implementa e monitoriza.
Lançado em 2010, incorpora princípios de inovação na requalificação de habitações. Testa novas soluções, económicas e funcionalmente eficientes. Ao mesmo tempo, responde a uma lacuna na indústria da construção de casas para uso universal: adapta-as a qualquer realidade concreta e às necessidades especiais dos moradores com deficiências profundas.
As habitações LIFE apostam no recurso as novas tecnologias, nomeadamente a domótica, com operacionalidade dos equipamentos via wireless e a chamada ‘Internet of things’. As casas são equipadas com as mais recentes soluções tecnológicas, algumas das quais inovadoras, como as cozinhas dinâmicas, instalações sanitárias isentas de qualquer barreira de mobilidade, zona de duche na laje, recurso a automatizações diversas, domótica, sensores de movimento térmicos, estores elétricos, revestimentos acústicos e térmicos.
O LIFE envolve uma equipa abrangente e multidisciplinar, que avalia os condicionalismos físicos e sociais dos moradores, concebendo soluções ao nível da arquitetura e engenharia para adaptar cada casa às necessidades dos seus utilizadores.
Encerraremos 2020 com um total de 16 casas, desde o início do programa LIFE. A partir de 2021 reforçaremos os objetivos e incorporaremos no conceito de habitação universal o tema da saúde mental. 
 
De que forma estão a desenvolver os novos formatos de habitação, como o “coliving” e o “cohousing”?
Neste âmbito, o balanço que fazemos da nossa participação no processo de realojamento de parte da população idosa de uma zona do bairro Padre Cruz, em Carnide, nas residências assistidas da Santa Casa da Misericórdia no mesmo bairro, é muito positiva. É um edifício construído pela Câmara Municipal de Lisboa (CML), de raiz, para o fim a que se destina e apresenta excelentes condições que permitem aos residentes preservarem a sua privacidade e independência num ambiente protegido.
Foi dada aos moradores a possibilidade de serem transferidos para frações municipais, uma vez que as suas casas iam ser demolidas, contudo muitos deles acabaram por optar pela permanência na residência assistida podendo beneficiar de serviços complementares como refeitório, limpeza, lavandaria e atividades físicas, com um custo adequado aos seus rendimentos, em alternativa ao isolamento. 
O futuro apresenta-nos novos desafios e estas são certamente novas formas de habitar que iremos explorar. Para tal consideramos essencial a nossa recém integração no Housing Europe, plataforma através da qual acompanhamos a inovação através da partilha de experiências com entidades congéneres europeias.
 
Tendo em conta a atual situação de pandemia e o agravar da situação económica das famílias, como é feita a gestão dos arrendamentos nos bairros de Lisboa? 
A gestão dos arrendamentos é mantida pela proximidade condicionada às medidas sanitárias em vigor, mas reforçada pelos contactos telefónicos frequentes e o uso de canais alternativos de comunicação. O acompanhamento às situações de vulnerabilidade social manteve-se em articulação com a Rede Social de Lisboa. Do ponto de vista económico, foram aprovadas pela CML medidas extraordinárias de apoio às famílias, às empresas e ao emprego e aplicadas pela Gebalis, como sejam: a concessão de moratória de 18 meses, para o pagamento das rendas dos meses de abril, maio e junho em todos os fogos municipais, e isenção integral do pagamento das rendas dos meses de abril, maio e junho dos estabelecimentos comerciais e das instituições de âmbito social, cultural, desportivo e recreativo instalados em bairros municipais. Esta medida foi aplicada pela Gebalis a 695 estabelecimentos comerciais e instituições.




Gebalis comemora o 25º aniversário 
com eventos adaptados 
à nova realidade
 
É um momento que se reveste de grande significado para toda a equipa Gebalis. Até outubro de 2021 decorrerão diversos momentos que assinalam esta data e que a empresa teve de adaptar à nova realidade.
Já em 18 de novembro, decorrerá em formato streaming a Conferência Internacional “Habitar o Futuro”, potencializando aprendizagens do passado, analisando o presente, perspetivando e elaborando recomendações para o futuro, com convidados especialistas em habitação e sociologia urbana, académicos e convidados, tanto nacionais como internacionais.
Está ainda agendada uma exposição fotográfica virtual, com imagens do quotidiano dos bairros, a edição de uma publicação sobre a empresa, o lançamento de uma call aos centros de investigação nacionais para a elaboração de um estudo de satisfação residencial para além das iniciativas. 
Salientar também a celebração interna, em torno do alicerce destas conquistas ao longo de 25 anos, com os mais de 200 trabalhadores da empresa.

 


Susana Almeida, 20/11/2020
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