“O maior impacto na arquitetura serão as mudanças de paradigma sobre como pensamos a nossa casa, escritórios e cidades”;

Mariana Morgado Pedroso, diretora-geral do AYH destaca
“O maior impacto na arquitetura serão as mudanças de paradigma sobre como pensamos a nossa casa, escritórios e cidades”
A pandemia está a acarretar mudanças significativas sobre a nossa vida e sobre a forma como vemos as coisas. Em entrevista, Mariana Morgado Pedroso, da Architect Your Home Portugal (AYH), destaca que o maior impacto na arquitetura serão as mudanças de paradigma sobre como pensamos a nossa casa, escritórios e cidades – a possibilidade do teletrabalho, da não-necessidade de mega- escritórios –, com isso será necessário pensar em como o espaço residencial se pode adaptar ao uso simultâneo das várias pessoas. 
 
Qual o balanço que o Architect Your Home Portugal faz da presença no SIL?
A presença no SIL foi francamente positiva. Começámos a nossa presença no SIL em 2013 – é muito importante divulgar ao público a nossa equipa. Este ano, com a pandemia, a organização do SIL fez um esforço admirável para proporcionar a todos uma feira segura para potenciar negócios e contactos, todo o espaço foi adaptado aos novos tempos.  A participação no SIL 2020 foi uma decisão tomada com ponderação, tendo em conta a situação atual, mas foi uma boa aposta.
 
Quais os projetos do gabinete que suscitaram mais curiosidade e interesse por parte dos visitantes?
Este ano, fizemos uma exposição retrospetiva dos trabalhos já efetuados até hoje, de forma a que os visitantes pudessem andar pelo stand livremente, sem necessidade de haver um espaço de permanência. Acima de tudo, os desenhos ‘à mão levantada’ são sempre os que suscitam mais curiosidade! O interesse reside sobretudo na reabilitação, nos exemplos do antes-depois que acabam por ser algo com que todos nos relacionamos. Este formato permitiu que todos se sentissem confortáveis e que as consultorias habituais da feira fossem feitas de forma mais curta, sem nos sentarmos na habitual mesa para desenharmos, garantindo assim a segurança de todos e adaptando para consultorias que podem ter seguimento on-line.
 
A equipa da AYH está preparada para dar dicas sobre como melhorar a casa no tempo de pandemia?
Marcámos várias consultorias decorrentes da feira, e temos estado a dar conselhos e dicas sobre como adaptar a sua casa no contexto atual, no nosso blog, no site e em vários meios de comunicação já há vários meses. 
 
O que é que os clientes pretendem saber? 
Os clientes procuram conselhos sobre como adaptar a casa à nova circunstância do teletrabalho, como melhorar o espaço social para que a família tenha várias áreas de convívio, soluções para arrumação, bem como remodelações totais ou parciais das casas – o facto de termos estado em casa este tempo da pandemia fez muitos clientes pensarem em melhorar a sua casa e nós temos uma equipa de arquitetos e decoradores no Architect Your Home que já há vários anos que se dedicam precisamente ao tema da casa, da área residencial, temos as expertises aliadas à nossa plataforma de serviços que permite ao cliente ter tudo na ponta do dedo, com acesso digital aos serviços prestados, pagamentos e desenhos. A equipa AYH estava preparada para uma era digital de serviços de apoio na melhoria das casas, quer fosse relacionada com a melhoria da habitabilidade e funcionalidade, quer fosse apenas uma melhoria estética, de “mudança de ares”, para inspirar os nossos clientes para os tempos que aí vêm.
 
Quais os principais projetos que estão a ser elaborados pela equipa?
Neste momento estamos sobretudo a desenvolver projetos na área residencial: a recuperação de um edifício junto ao mar na marginal de Oeiras, o Riverine; várias moradias particulares nas zonas de Cascais, Lisboa e Belas. No Algarve estamos a trabalhar em Tavira, Vilamoura e Albufeira. Também estamos a terminar um projeto maior de um conjunto de edifícios novos inseridos num novo bairro que está a surgir junto ao Rio Tejo, na zona de Santa Iria. Mas também temos em curso projetos de outra natureza, comercial e industrial. E no Alentejo estamos a projetar uma adega na zona de Portalegre. 
No atual momento de pandemia, qual é o comportamento dos clientes?
Este é um momento deveras invulgar, no caso dos grandes projetos, uma vez que o horizonte temporal deste tipo de projetos é maior, de 2 a 3 anos em média, não faz sentido parar os mesmos e têm continuado de forma idêntica. Em iniciativas particulares não tem havido uma consistência na forma como os projetos têm sido desenvolvidos, alguns clientes adiaram o avançar, mas a maioria continuou e até têm alguma pressa em ver as casas renovadas. Esse é um dos aspetos que mais nos preocupam, os projetos podem ser desenvolvidos, mas temos sentido quebras nos fornecimentos de materiais e mobiliário, o que é normal, dada a conjetura mundial, por isso é preciso que todos tenhamos a compreensão que os prazos são muitas vezes alterados em função de imponderáveis durante a obra ou montagem de uma decoração. 
 
Qual o impacto que a pandemia poderá vir a ter na construção e no imobiliário e as consequências para a arquitetura?
Relativamente ao setor do imobiliário, já se estão a sentir as consequências da pandemia, estimando-se quebras nos preços no final do ano; contudo, na área da construção, tem-se mantido a atividade e continuará assim ao longo do próximo ano devido a projetos que estão neste momento em construção. 
O maior impacto na arquitetura serão as mudanças de paradigma sobre como pensamos a nossa casa, escritórios e cidades – a possibilidade do teletrabalho, da não-necessidade de mega-escritórios, com isso será necessário pensar em como o espaço residencial se pode adaptar ao uso simultâneo das várias pessoas que constituem a família em horário laboral e escolar, permitindo funcionalidade e privacidade para que todos possam utilizar a casa da melhor forma. Este é o grande desafio das nossas novas casas e da arquitetura.



 
ELISABETE SOARES elisabetesoares@vidaeconomica.pt, 20/11/2020
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