“Acreditamos fortemente nos veículos 100% elétricos” ;

Susanne Hägglund, “Managing Director” da Volvo Car Portugal, afirma
“Acreditamos fortemente nos veículos 100% elétricos”
“Acreditamos fortemente nos veículos 100% elétricos porque esta é a alternativa que nos permitirá alcançar, rapidamente, os nossos objetivos climáticos – afirma Susanne Hägglund, Managing Director da Volvo Car Portugal.
“Sabemos que somos parte do problema e queremos ser parte da solução, que passa por ser um líder em mobilidade sem emissões de carbono”, acrescenta.
“Em Portugal, pretendemos estar no top 3 no segmento de veículos elétricos Premium”, conclui.
Vida Económica - A Volvo sempre se posicionou pela segurança ao longo da sua vida. Nesta nova era da eletrificação a marca adiciona a esse ADN o respeito pelo ambiente. Quais são as matrizes atuais pela qual a marca se vai reger até 2050?
Susanne Hägglund -
Desde 1924 que somos uma marca que sempre teve um posicionamento orientado para as pessoas e para a segurança. Por esse motivo, e dado que as questões ambientais estão a ameaçar a vida humana, acelerámos ainda mais os nossos compromissos para com a sustentabilidade, colocando-os ao mesmo nível do nosso compromisso histórico para com a segurança.
Essencialmente, os compromissos e ações da Volvo a nível da sustentabilidade assentam em três pilares: ação climática (climaticamente neutros até 2040); economia circular (totalmente circulares em 2040); condução do negócio de forma ética e responsável (campo onde pretendemos ser um líder reconhecido).
Para cada um destes três pilares, temos inúmeras ações a decorrer.

VE - A Europa e Portugal estão bastante recetivos ao automóvel elétrico. De que modo a Volvo pretende posicionar-se como player de mercado e qual a quota de mercado que procura atingir até 2024?
SH -
Acreditamos fortemente nos veículos 100% elétricos porque esta é a alternativa que nos permitirá alcançar, rapidamente, os nossos objetivos climáticos. Sabemos que somos parte do problema e queremos ser parte da solução, que passa por ser um líder em mobilidade sem emissões de carbono. Sabemos que esta alternativa é muito significativa para os nossos clientes e que o potencial é grande. Na verdade, o segmento dos automóveis elétricos é o que apresenta um crescimento mais rápido, tanto a nível nacional como mundial. Cada novo modelo que lançarmos, nos próximos anos, será 100% elétrico. E estamos plenamente confiantes nesta estratégia, uma vez que, neste momento, as vendas da nossa gama Recharge em Portugal (híbridos plug in + 100% elétricos) já correspondem a cerca de 85% do nosso total de vendas – um “mix” de vendas acima da média europeia e global, sendo apenas suplantada pelos países onde a mobilidade 100% elétrica é já uma realidade (por exemplo, a Noruega). Em Portugal, pretendemos estar no top 3 no segmento de veículos elétricos premium e ao ver o mercado responder tão bem às nossas ofertas, acreditamos que poderemos mesmo concretizar esta nossa pretensão.

Volvo no top 3 das marcas premium em Portugal
VE - Qual o maior desafio que a Volvo enfrenta em Portugal para poder ser um dos players principais do mercado?
SH -
A Volvo Cars é já um dos principais players em Portugal, nomeadamente no segmento Premium. Somos a 3ª maior marca em termos de vendas, e temos registado índices de procura e compra de automóveis muito significativos. O nosso “orderbook” nunca foi tão elevado, o que infelizmente também traz desafios nestes tempos de escassez de componentes e prazos de entrega mais alargados. Em conjunto com a nossa importante rede de concessionários, temos vindo a construir uma marca sólida no país ao longo dos anos, com um crescimento gradual e sustentado, solidificando a Volvo no top 3 das marcas premium em Portugal.

VE - Além da eletrificação, que outras tendências estão no foco do desenvolvimento da marca para o futuro?  
SH -
Essencialmente, os grandes objetivos da Volvo Cars estão assentes na eletrificação, sustentabilidade e preocupação com as pessoas. No que respeita à eletrificação, até 2030 todos os nossos automóveis serão 100% elétricos. Na sustentabilidade, seremos neutros climaticamente até 2040 e, em relação às pessoas, ambicionamos ser “employer of choice” a meio da década.
Para além disso, liderar a mudança tecnológica é essencial para cumprir o nosso objetivo, que inclui desde as características e funcionalidades do automóvel até à experiência digital para os clientes e os canais de venda e pontos de contacto.
Em última análise, o nosso objetivo é estar à altura do nosso propósito: dar às pessoas a liberdade de se moverem de uma forma pessoal, sustentável e segura.

Convergência maior em termos de preços
VE - Como se procura fidelizar hoje o novo consumidor de automóvel elétrico?
SH -
Acima de tudo, transmitindo-lhe confiança e tranquilidade. Ter um automóvel elétrico não é difícil nem complicado, é a evolução natural face aos automóveis de combustão interna. É urgente combater a ansiedade e os receios naturais sempre que existe um processo transformativo – de ficar sem bateria, não ter onde carregar o automóvel, a depreciação do mesmo, se é adequado à vida e necessidades de mobilidade de cada um, entre tantas outras questões.
E isso faz-se com confiança e informação. Felizmente, para muitos, ter um automóvel 100% elétrico já é perfeitamente natural e exequível, e, muito em breve, as poucas barreiras que ainda existem dissipar-se-ão.

VE - Qual a autonomia previsível que teremos no futuro? E o custo do elétrico será substancialmente inferior ao do motor a combustão?
SH -
Sim. Prevê-se uma convergência maior em termos de preços, devido a vários fatores, como a obtenção de matéria-prima, economias de escala na produção, e maior eficiência do próprio processo produtivo. Prevê-se a paridade já em 2025. Em relação à autonomia, a Volvo já anunciou que os seus futuros automóveis elétricos terão 1000 km de autonomia total, carregando em metade do tempo atualmente necessário.

VE - Como veem o futuro do carro elétrico daqui a 10 anos?
SH -
Nos próximos 10 anos estaremos concentrados na redução de CO2 com base na nossa transformação para veículos eletrificados – a mesma faz parte de uma das nossas três promessas de sustentabilidade, conforme já referi anteriormente – a “ação climática”.
Mas existem outras formas de reduzir o CO2 para além das emissões de escape.
Um exemplo. Temos, há já alguns anos, a nossa própria empresa de partilha de automóveis, a “M”, que tem como objetivo proporcionar a mobilidade urbana sustentável.
Para além disso, exploramos localmente diferentes soluções de mobilidade, nos EUA e em Itália.
Gostaria de testar algo semelhante aqui, porque penso que é uma componente muito importante para alcançar a nossa promessa de sustentabilidade e também para transformar a indústria.
Sabemos que os automóveis circulam, em média, com apenas um passageiro – especialmente durante as horas de ponta/engarrafamentos – e que o automóvel só é utilizado em 3% da sua capacidade total (fica parado horas, dias, meses, anos ao longo da sua vida útil).
O meu objetivo é encontrar um modelo de negócio onde: mudemos os nossos hábitos de utilização do automóvel e ofereçamos soluções de partilha / mobilidade como complemento à nossa oferta atual; façamos algo extraordinário para reduzir o impacto climático negativo da nossa indústria; asseguremos a rentabilidade da nossa empresa. Se tivéssemos um número suficiente de clientes que aderissem a uma solução destas, já seria um excelente começo.
Seria algo muito interessante para colocar em prática num país que é naturalmente um bom balão de ensaio a muitos outros níveis.
Tenho a certeza de que, em conjunto com os nossos parceiros, concessionários e clientes, daqui a 10 anos, estaremos bem encaminhados em direção ao futuro e na ambição de sermos climaticamente neutros. O futuro, novamente, é elétrico!
JORGE KM FARROMBA (https://pt.linkedin.com/in/jorgefarromba Jorgefarromba@gmail.com), 22/09/2022
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