Oferta pública está longe de responder às necessidades de habitação;

Sérgio Humberto, presidente da Câmara Municipal da Trofa, afirma
Oferta pública está longe de responder às necessidades de habitação
“A modalidade de alojamento local (AL) tem assumido um papel expressivo a nível turístico, no concelho da Trofa”, afirma Sergio Humberto
“A oferta pública, a nível global, está longe de responder às necessidades de habitação da população portuguesa, e o parque público existente, precisa de intervenções em matéria de reabilitação e eficiência energética”- afirma à “Vida Económica” Sérgio Humberto, presidente da Câmara Municipal da Trofa.
O alojamento local, no últimos anos, aumentou cerca de 275% no número de unidades.

Vida Económica – Quais são as prioridades da Câmara Municipal da Trofa em termos de política de habitação?
Sérgio Humberto -
As nossas prioridades são sempre as pessoas e a salvaguarda da qualidade de vida e do bem-estar dos nossos munícipes, principalmente dos que mais precisam.  
A nossa Câmara Municipal elaborou a Estratégia Local de Habitação para responder adequadamente aos requisitos e aos desafios que se colocam no âmbito da “Nova Geração de Políticas de Habitação”, assim como da nova Lei de Bases de Habitação, tendo como premissa principal dimensionar o problema do acesso à habitação dos mais carenciados. A verdade é que a oferta pública, a nível global, está longe de responder às necessidades de habitação da população portuguesa, e o parque público existente, precisa de intervenções em matéria de reabilitação e eficiência energética.
Estabelecemos como prioridades e objetivos estratégicos, assegurar que todas as famílias tenham acesso a uma habitação condigna. Em paralelo, estamos a privilegiar as intervenções de reabilitação do nosso edificado habitacional municipal para tornar a reabilitação urbana a principal forma de intervenção ao nível do edificado, quer na ação municipal, quer na ação privada.

VE – Como se resolve a falta de oferta de arrendamento?
SH -
Constatando também, a falta de habitações para alugar, temos previsto, ações sistemáticas para fomentar uma alternativa efetiva à compra de habitação, através do desenvolvimento de novas formas de habitação acessível, em particular o arrendamento, principalmente dirigido aos mais jovens. Estas ações vão incluir o desenvolvimento de novas dinâmicas de investimento no mercado de arrendamento.
Objetivamente, um dos resultados destas políticas inovadoras será também qualificar a malha urbana e potenciar a sustentabilidade territorial e o bem-estar social e desenvolver um modelo de gestão habitacional inteligente e próximo dos cidadãos.

VE – Tendo em conta que o PRR é uma fonte de financiamento para o investimento público em habitação que impacto irá ter na Trofa?
SH -
O impacto que esperamos é obviamente benéfico e decisivo para o futuro do nosso território, não resolverá a 100% as necessidades existentes, que também vão crescendo, pois queremos que novas famílias se fixem no concelho e queremos também que a dinâmica habitacional impulsione a economia local e fixe igualmente os mais jovens.
Neste momento, o investimento total previsto para o concelho ronda os 11,9 milhões de euros, com financiamento previsto do PRR a 100%.

VE – Que importância têm as ARU
SH -
As Áreas de Reabilitação Urbana (ARU) desempenham um papel fundamental no desenvolvimento dos territórios, oferecendo uma série de incentivos fiscais que estimulam a reabilitação e revitalização de áreas urbanas degradadas. Esses incentivos fiscais são projetados para atrair investimentos e promover a requalificação urbana, beneficiando tanto os moradores locais quanto os investidores.

Unidades de AL aumentam 275%

VE – Que importância tem o alojamento local para o Turismo na Trofa? O AL é estratégico o desenvolvimento da Trofa?
SH -
A modalidade de alojamento local (AL) tem assumido um papel expressivo a nível turístico, no concelho da Trofa, tendo sido marcado, nestes últimos anos, por um aumento de cerca de 275% no número de unidades, que surgiram com diferentes tipologias.
Esta realidade deve-se ao facto do nosso território beneficiar de uma localização geográfica privilegiada, quer com o Aeroporto Francisco Sá Carneiro, a principal porta de entrada de turistas, no Norte de Portugal, a aproximadamente 20 km, quer com as principais vias rodoviárias e ferroviárias do país.
Para além disso, as companhias aéreas de baixo custo, que detêm um peso significativo do tráfego aéreo e os fluxos turísticos que daí advêm, têm aumentado a procura por alojamentos consonantes com o poder de compra dos turistas que viajam em low cost.
Tudo isto converge num único sentido, justificando o aumento significativo das unidades de alojamento local na Trofa, que ocupam assim uma posição de extrema importância, pois oferecem um tipo de serviço mais próximo das necessidades dos turistas, atraindo-os para a cidade através da oferta de alternativas mais acessíveis e menos formais do que os hotéis tradicionais. Contribui igualmente para o desenvolvimento da economia local, gera rendimentos para os proprietários dos imóveis e para os prestadores de serviços, como por exemplo os serviços de limpeza e manutenção e cria oportunidades de emprego. Promove ainda a interação entre residentes e turistas o que pode contribuir para o enriquecimento cultural da cidade.

VE – Que medidas tem implementado a Câmara da Trofa para dinamizar o investimento no município?
SH -
Como afirmamos muitas vezes, a Trofa é um Concelho de Empresas e é assim que nos projetamos a nível regional, nacional e internacional, por isso, são inúmeras as iniciativas que temos desenvolvido com o objetivo de dinamizar o investimento no Município.
Uma dessas medidas tem sido o investimento na melhoria das nossas infraestruturas locais, nomeadamente das zonas industriais, mas incluindo também a renovação e reestruturação da rede viária.
Temos igualmente incentivos fiscais, designadamente nas ARU’ e apostamos no fomento do empreendedorismo local
Outra das nossas preocupações foi a simplificação de processos burocráticos para agilizar e simplificar os processos administrativos, reduzindo o tempo de espera e os custos associados, designadamente através do nosso ViAzul Simplifica.
Por fim, apostamos também na angariação de novos investidores e na promoção do nosso património material e imaterial, destacando as nossas atrações e ações culturais, desportivas e empresariais para atrair visitantes e investidores, e temos diligenciado junto de instituições, universidades e escolas profissionais, o desenvolvimento de cursos que atendam às necessidades da indústria local e atraiam mão de obra qualificada para a região.

25/05/2023
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