Mangualde vai receber investimentos superiores a 300 milhões de euros
O projeto da Stellantis apoiado pelas Agendas Mobilizadoras e a requalificação da Linha da Beira Alta vão envolver um investimento de 800 milhões de euros em Mangualde – refere Marco Almeida. Em entrevista à “Vida Económica”, o presidente da Câmara de Mangualde destaca o papel da fábrica da Stellantis na criação de emprego e vocação exportadora no concelho.
Para Marco Almeida, o PRR e o Portugal 2030 vão impulsionar o investimento público e privado em Mangualde. A estratégia da autarquia aposta na criação de emprego qualificado e na atração de residentes. Mangualde integra o projeto “Residents of the future”, que pretende atrair e fixar população em cidades de pequena dimensão.
Para Marco Almeida, o PRR e o Portugal 2030 vão impulsionar o investimento público e privado em Mangualde. A estratégia da autarquia aposta na criação de emprego qualificado e na atração de residentes. Mangualde integra o projeto “Residents of the future”, que pretende atrair e fixar população em cidades de pequena dimensão.
VE - Qual é o impacto da atividade industrial da Stellantis em Mangualde?
Marco Almeida - A Stellantis (ex PSA Peugeot-Citröen) que, no ano passado, celebrou o 60º aniversário, tem um papel fundamental na economia e no desenvolvimento do concelho, sendo a maior empregadora, com cerca de 900 trabalhadores. O impacto desta indústria é tão forte que tem atraído a instalação de muitas outras empresas ligadas ao setor automóvel, que a fornecem e, consequentemente, geram mais emprego. Também é graças à sua forte e sólida presença que existem no concelho 46 empresas de logística, uma delas detentora de mais de mil camiões.
A Stellantis é um exemplo de sucesso e resiliência, com a qual mantemos uma excelente relação. O município tem muito orgulho em tê-la connosco e estou convicto de que será sempre uma parceira estratégica.
VE - Existem condições favoráveis ao aumento do investimento público e privado?
MA - Existem todas as condições. A título de exemplo, ao nível de investimento privado, no âmbito das Agendas Mobilizadoras, está previsto um forte investimento de cerca de 300 milhões de euros no setor automóvel e energético, gerador de mais emprego e que nos vai afirmar no contexto nacional.
Ao nível do investimento público, não nos podemos esquecer da requalificação na linha ferroviária da Beira Alta, que é um investimento de mais de 500 milhões de euros. Com esta modernização vamos duplicar a nossa capacidade de transporte de mercadorias, dotando a via-férrea de maior capacidade operacional e melhores condições de segurança e circulação.
VE - Espera um contributo positivo do PRR e do Portugal 2030 em termos de projetos estratégicos e a longo prazo?
MA - Sim, no âmbito do PRR (Plano de Resiliência e Recuperação), somos um dos 95 concelhos que tem aprovada uma candidatura, no âmbito dos bairros comerciais digitais, para modernizar o comércio local, cujo investimento ronda os 650 mil euros.
Na área da habitação social, temos já aprovada duas candidaturas superiores a três milhões de euros para reabilitarmos o bairro municipal e uma casa para alojamento urgente e temporário. Está também garantido financiamento para requalificarmos o centro de saúde.
Tencionamos também preparar a nossa futura zona industrial. Somos atravessados pela auto estrada A25, que constitui uma enorme vantagem para atrair empresas. Criámos um regulamento de apoio ao investidor que, este mês, vai ser aprovado pela Assembleia Municipal. No concelho temos empresas nos setores da produção têxtil, automóvel, metalomecânica, logística, mas estamos muito focados em diversificar a atividade, o que já estamos a conseguir, nomeadamente na área da produção de calçado.
VE - Tendo em conta o peso da indústria no concelho deve haver um aumento do número de residentes contrariando a perda de habitantes para o litoral?
MA - Diria que a fixação das pessoas é o maior desafio dos territórios de baixa densidade.
Estamos muito atentos ao problema e a trabalhar com outras cidades europeias. Recordo que somos o único município do país que integra o projeto “ Residents of the future” (Residentes do Futuro), que tem como principal foco atrair e fixar população nas cidades de pequena dimensão, através da melhoria da qualidade de vida e da atratividade do concelho. Foi a pensar em quem cá vive, mas também a pensar em quem quer tornar este concelho o seu, que reduzimos o IMI para o valor mínimo de 0,3%.
Criámos um regulamento de apoio ao investimento que prevê benefícios fiscais aos jovens que arrendem casa no concelho e taxas atrativas de licenciamento para a construção. A verdade é que, nos últimos 20 meses, desde que tomámos posse, já licenciámos mais de 150 habitações. Estamos com uma dinâmica de construção nunca vista e acredito que tal se deva também às medidas que temos estado a implementar. Os investidores acreditam, confiam e veem futuro neste concelho.
Também temos sempre presente que um concelho sem educação não terá futuro, pelo que já investimos mais de 1, 5 milhões de euros na primeira fase da requalificação da Escola Secundária Felismina Alcântara.
O território tem de dar respostas àquelas que, atualmente, são as exigências da população: a educação, a habitação, respostas sociais, emprego, entre outros.
VE - Qual é o número estimado de estrangeiros no concelho e as medidas de apoio à integração?
MA - Estimamos que existam cerca de 500 imigrantes no nosso concelho, maioritariamente do Brasil, Bulgária e Ucrânia. Já durante este mandato, inauguramos o Centro Local de Apoio á Integração de Migrantes (CLAIM), que tem a missão de dar todo o tipo de informação e acompanhamento em todo o processo de integração.
Podemos afirmar que temos ótimas respostas sociais.
VE - Na vertente da reabilitação urbana existem oportunidades de investimento apesar de estar prevista a revogação dos benefícios fiscais?
MA - Na cidade já temos a Área de Reabilitação Urbana (ARU) devidamente identificada, de maneira a poder ser alvo de requalificações. No entanto, queremos ir mais além e estamos a trabalhar no sentido de estendermos a ARU às freguesias rurais para que nos seja possível conceder benefícios fiscais a quem as quiser reabilitar.
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