Setor automóvel com diferentes impactos;

Pandemia
Setor automóvel com diferentes impactos
O setor automóvel começou a sentir o impacto do presente surto de Covid-19 no fim da semana passada, de acordo com o presidente da Associação Nacional do Ramo Automóvel (ARAN), Rodrigo Silva. A associação divide o impacto e a necessidade de medidas por cada um dos subsetores que representa: vendas, pós-venda e reboques.

 


“O setor está nos primeiros dias de sentir os reais impactos do Covid-19. Houve uma degradação geral da atividade a partir do final da semana passada, com cancelamentos de revisões marcadas nas oficinas, quebra de visitas de stands e de fechos de negócios”, aponta, em declarações à “Vida Económica”.
“Neste momento, na ARAN estamos a tentar promover com as outras associações uma mensagem que seja transversal ao setor, para se perceber com que medidas se pode mitigar os grandes prejuízos que o setor vai ter, independentemente da duração”, acrescenta.

Logística assegurada

Em termos logísticos, o setor não sente ainda ruturas, de acordo com Rodrigo Silva. “Neste momento, não há problemas, porque os transportes de mercadorias ainda estão a funcionar a 100%. No imediato, pelo menos, nas peças de rotação, não se preveem problemas”.
Nas entregas de automóveis novos, não haverá, à partida, problemas para a encomendas já efetuadas, mas o mesmo pode não ocorrer com veículos encomendados agora. “Para já poucas fábricas anunciaram encerramentos, mas não significa que, em breve, novas encomendas possam não ser produzidas”, aponta.

Concessionários devem ter objetivos revistos

O isolamento social em virtude da crise de Covid-19 afeta o setor automóvel de várias formas, pelo que há vários aspetos consoante a tipologia dos diferentes associados da ARAN, ou seja, vendas, pós-venda e reboques.
No concessionários, Rodrigo Silva realça a necessidade de haver uma pausa naquilo que são os objetivos impostos pelas marcas à rede de retalho. “Há necessidade de haver junto dos importadores e das marcas o bom senso de, neste momento, colocar em modo ‘pause’ todos os sistemas existentes de margens variáveis e de rapel por objetivos, dado que ninguém vai atingi-los. Toda a atividade tem de ser visto com novos olhos e num plano de contingência. Quem assinou um objetivo em janeiro, nunca na vida lhe passaria pela cabeça que, a meio de março, estaria em risco de ter de fechar. Apelamos às marcas que não penalizem as marcas em termos de objetivos, antes de estes poderem ser redefinidos, o que não é, claro, ainda possível”.

Oficinas por marcação

Nas oficinas, o presidente da ARAN realça os bons exemplos de boas-práticas que estão a ser implementados. “Há realidades diferentes e uma coisa são as que recebem 30 clientes por dias e outras as que recebem cinco clientes por dia. Estão a ser ajustados os procedimentos. Algumas oficinas estão a trabalhar à porta fechada, com marcação. O carro entra, há alguma desinfeção, dos pontos do automóvel de maior risco, como a manete das velocidades e o volante. Seria importante também, sempre que possível, haver um piquete nas oficinas, para que os consumidores que tiverem uma avaria no carro não ficarem com dois problemas, além do surto, o de não ter um carro. Mas temos visto algumas boas práticas no setor. Isto, além das funções em que é possível haver teletrabalho, para redução do contacto social”.

“Rebocadores veículos de exceção”

Por fim, os veículos de pronto-socorro , “que são muito importantes”, também vão sofrer consequências. “Vai haver menos carros na estrada, vai haver menos avarias e sinistros, o que é excelente, mas, por outro lado, vão ter menos atividade. Estes profissionais também terão de estar numa categoria à parte, por serem veículos especiais e, independentemente do tipo de restrição à circulação existente, que sejam considerados veículos de exceção, como são os de emergência, os da proteção civil e os da polícia”, destaca Rodrigo Silva. 
Aquiles Pinto, 16/03/2020
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