Vida Económica – A IBM é um gigante da tecnologia. As tecnológicas estão a dar a resposta necessária às exigências do mercado?
Nuno Maximiano - A IBM está a suportar os seus clientes na transformação digital, assente nos princípios da transição para a cloud híbrida e na adoção em escala de processos baseados em inteligência artificial. Estamos convictos, e todos os resultados obtidos até ao momento apontam nesse sentido, de que estas duas tecnologias irão acelerar exponencialmente a transformação em curso e permitirão às empresas atingir novos patamares de produtividade e competitividade. Adicionalmente, a IA e a computação quântica permitir-nos-ão abordar desafios complexos, emergentes e urgentes, como a crise climática, a investigação de medicamentos inovadores ou até o combate às desigualdades e à pobreza.
 
VE – Quais os principais problemas que se colocam à vossa atividade?
NM - Os desafios existentes estão associados aos diferentes níveis de maturidade de adoção tecnológica dos nossos clientes. A transformação em curso tem e continuará a ter um forte impacto na forma como trabalhamos e isso implica pensar novas formas de estruturar o trabalho nas organizações. Para ultrapassar estes desafios, a IBM conta com uma sólida estratégia, assente na cloud híbrida e na inteligência artificial, alicerçada na melhor tecnologia disponível e com uma vasta equipa de profissionais altamente qualificados nas mais diversas áreas, como a consultoria de negócio e processos, ou o profundo conhecimento técnico necessário para gerar o maior valor possível da tecnologia no contexto organizacional.
 
VE – Até que ponto a concorrência se faz sentir?
NM - A natureza concorrencial da área tecnológica é uma mais-valia muito importante do próprio setor, que aliada ao paradigma da inovação aberta, permite contribuir de forma decisiva para o alto nível de inovação que conseguimos trazer diariamente para os nossos clientes. A IBM é uma empresa líder na inovação, que aposta fortemente na investigação e desenvolvimento, contando com 18 laboratórios integralmente dedicados à investigação e desenvolvimento do futuro das tecnologias. Alguns exemplos são a contribuição para o desenvolvimento e adoção da inteligência artificial e da nova computação quântica.
 
VE – O mercado está devidamente regulamentado?
NM - A IBM defende a utilização responsável das tecnologias com potencial mais disruptivo, como a inteligência artificial e a computação quântica. Estamos a colaborar com as principais instituições na definição dos quadros regulatórios, que entendemos serem necessários para essa utilização responsável, mas sem comprometer os ganhos de produtividade e bem-estar para a nossa sociedade, que nos permitirão atingir novos níveis de competitividade e sustentabilidade. Confiamos plenamente na capacidade do sector tecnológico para que, em conjunto com as entidades reguladoras, se mantenha o equilíbrio necessário entre a inovação e a utilização responsável dessas inovações. Por exemplo, estamos ativamente a contribuir para discussão do IA Act da União Europeia e também o AI Bill of Rights promovido pelo governo dos EUA.

Tecnologia de enorme potencial
 
VE – A IA está na ordem do dia. O que pensa a IBM a este propósito?
NM - A IA é uma tecnologia com um enorme potencial, que está a contribuir para resolver alguns dos problemas mais complexos e desenvolver um mundo mais sustentável e equitativo. Neste contexto, por exemplo, está a ajudar a combater as alterações climáticas, a prever e prevenir o impacto da ocorrência de catástrofes naturais, ajudando a proteger as vidas humanas, os ecossistemas e a economia. No ambiente empresarial, a IA irá permitir atingir novos níveis de eficiência e produtividade, trabalhando para aumentar a capacidade humana. A IBM tem-se afirmado como uma das maiores defensoras da utilização responsável da IA e, nesse sentido, tem contribuído de forma inequívoca para que a construção, disseminação e utilização de sistemas baseados em IA, seja regulado com base em critérios como a explicabilidade, a confiança e a robustez dos modelos.
 
VE – Em termos muito concisos, no que consiste a plataforma watsonx?
NM - A plataforma watsonx nasce do trabalho de investigação da IBM que em parceria com as algumas das principais Universidades mundiais e a comunidade Open Source identificaram a necessidade de disponibilizar uma plataforma para treinar e disponibilizar modelos de inteligência artificial em escala, mantendo um nível de governança que assegura a adoção da IA confiável. A IBM acredita que cada organização irá necessitar de adaptar os modelos genéricos de IA à sua realidade específica, contribuindo para a diferenciação e consequente geração de vantagens competitivas únicas. A plataforma é composta por três componentes, totalmente integradas, que contêm o melhor da investigação da IBM e da comunidade Open Source. Por exemplo, a componente watsonx.governance permite auditar os componentes dos modelos de IA executados na plataforma, explicar porque é que os modelos tomaram determinadas decisões e quais os dados utilizados para suportar o resultado obtido. Adicionalmente, inclui um conjunto de capacidades para gerir os riscos associados à utilização destes sistemas autónomos, para que as organizações tenham a confiança necessária de que a IA está a funcionar em conformidade com as normas legais, de segurança e éticas adequadas. A plaforma watsonx foi desenhada de base para suportar a cloud híbrida, sendo possível utilizá-la em qualquer cloud pública, privada ou dentro do centro de dados de cada empresa.

VE – Até que ponto é possível atingir níveis de eficiência?
NM - É importante também reforçar que atualmente vivemos um ponto de inflexão porque, devido às capacidades evidenciadas pelos modelos fundacionais de IA, podemos obter níveis de eficiência e produtividade nunca atingidos na história da humanidade. No entanto, com esta grande oportunidade, advém também grande responsabilidade e, por isso, a IBM está focada na disponibilização de sistemas de IA para as empresas (AI for Business) que requerem todo um conjunto de capacidades, ao nível da confiabilidade e segurança, que são críticos para a adoção em larga escala da IA. Nos próximos anos iremos assistir à massificação da utilização de sistemas baseados em IA e à introdução a nível empresarial, da computação quântica que irá acelerar ainda mais a revolução tecnológica e que nos permitirá ambicionar um mundo melhor.