Inovação estratégica na saúde: equilíbrio de transformação digital e humanidade;

Inovação estratégica na saúde: equilíbrio de transformação digital e humanidade
No setor da saúde e bem-estar, as empresas privadas encaram desafios estratégicos significativos, especialmente na adaptação à transformação digital. A digitalização está a transformar profundamente o setor, abrangendo desde a telemedicina até aplicações de bem-estar e plataformas de gestão de saúde pessoal, à medida que procuram crescimento e desenvolvimento nas suas atividades.
As empresas do setor de saúde precisam adotar tecnologias inovadoras, garantindo a segurança e privacidade dos dados dos pacientes e cumprir com regulamentações em constante mudança. Enfrentam o desafio de controlar custos enquanto oferecem serviços de alta qualidade e precisam responder às crescentes expectativas dos consumidores por serviços personalizados, acessíveis e transparentes.
Manter serviços de alta qualidade é vital para a reputação e sucesso das empresas de saúde, exigindo melhores práticas, formação contínua dos profissionais e sistemas eficientes de gestão da qualidade. Adicionalmente, a adoção de práticas sustentáveis e de responsabilidade social tornou-se um fator diferenciador competitivo, valorizado pelos consumidores e pela sociedade, mais a mais sabendo da recente relevância dos critérios ESG (ambiental, social, governança), os três pilares centrais usados para medir a sustentabilidade e o impacto ético das iniciativas de uma empresa ou negócio.
A constante inovação no setor de saúde requer que as empresas invistam em novas tecnologias e tratamentos, enfrentando desafios financeiros e estratégicos. Formar parcerias estratégicas, incluindo com instituições de pesquisa e “startups”, é essencial para fomentar a inovação aberta, isto é, uma iniciativa colaborativa para a inovação e expansão dos negócios recorrendo a terceiros especialistas. Para navegar com sucesso nesse ambiente, as empresas de saúde e bem-estar precisam desenvolver estratégias dinâmicas e flexíveis, que permitam adaptar-se rapidamente às mudanças do mercado e às necessidades dos consumidores, enquanto se mantêm alinhadas com a legalidade e comprometidas com a prestação de cuidados de alta qualidade.
É neste sentido de modernidade e vanguarda que a transformação digital na saúde está a redefinir o panorama do cuidado médico, com empresas inovadoras a utilizar tecnologias de ponta, como a “machine learning” (aprendizagem automatizada) e a “data analytics” (análise de dados), para oferecer soluções de saúde eficazes e acessíveis. Para ter sucesso, as empresas de saúde devem adotar estratégias flexíveis, ajustando-se rapidamente às mudanças do mercado e necessidades dos consumidores, mantendo-se legais e focadas na qualidade dos cuidados. A transformação digital está a remodelar a saúde, com tecnologias avançadas como a “machine learning” e a “data analytics”, possibilitando soluções de saúde eficazes e acessíveis.
Empresas como a Sword Health, HingeI Health, Cureapp, Omada Health, LivongoI e Peloton Interactive, estão no topo dessa transformação e oferecem soluções que combinam tecnologia avançada com cuidado personalizado. Por exemplo, a portuguesa Sword Health está a revolucionar a reabilitação musculoesquelética através de programas digitais de gestão da dor e reabilitação. Ao combinar tecnologias como sensores de movimento e “coaching” digital, a Sword Health oferece intervenções personalizadas que melhoram os resultados dos pacientes.
A americana de San Francisco, HingeI Health, concentra-se na saúde musculoesquelética e oferece programas digitais para problemas como a dor lombar e a dor no joelho. Esta empresa utiliza tecnologias como sensores de movimento e “coaching” digital, para fornecer intervenções personalizadas que melhoram os resultados dos pacientes.
A Cureapp, baseada em Tóquio, desenvolve aplicativos de saúde mental para ajudar no tratamento da depressão, insónia e tabagismo. As suas aplicações combinam técnicas de terapia cognitivo-comportamental com suporte digital e monitoramento remoto, proporcionando uma abordagem inovadora para o tratamento de condições de saúde mental.
A Omada Health, também de San Francisco, oferece programas digitais de mudança de estilo de vida para prevenir e gerir condições crónicas, como a diabetes tipo 2, hipertensão e saúde mental. Com o “coaching” virtual, monitoramento de dados e comunidades online, a Omada Health apoia os participantes nos seus objetivos de saúde.
A californiana Livongo pertencente ao grupo Teladoc Health, é especializada em saúde digital para pessoas com condições crónicas e oferece soluções de monitoramento remoto e suporte personalizado. Os seus serviços ajudam os pacientes a gerir condições como a diabetes e a hipertensão de forma eficaz, promovendo uma vida saudável e autónoma.
Finalmente, a nova-iorquina Peloton Interactive, embora mais conhecida pelas suas bicicletas de exercício conectadas, também oferece serviços digitais de saúde e “fitness”. Com aulas de exercícios online, treino personalizado e acompanhamento de desempenho, a Peloton Interactive está a redefinir a forma como as pessoas se exercitam e cuidam da sua saúde.
Essas empresas estão na vanguarda da inovação em saúde digital e aproveitam as tecnologias digitais mais avançadas para melhorar os resultados dos pacientes e promover um estilo de vida saudável. Ao integrar aprendizagem automatizada, análise de dados e outras tecnologias inovadoras, estas empresas estão a transformar a forma como pensamos sobre o cuidado médico e inspiram para mudanças positivas na saúde global.
Além disso, as “capacidades dinâmicas” das organizações desempenham um papel estratégico nesse processo de transformação. As empresas de saúde digital precisam de ser ágeis e adaptáveis ​​para inovar continuamente num ambiente tecnológico de rápida mudança onde a inteligência artificial ajuda ainda mais a acelerar este processo. Isso envolve a capacidade de identificar oportunidades, aprender com experiências passadas e reconfigurar recursos e processos internos para dar resposta às exigências do mercado e às necessidades dos pacientes.
A “machine learning” desempenha um papel fundamental nesse cenário e permite que as empresas analisem grandes volumes de dados de forma rápida e eficiente, identificando padrões e “insights” que podem captar decisões estratégicas e aprimorar a prestação de cuidados de saúde. Ao aplicar algoritmos de aprendizagem automatizada a conjuntos de dados clínicos e de pacientes, as empresas podem personalizar tratamentos, prever riscos de saúde e melhorar os resultados dos pacientes de maneira significativa.
Essa combinação de “capacidades dinâmicas” e de “machine learning” permite que as empresas de saúde digital se destaquem num mercado competitivo e respondam às crescentes expectativas dos pacientes por cuidados de saúde acessíveis, eficazes e personalizados. Ao investir nessas áreas, as organizações podem não só sobreviver, mas também prosperar na era da transformação digital na saúde.
À medida que avançamos para uma era de maior automação e conectividade na saúde, é fundamental considerar uma série de questões estratégicas que surgem com essa transformação. Por exemplo, podemos abordar o equilíbrio entre eficiência e humanidade, assegurando que as soluções digitais priorizem o cuidado personalizado e a experiência do paciente. Isso pode ser conseguido através do desenvolvimento de algoritmos e sistemas que, embora automatizados, ainda levam em consideração as necessidades individuais e o contexto clínico de cada paciente.
Além disso, a proteção de dados e privacidade emerge como uma preocupação central. Garantir a segurança e a confidencialidade dos dados dos pacientes requer a implementação de medidas robustas de segurança cibernética, criptografia de dados e práticas de partilha de informações transparentes e éticas.
No que diz respeito à capacitação e treino dos recursos humanos, é essencial investir na formação de profissionais de saúde, para que possam utilizar eficazmente as tecnologias digitais na sua prática clínica. Em relação à equidade no acesso, as empresas de saúde digital podem adotar abordagens inclusivas, como o desenvolvimento de soluções acessíveis em termos de custo e fáceis de usar, para uma ampla gama de pacientes. 
Por fim, em termos de responsabilidade ética, as empresas de saúde digital devem comprometer-se com princípios éticos sólidos, como transparência, equidade e prestação de contas. Isso pode incluir a criação de conselhos consultivos de ética, a realização de avaliações de impacto ético e a implementação de políticas claras de uso responsável de dados.
Gonçalo Coelho de Carvalho - Consultor em Estratégia de Negócios e Doutorado em Gestão Empresarial Aplicada , 27/03/2024
Partilhar
Comentários 0