Banca alarga oferta de crédito à habitação para construir casa;

Indica análise da ComparaJá.pt para a “Vida Económica”
Banca alarga oferta de crédito à habitação para construir casa
A banca está a alargar a oferta de crédito à habitação com destino à construção de casa. Este produto tem algumas diferenças face ao crédito à habitação para a aquisição de imóvel, com destaque para ser libertado por “tranches” e ter período de carência de capital. Deutsche Bank, EuroBic e Montepio dão mais tempo de carência e Abanca e Montepio cobram menos pelas “tranches”, de acordo com a plataforma gratuita de simulação de produtos financeiros ComparaJá.pt, que analisou para a “Vida Económica” a oferta em Portugal.
As instituições financeiras presentes em Portugal estão a alargar a oferta de crédito à habitação com destino à construção de habitação própria e permanente. Trata-se de uma solução que tem características um pouco diferentes do crédito tradicional, indica a plataforma gratuita de simulação de produtos financeiros ComparaJá.pt, que efetuou para a “Vida Económica” uma análise à oferta existente em Portugal.
Entre as principais particularidades deste produto encontra-se o facto de o crédito ser disponibilizado por “tranches” à medida que as obras forem avançando. Para além disso, neste empréstimo é possível beneficiar de um período de carência de capital cujo prazo máximo varia entre os 18 e os 36 meses, dependendo da instituição financeira.
O processo de aprovação de um empréstimo para construção é, comparativamente ao crédito à habitação tradicional, mais moroso, na medida em que é exigida a apresentação de orçamentos detalhados, assim como licenças camarárias, e ainda existe a necessidade de um acompanhamento constante da evolução das obras por parte de um técnico nomeado pelo banco para que as “tranches” possam ser libertadas.

Dois aspetos a ter em conta

Deutsche Bank, EuroBic e Montepio dão mais tempo de carência e Abanca e Montepio cobram menos pelas “tranches” (ver quadro). Conclui-se que, à exceção do BPI – que limita o LTV a 60% do valor máximo entre a avaliação e o valor de aquisição – e do Banco CTT – que não disponibiliza esta finalidade –, a generalidade do mercado apresenta produtos competitivos a nível de spread e de LTV, em linha com as suas ofertas de crédito para aquisição de uma casa pronta a habitar.
De acordo com a análise do ComparaJá.pt, verifica-se que a maioria das instituições limita o período de carência de capital a dois anos, encontrando-se as exceções no Deutsche Bank, no EuroBic e no Montepio, que alargam este período até aos três anos. Já no que toca ao prazo máximo do crédito, apenas o banco espanhol Abanca permite que o reembolso seja feito ao longo de 45 anos, limitando as restantes instituições a 40 anos.
“Regra geral, ao longo do processo de construção são libertadas entre três e seis “tranches”, com um custo médio de 150 euros cada, pelo que os consumidores devem ter em atenção também o custo de libertação de capital por parte dos bancos”, explica José Figueiredo.
“Neste âmbito é importante frisar que as famílias deverão ter algum capital próprio para dar início à obra, pelo menos a cerca de 10% do custo total da construção, pois o montante disponibilizado nas “tranches” é sempre com base na obra já feita”, sublinha o diretor-geral do ComparaJá.pt.
A mesma fonte acrescenta que, “por forma a reduzir os custos com as visitas dos técnicos do banco, as famílias devem ainda fazer um esforço para reduzir o número de vezes que solicita a libertação de ‘tranches’”.

Mais barato, mas mais moroso e com mais risco

“Entre as principais vantagens de se optar pela construção encontram-se a possibilidade de personalizar totalmente a disposição, acabamentos e funcionalidades da casa, a maior flexibilidade na escolha da localização, exceto em grandes meios urbanos, e o facto de ser economicamente mais acessível – caso não haja derrapagens orçamentais – face à compra de casa pronta a habitar”, indica o diretor-geral do ComparaJá.pt, José Figueiredo.
 “Ainda dentro dos prós desta opção, importa referir a maior flexibilidade de alocar o orçamento aos aspetos mais valorizados na casa, a possibilidade de deixar bases já preparadas para, quando um dia mais tarde houver essa necessidade ou capacidade financeira, fazer melhorias no imóvel e também o facto de se usufruir da garantia de construção, por parte do empreiteiro, pelo mínimo de cinco anos”, acrescenta.
José Figueiredo avisa, porém, que há desvantagens em optar por construir de raiz. “O facto de ser um processo mais moroso e exigente em termos de envolvimento e disponibilidade, o risco de derrapagens no orçamento e de atrasos na conclusão da obra, o facto de ser um processo mais burocrático a nível da solicitação de licenças e do cumprimento de outros requisitos legais, para além de que a obtenção de financiamento para construir requer mais burocracia do que uma aquisição tradicional”, avisa o diretor-geral do ComparaJá.pt.


Aquiles Pinto (aquilespinto@vidaeconomica.pt), 30/11/2018
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