BPI e Millennium bcp crescem no crédito às empresas;

Santander e novobanco perdem quota de mercado no financiamento do setor produtivo
BPI e Millennium bcp crescem no crédito às empresas
Quatro maiores bancos privados concedem mais de 60,3 mil milhões de euros às empresas até setembro de 2021.
Nos nove primeiros meses do ano o Santander e o novobanco diminuíram o crédito total às empresas em 0,5% e 1,4%, respetivamente. Por sua vez, o BPI aumentou 5,4% e o Millennium bcp 3,3%. Os dois bancos aumentaram a sua quota de mercado. Pela primeira vez, o BPI ultrapassou o novobanco no volume de crédito concedido.
O crédito às empresas do Millennium bcp, Santander, BPI e novobanco atingia, em setembro deste ano, 60 373 milhões de euros. Em igual período do ano passado o valor era ligeiramente maior: 60 436 milhões de euros.
A maior diminuição foi registada pelo novobanco nas empresas. De facto, as subidas do Millennium bcp (mais 3,3%, para 19 773 milhões de euros) e do BPI (mais 5,4%, para 10 461 milhões de euros) foram insuficientes para compensar as descidas do Santander (menos 0,5%, baixando de 16 543 milhões de euros para 16 461 milhões de euros) e do novobanco (menos 1,4%, descendo de 14 525 milhões de euros para 13 678 milhões de euros).
O Santander justifica aquela baixa “em virtude do decréscimo ocorrido em Grandes Empresas”. A evolução do crédito no novobanco é “influenciada pela continuada estratégia de redução de créditos não produtivos (NPL). No primeiro semestre o Grupo novobanco concretizou a venda de uma carteira de créditos não produtivos e ativos relacionados com um valor bruto de 210,4 milhões de euros”, pode ler-se no relatório e contas referente ao terceiro trimestre de 2021.
O crescimento do BPI e do millennium bcp no crédito às empresas pode ser explicado pela maior rentabilidade, apesar do risco. De acordo com os dados do novobanco, a taxa média de juro no crédito às empresas é 2,34% e no crédito à habitação a taxa média está em 1,04%. Assim, a margem com as empresas é muito superior.

Bancos “injetam” mais de 128 mil milhões na economia

Em termos globais, os quatro maiores bancos privados com atividade em Portugal concederam, durante os primeiros nove meses deste ano, às famílias e às empresas um total de crédito de 128 831 milhões de euros. O maior volume de crédito pertence ao Santander (40 151 milhões de euros), seguido muito de perto pelo Millennium bcp (39 998 milhões de euros). O BPI (24 994 milhões de euros) ultrapassa pela primeira vez o novobanco (23 688 milhões de euros).
Segundo o relatório e contas relativo ao período, apresentado pelo Millennium bcp, “este crescimento foi possível apesar da redução de 771 milhões de euros de NPE, obtida na sequência da bem sucedida estratégia de desinvestimento neste tipo de ativos, levada a cabo pelo Banco nos últimos anos”.
De janeiro a setembro de 2021, o BPI foi o banco que mais aumentou o crédito relativamente a igual período do ano passado (+ 1478 milhões de euros), seguido do Millennium bcp (+ 1142 milhões de euros) e do Santander (+ 1086 milhões de euros). Em sentido contrário, o novobanco diminuiu o crédito (-883 milhões de euros).
No crédito a particulares, o Santander lidera, com 23 690 milhões de euros (+ 5,2%). O Millennium bcp surge em segundo lugar, com 20 225 (+ 4,2%). Também aqui o BPI se distancia do novobanco, com 14 533 (+ 7,6%), contra 10 016 (- 1,3%).

Resultados líquidos melhoram

Em termos de resultados líquidos, estes caem 32,5% para o Santander, fixando-se agora nos 172,2 milhões de euros. O Millennium bcp sobe 35,3%, passando de 91,9 milhões de euros para 115,2 milhões de euros.
Os lucros do BPI também sobem significativamente, aumentando de 47 milhões de euros para 137 milhões de euros.
Registe-se também a melhoria de resultados do novobanco: de - 853,1 milhões de euros para + 154,1 milhões de euros.

Fim das moratórias sem sobressaltos

Ao nível das moratórias, no Millennium bcp, o valor total da carteira objeto de moratória que transita para o período posterior ao final de setembro de 2021 ascendia a 730 milhões de euros, sigificando a retoma dos pagamentos para cerca de 90% do total 7336 milhões de euros existentes no final de junho de 2021.  A retoma dos pagamentos ocorreu quer no segmento de famílias, quer de empresas, verificando-se que, do montante total de moratórias que continuam ativas para o mês de outubro, 85% dizem respeito a operações de crédito contratadas por empresas e 15% por famílias.
No Santander o fim das moratórias envolveu crédito hipotecário e a empresas no montante de cerca de seis mil milhões de euros. “Os clientes retomaram o normal cumprimento dos seus planos de pagamentos, sem implicações sobre a qualidade creditícia, mas requerendo o habitual seguimento nestas fases de ajustamento e após um período de moratória tão extenso como o aplicado em Portugal (até 18 meses, no caso da moratória legal)”, explica o banco.
No BPI, a 30 de setembro, 97,5% das moratórias de crédito atribuídas por este banco estavam em situação regular (crédito classificado em stage 1 e stage 2). No final de setembro terminaram moratórias correspondentes a 3,6 mil milhões de euros de crédito (dos quais, 1,4 mil milhões de euros de crédito à habitação). “Face ao comportamento até à data desses créditos, não é expectável uma degradação da qualidade de carteira de crédito do BPI”, refere o banco.                
Nota – Até ao final do fecho da edição não foi possível obter os resultados da CGD.

VIRGÍLIO FERREIRA (virgilio@vidaeconomia.pt), 05/11/2021
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