Mercados cambiais reagiram positivamente à eleição de Trump;

Carlos Lilaia (Unicâmbio) defende
Mercados cambiais reagiram positivamente à eleição de Trump
Os mercados cambiais reagiram positivamente à eleição de Donald Trump para Presidente dos Estados Unidos, de acordo com Carlos Lilaia, administrador da Unicâmbio. “A evidência é de que os mercados reagiram positivamente à eleição de Trump e que o dólar se apreciou significativamente em relação ao euro”, explica. O especialista explica, em entrevista à “Vida Económica”, que a valorização futura da moeda americana face à europeia dependerá das políticas do novo presidente norte-americano. Em relação à libra, Carlos Lilaia acredita que já terá batido no fundo e que se voltará a valorizar.
Vida Económica – Que balanço faz a Unicâmbio do cartão Cash 4 Travel?
Carlos Lilaia –
Um balanço muito positivo e que muito nos orgulha. Depois de ter sido lançado há mais de dois anos, ainda não existe nenhum outro cartão pré-pago multidivisas em Portugal. O nosso cartão, o Cash 4 Travel, permite ser carregado com cinco divisas (euro, dólar, real, libra estrelina e franco suíço). Inovámos e fomos pioneiros no mercado português. O número de adesões ao produto não pára de crescer e os seus detentores estão satisfeitos com o produto. Está particularmente indicado para quem viaje, em negócios ou turismo.

VE – O cartão é seguro?
CL –
É um produto seguro, pois é um cartão que não está associado a nenhuma conta bancária. É o cliente que decide quanto e quando pretende carregar o Cash 4 Travel. Os cartões podem ser adquiridos e carregados na rede de balcões da Unicâmbio ou através do site www.unicambio.pt. Destaque-se ainda o facto de o cartão ser uma excelente solução para quem não quer correr riscos associados às flutuações cambiais, a taxa de câmbio da moeda é fixada no momento do carregamento e não sofre alteração até gastar o saldo dessa moeda. Tal vantagem permite saber o valor real do que está a pagar e não ter surpresas no final da viagem. Com o nosso cartão, sabe-se exatamente quanto se vai gastar em cada utilização, pois a taxa de câmbio é fixada no momento em que faz o carregamento e não durante o levantamento em ATM ou pagamento. Assenta numa plataforma da Mastercard, é aceite em milhões de estabelecimentos comerciais de todo o mundo em POS e ATM.

VE – Que balanço faz a Unicâmbio de 2016?
CL –
Um ano acima das expetativas e melhor do que 2015. Apesar da crise em economias como Angola, Brasil e Rússia, a Unicâmbio preparou-se para encontrar soluções e felizmente que os resultados alcançados na proximidade do fecho de contas provam que as medidas tomadas foram acertadas. Enquanto agente da Western Union com exclusividade no segmento das instituições de pagamento e agências de câmbios, registámos crescimentos muito significativos nas transferências de dinheiro, a que se veio a juntar o contributo da diversificação de produtos. A Unicâmbio é a maior agência de câmbios do Portugal, com 24 anos de existência e transaciona hoje cerca de 44 moedas de diferentes países. Dada a forte implantação da Unicâmbio, nas áreas turísticas, como Algarve, Madeira e Porto, beneficiámos bastante do aumento dos fluxos turísticos.


VE – Quais os objetivos da Unicâmbio para o próximo ano?
CL –
Em 2017, vamos continuar a intensificar e alargar o processo de internacionalização. Este ano abrimos o primeiro balcão em Angola e no próximo ano vamos chegar a novos países em África e na Europa. É a estratégia adequada face ao conhecimento e experiência acumulada. Com 72 balcões no continente e região autónoma da Madeira e com presença nos principais aeroportos, centros comerciais, estações de comboios, Terminal de Cruzeiros de Lisboa e Funchal e cobertura do país de norte a sul, estão criadas justamente as condições para apostar definitivamente na internacionalização. A sólida situação financeira da Unicâmbio tal nos permite. Outro objetivo que tem sido a chave do nosso sucesso é a diversificação e a inovação. Assim continuaremos em 2017.

“Libra já ‘bateu no fundo’”

VE – Que influência teve o referendo do “Brexit” na valorização da libra?
CL –
Ao longo dos anos temos aprendido que a evolução das taxas de câmbios das principais moedas é algo imprevisível e, muitas vezes, influenciada por acontecimentos, também eles imprevisíveis, até mesmo por certas decisões políticas. Atualmente, estamos numa fase de apreciação do dólar relativamente ao euro. O voto a favor do “Brexit” levou a libra a mínimos históricos na era do euro. Tenho a convicção de que a cotação da libra já “bateu no fundo”. Hoje, verifica-se uma acentuada recuperação e esta tendência parece manter-se, e tudo com a ajuda do voto em Trump e da subida do dólar. É difícil prever a sua evolução futura, pois ela está dependente da consumação ou não do “Brexit” e do sentido e profundidade das novas alianças e tratados com os EUA, mas tudo indica que no médio prazo a libra se aproximará dos valores próximos do “Brexit”.

VE – Outro fator político do ano foi a eleição de Donald Trump para Presidente dos Estados Unidos.
CL –
A evidência é de que os mercados reagiram positivamente à eleição de Trump e que o dólar se apreciou significativamente em relação ao euro. Em minha opinião, tudo vai depender das políticas económica e financeira do Presidente Trump e provavelmente nem ele próprio, ainda, sabe o que vai fazer em áreas que poderão afetar significativamente a economia dos EUA, e do mundo inteiro. Refiro-me, por exemplo, à política energética, às questões ambientais, à renegociação dos tratados comerciais e à própria consumação do “Brexit”. Para mim não é ainda claro que o “Brexit” aconteça, ou pelo menos na extensão que inicialmente se previa.

VE – Que impacto pode ter este cenário na valorização do euro?
CL –
Naturalmente que, com um dólar e libra mais fortes, o euro se ressentirá, dificultando as exportações da zona euro para os EUA e Reino Unido. No que respeita a Portugal e se pensarmos no setor alargado do turismo, é evidente que libra e dólar apreciados são um fator relevante, se pensarmos até nos resultados que o turismo tem evidenciado e que vai continuar a ser o principal sustentáculo do crescimento económico.
Aquiles Pinto (aquilespinto@vidaeconomica.pt), 16/12/2016
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