Microempresas pedem apoios pouco burocráticos;

Covid-19
Microempresas pedem apoios pouco burocráticos
O encerramento de empresas no atual estado de emergência devido à pandemia de Covid-19 está a obrigar milhares de pessoas a deixarem de ter qualquer fonte de rendimento durante várias semanas (se não meses). A existência de apoios e pouco burocráticos é o que pede, em declarações à “Vida Económica”, Sónia Oliveira (na foto), proprietária da Corpo Saudável, espaço de beleza e bem-estar sediado no Porto.
“Ao mesmo tempo que somos compreensivos e solidários com o atual momento, gostávamos que o Estado (não gosto de dizer Governo para não ‘partidarizar’ o tema) não se esquecesse destes pequenos negócios que são vitais para a nossa economia. Vamos precisar de ajuda. O que o Corpo Saudável espera é que o Estado lhe dê, caso venha a necessitar, ferramentas para conseguir manter-se no ativo. Mas, sobretudo, que sejam ferramentas acessíveis. Porque se tornam as ‘ajudas’ num processo burocrático sem fim, não nos estão a ajudar, estão apenas a dar-nos um placebo. E não é disso que precisamos”, refere a microempresária.

As próximas semanas vão, indica Sónia Oliveira, ser de sobrevivência. “Com sacrifício pessoal. Somos uma microempresa, um microprojeto sem qualquer outra fonte de rendimento que não o do dia a dia. Temos as nossas contas saudáveis, não devemos a fornecedores ou Estado. Mas vamos deixar de faturar, tendo no entanto que continuar a cumprir os compromissos de renda, finanças, Segurança Social, água e eletricidade”, explica.

Falta de material não permitiria funcionamento

Sónia Oliveira não ficou surpreendida pela obrigatoriedade de encerramento no estado de emergência do país. “Numa primeira fase, ainda pensei que este tipo de negócio - que no nosso caso envolve estética e bem-estar, com consultas de nutrição ou personal trainer - iria conseguir manter a sua atividade, apesar de com algumas restrições. Ainda chegamos a implementar algumas medidas, como marcar os clientes de forma muito espaçada para que nunca se cruzassem, para conseguirmos limpar em profundidade e arejar devidamente o espaço. Mas rapidamente percebemos que não era suficiente. Por isso, quando o Governo anunciou a medida, no fundo já contava”, indica.

A dificuldade em garantir as condições ideais de segurança para profissionais e clientes não seria fácil, até por uma razão simples: “Há falta de material para os profissionais de saúde. Se, até eles, que estão na linha da frente, não têm acesso a máscaras e luvas, etc., como iríamos nós garantir a segurança dos nossos clientes e dos profissionais que trabalham connosco? Não realizamos processos intrusivos, mas ainda assim são procedimentos que envolvem o toque e muita proximidade com os clientes. No Corpo Saudável queremos manter a confiança dos clientes. Não estaríamos a ser honestos se nos mantivéssemos abertos”. 
Aquiles Pinto, 25/03/2020
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