Enquanto outros processos, por exemplo jurídicos, se concentram no conflito, a mediação faz exatamente o contrário. Tal como o meu amigo se focou no seu novo desafio e não na sua doença, a mediação está concentrada no futuro e não no conflito. O conflito é abordado no início de uma mediação, claro que sim, é o ponto de partida e faz parte do trabalho, mas rapidamente levamos as pessoas numa mediação para além do que aconteceu e causou a divergência. Contornamos o conflito como uma rocha no mar para chegar a bom porto. Na mediação, navegamos rumo ao futuro. Como as pessoas envolvidas gostariam de conviver no futuro? Que expectativas têm mutuamente? O que estão dispostas a dar, a mudar, a investir? Ao longo da mediação, ganham clareza sobre as suas vontades e necessidades e conseguem redefinir a sua relação. Assim, criam a base para um novo começo.
Graças a esta orientação futura, a mediação consegue chegar muito mais longe do que outros métodos de resolução. No fim, ao assinar o acordo de mediação, as pessoas costumam sentir paz geral e não apenas paz jurídica. Isto facilita-lhes imenso o convívio futuro porque já têm à mão um conceito para o relacionamento. Já está tudo pensado, falado e definido em conjunto e estipulado no acordo de forma detalhada e mensurável, inclusive medidas em caso de incumprimento. E depois vão mesmo pôr em prática o acordo? A probabilidade é altíssima e é fácil de entender porquê. Como as próprias pessoas envolvidas criam uma solução para o seu conflito, estão motivadas para realizar o futuro sonhado e fazer tudo para evitar a recaída num conflito doloroso. A energia positiva é impressionante no momento da assinatura do acordo: a vontade de “fazer tudo bem a partir de agora” enche toda a sala. O alívio e a confiança são enormes. Esta satisfação geral só é possível porque numa mediação todas as pessoas envolvidas saem a ganhar. Não há sentenças, não há punição, ninguém perde um litígio.
Tal como aconteceu com o meu amigo, que abraçou o novo desafio a cem por cento, a mediação exige dedicação e a forte vontade de querer, de uma vez por todas, resolver a situação. Felizmente tem uma parceira perita. A mediadora navega pelas cinco fases da mediação e assegura o respeito pelos princípios – com rumo ao futuro, claro. Construir um futuro luminoso inspira e motiva. Focar-se no positivo gera tanta energia que pode levar à auto cura.
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