Reabilitação do Bolhão está concluída e mantém-se como mercado de frescos e alimentação;

Investimento total de 50 milhões de euros
Reabilitação do Bolhão está concluída e mantém-se como mercado de frescos e alimentação
A obra de reabilitação do Bolhão está concluída e a data da abertura foi marcada para 15 de setembro, sendo que o investimento total ascende a mais de 50 milhões de euros.
Na apresentação da obra aos jornalistas ficou a saber-se que a construção do túnel de acesso à cave logística, o desvio do curso de água e a indemnizações aos comerciantes levaram à duplicação do investimento previsto inicialmente.
Contudo, quando reabrir em setembro – depois de mais de quatro anos que duraram as obras –, o Bolhão vai continuar a ser um mercado de frescos e alimentação, visível nas 81 bancas que ocupam o miolo central do mercado e nos 10 restaurantes, sendo que parte dos comerciantes regressa depois de terem permanecido no mercado temporário, instalado no shopping La Vie, a poucos metros.  Nas 38 lojas do exterior do mercado, a maioria mantém as atividades diversificadas, sendo que as restantes foram destinadas a restaurantes.
De referir que a obra de renovação e restauro do mercado do Bolhão, que permitiu a modernização de um edifício icónico para a cidade – cujo revestimento exterior voltou à cor original do projeto de 1914 – permitiu dotar o equipamento de todas características, em termos logísticos, de acessos e ambientais, que cumprem as exigências de qualidade exigidas atualmente.
 
Mercado moderno
A construção do túnel para cargas e descargas e a criação da cave logística são duas das razões que elevaram o valor final do investimento, mas necessárias para dotar o equipamento dos elementos de modernidade e funcionalidade necessários.
Assim, para além dos 26 milhões de euros da empreitada de restauro e modernização do mercado – mais 15% do que o valor por que foi adjudicada ao agrupamento Alberto Couto Alves S.A e Lúcio da Silva Azevedo & Filhos S.A –, “foi investido o dobro, nomeadamente em outras obras necessárias ao funcionamento deste emblemático espaço comercial da cidade”, referiu Rui Moreira, presidente da Câmara do Porto, que é a promotora da obra e que vai continuar a fazer a sua gestão.
Já Cátia Meirinhos, vice-presidente da empresa municipal GO Porto – Gestão e Obras do Porto – que a par com o arquiteto Nuno Valentim foram responsáveis pela obra no terreno e junto dos comerciantes – destaca as várias intervenções que foram necessárias fazer para concretizar a empreitada. “Primeiro foi a obra do desvio da linha de água, depois a aquisição de duas caves de dois prédios para a construção do túnel de acesso à cave da logística, através da Rua do Ateneu Comercial, e as indemnizações e compensações que foram e ainda estão a ser atribuídas aos comerciantes”, referiu justificando o investimento feito.
A obra de modernização do mercado contou com o apoio financeiro público nacional/regional no valor de 16,6 milhões de euros e com um montante de 11,7 milhões dos fundos comunitários do FEDER. O restante do valor deverá ser assumido pelos cofres da autarquia.
 
Acessos melhorados
Dotar o mercado de melhores acessos e novas aberturas ao exterior foram objetivos que estiveram presentes na modernização do espaço, de acordo com Nuno Valentim, arquiteto autor do projeto de reconversão do Bolhão.
Destaca as novas condições deste espaço que vão desde a criação das três praças de acolhimento dos visitantes – com destaque para a praça criada na entrada principal da Rua Formosa –, e para os 12 elevadores que vão permitir a acessibilidade a pessoas com mobilidade reduzida. Mas também uma nova passagem intermédia, que atravessa e liga as ruas Alexandre Braga e Sá da Bandeira, bem como o acesso direto ao mercado a partir da estação do metro do Bolhão.
Nuno Valentim refere, ainda, alguns detalhes arquitetónicos presentes na reconstrução do mercado centenário, “como a manutenção do criptopórtico do viaduto de Sá da Bandeira, visível num dos cantos do mercado, no facto de em vários pontos ter sido possível recuperar e manter os azulejos originais e onde isso não foi possível terem procurado a maior aproximação ao processo produtivo da altura”.
De referir que as bancas do mercado se distribuem por cinco ruas que “sempre estruturaram a venda no Bolhão”, organizadas por ‘ilhas’ – ocupadas por um a quatro comerciantes –, com a novidade de terem sido batizadas com nomes de ruas características do Porto.
Já na entrada da rua Formosa estão instaladas duas bancas históricas do Bolhão, como garante da memória do que existia no espaço, antes da intervenção.
A organização do espaço é outro ponto que merece destaque. A partir de agora “o mercado de frescos é no piso térreo, os restaurantes são no andar superior e as lojas ficam voltadas para o exterior”, refere a autarquia na apresentação do mercado.
 
Melhores condições para comerciantes

Cátia Meirinhos, que foi a responsável pelo acompanhamento dos comerciantes, destaca a importância da cave logística “tanto na organização das cargas e descargas” como no armazenamento, com uma oferta de câmaras frigoríficas, com máquinas de gelo, que podem ser adquiridas pelos comerciantes”. Bem como a questão da “gestão de resíduos”, existindo agora “uma série de novas condições que não existiam anteriormente, nem no mercado temporário”.
Um dos aspetos importante é o facto de a cave logística colocar um ponto final nos antigos constrangimentos ao trânsito nas artérias envolventes ao mercado. “A cave foi escavada para cargas e descargas, para entrarem até camiões de 18 toneladas para abastecer o mercado”, acrescenta Nuno Valentim.
Recentemente, foi também lançada a marca Bolhão, da autoria do Studio Eduardo Aires, com o logótipo a incorporar o ADN do Bolhão e os seus elementos arquitetónicos.
Elisabete Soares (elisabetesoares@vidaeconomica.pt), 28/07/2022
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