Continental Mabor é das fábricas “mais eficientes” do grupo alemão;

Presidente da unidade faz balanço positivo dos 30 anos
Continental Mabor é das fábricas “mais eficientes” do grupo alemão
Pedro Carreira, presidente do conselho de administração da Continental Mabor, destaca a eficácia da unidade portuguesa do grupo.
A Continental Mabor está a assinalar 30 anos de existência em 2020. Foi a 2 de julho de 1990 que a fábrica de Lousado (Famalicão) começou a produzir pneus integrada no grupo alemão. Até à data saíram das linhas de produção quase 350 milhões de pneus “Made in Lousado” e a unidade portuguesa encontra-se “no grupo das melhores empresas do setor”, de acordo com o presidente do conselho de administração da Continental Mabor, Pedro Carreira, que faz, em entrevista à “Vida Económica”, “um balanço muito positivo” das três décadas da fábrica. 
Vida Económica – A Continental Mabor cumpre 30 anos. Foram 30 anos a aumentar a inovação e a produção. Que balanço fazem?
Pedro Carreira – Um balanço muito positivo. Na globalidade, são 30 anos de sucessos. A fábrica de Lousado continua a ser uma das mais eficientes do grupo e a nível de inovação na nossa área de atuação temos desenvolvido soluções muito interessantes e algumas delas são replicadas para as outras unidades do grupo. No que respeita à produção, arrancámos em 1990 com um volume de pouco mais de um milhão de pneus e em 2019 produzimos mais de 18 milhões de pneus ligeiros, para além dos mais recentes novos produtos: os pneus agrícolas e os pneus fora de estrada. De realçar ainda que estes 18 milhões de pneus ligeiros incluem uma percentagem significativa de pneus de alta performance e portanto com uma complexidade de processos muito mais elevada do que os pneus que saíram de Lousado na primeira década (anos 90). Hoje, contamos ainda, em Lousado, com um centro de pesquisa e desenvolvimento para pneus agrícolas, para além do centro de avaliação e testes e do centro de desenvolvimento de soluções na área das tecnologias de informação.
 
VE – Como compara a unidade portuguesa com as unidades de referência do grupo Continental em matéria de produtividade e capacidade de inovação?
PC – Consideramos que nos encontramos no grupo das melhores empresas do setor, e, por isso, é extremamente importante a nossa flexibilidade para nos ajustarmos aos novos desafios, que cada vez são mais exigentes.
  
VE – Este aniversário ocorre num ano atípico devido à pandemia. Como está esta a afetar a empresa? Já estão a laborar a 100%?
PC – Para proteção de todos, nós cancelámos em devido tempo as celebrações que estavam planeadas para este aniversário. E, claro, fomos afetados pela Covid-19. Como é do conhecimento público, estivemos parados durante três semanas. Recomeçámos a 14 de abril a nossa laboração, a pouco e pouco. Atualmente, estamos melhor do  que nas últimas semanas. De referir que os dois primeiros meses do ano foram muito bons, mas sabemos já que o período em que tivemos de parar não o vamos recuperar até ao final do ano. Por isso, não vamos conseguir produzir o que tinha sido orçamentado para 2020 ou aproximarmo-nos dos valores dos últimos anos.
 
VE – Qual será o impacto em termos de produção e volume de negócios?
PC – Estamos com uma complexidade elevada e, de momento, não podemos fazer balanços nem previsões. Neste momento, estamos atentos ao desenvolvimento do que se passa no mundo e a  rever os planos de produção a cada 15 dias. Nós exportamos praticamente 99% da nossa produção e a Covid-19 ainda não desapareceu, e alguns especialistas apontam para uma segunda vaga. Assim, as situações mudam  muito rapidamente, pelo que não é possível avançar com estimativas.
 
VE – Em termos de emprego, serão forçados a reduzir trabalhadores?
PC – Os nossos colaboradores que estavam no quadro continuam na empresa. Atualmente, estamos a recrutar mais alguns colaboradores para as áreas técnicas e alguns operadores para a unidade de pneus agrícolas e pneus fora da estrada.
VE – As medidas de apoio ao emprego e incentivo económico lançadas pelo Governo parecem-lhe satisfatórias?  
PC – Consideramos que foram rápidas e, assim, positivas. Nós recorremos ao “lay-off” simplificado por um período de três meses.
 
VE – Quando poderá a Continental Mabor voltar a volumes de produção e de negócios pré-Covid-19?
PC – É uma questão interessante, mas neste momento não podemos fazer previsões. Estamos a trabalhar com planos de trabalho de curto prazo. É a nova realidade. E como temos uma vocação essencialmente exportadora, dependemos muito dos outros países.
 
VE – A pandemia poderá, pelo menos no curto e médio prazo, alterar as cadeias logísticas e mundiais e, por isso, alguma lógica comercial no setor automóvel e do mercado de pneus em particular?
PC – Em 2019, a indústria automóvel, antes do período Covid-19, já tinha dado sinais de abrandamento. Os anúncios de paragens da economia nos diferentes países ocorreram em diferentes fases.  Mas o arranque está a ser feito quase ao mesmo tempo, principalmente na Europa, colocando uma enorme pressão em toda a cadeia de logística. Tendo em consideração que estamos todos num mercado global, e na dependência uns dos outros,  a variação ou interrupção num determinado ponto dessa cadeia de logística acaba por afetar todos os outros envolvidos. A rapidez de resposta e flexibilidade da organização é crucial.
 
VE – A concretizar-se, isso pode ser uma vantagem ou desvantagem para a unidade de Lousado?
PC – É prematuro avançarmos com alguma informação a este respeito.

Quase 350 milhões de pneus “Made in Lousado”

 
Este ano, a fábrica de pneus da Continental em Lousado, Portugal, está a comemorar o seu 30º aniversário. Em 2 de julho de 1990, os trabalhadores do grupo alemão na unidade de Famalicão produziram na nova empresa os primeiros pneus para automóveis. Até ao final daquele ano, cerca de seis mil pneus saíram diariamente da unidade industrial. Em quatro anos a produção triplicou para 18 mil pneus por dia. Até à data saíram das linhas de produção quase 350 milhões de pneus “Made in Lousado”.
Produzindo inicialmente só pneus para automóveis e viaturas comerciais ligeiras, os pneus SUV foram adicionados em 2005, seguidos pelos pneus de alta performance em 2013. Foram, entretanto, sendo introduzidos novos produtos, destacando--se,  em 2017, pneus para tratores e para máquinas de ceifar. Desde 2019, a fábrica portuguesa produz também pneus OTR (fora da estrada) para aplicações especiais em diversas máquinas portuárias, movimentação de terras, minas e construção.
A empresa é a quinta maior exportadora em Portugal e emprega 2300 colaboradores (eram 900 em 1990).

 


Aquiles Pinto aquilespinto@vidaeconomica.pt, 16/07/2020
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