Turismo de Saúde e Bem-Estar – contributos para um mundo melhor;

Turismo de Saúde e Bem-Estar – contributos para um mundo melhor
Relevância do Turismo de Saúde e Bem-Estar em Portugal e restantes países lusófonos - A pandemia COVID-19 veio colocar desafios sanitários, económicos e sociais a nível global. Uma das atividades económicas mais atingidas tem sido a indústria turística, devido às dificuldades de as pessoas viajarem, designadamente por via aérea.
Nos destinos turísticos cuja atividade económica dependem do turismo tem acontecido encerramento de hotéis e similares, da restauração, bem as atividades ligadas à animação turística cultural. Consequentemente o turismo de saúde e bem-estar ficou limitado ao âmbito interno.
O Sistema Português de Saúde integra o Serviço Nacional de Saúde e a Associação Portuguesa de Hospitalização Privada. Existem em Portugal 127 hospitais privados e cerca de 115 públicos.  
Das cerca de 50 termas referenciadas em Portugal, 38 fazem parte da Associação das Termas de Portugal.
Salienta-se que os grandes navios de cruzeiros estão equipados com SPA de água de consumo humano, do mar e termal.
Existem, em Portugal, cerca de 3000 empreendimentos hoteleiros integrados em diversas associações. Cerca de 230 desses empreendimentos estão apetrechados com SPA de água de consumo humano.
Um outro subproduto de turismo de saúde e bem-estar em franco desenvolvimento antes da pandemia COVID-19 são as residências assistidas.
A talassoterapia é um subproduto de turismo de saúde e bem-estar com grandes potencialidades, mas que, até à presente data, não tem sido cabalmente aproveitado. Existem no nosso país somente 6 centros talasso. É de salientar que o litoral atlântico tem maiores potencialidades para a talassoterapia do que as orlas mediterrânicas mais poluídas. A qualidade/pureza da água, das algas, das areias, lamas/lodos marinhos, bem como as brisas e os aerossóis do oceano atlântico asseguram maior eficácia e segurança nos tratamentos de saúde e bem-estar.
Os principais produtos marinhos usados na talassoterapia são: hidroterapias com a água pura do mar; clima e ar marinho – climoterapia e aeroterapia; algas; banhos de areia; banhos de lama/lodo; fitoplâncton; esponjas naturais; krill; conchas corais e anémonas; dieta marinha.
A composição química da água do mar é praticamente idêntica à do plasma sanguíneo humano, mas possui uma concentração de sais três vezes maior (32 gramas de sais por litro de água do mar e 9 bramas por litro no plasma sanguíneo). A água do mar contém 92 substâncias diferentes que são fundamentais ao ser humano. As hidroterapias talasso promovem a penetração através da pele, por osmose. As hidromassagens com água do mar pura, fresca e com a temperatura aproximada à do corpo humano promovem efeitos benéficos ao ser humano.
Os aerossóis, presentes na água do mar e no ar da orla costeira, são ricos em iões negativos que contrariam o efeito do stress oxidativo.  
A parte continental de Portugal conta com 832 km de costa atlântica. Os arquipélagos da Madeira e dos Açores dispõem de 960 km. Assim, no seu conjunto, a orla costeira de Portugal atinge 1792 km.
Tunísia, um pequeno país, do mediterrâneo, com 1298 km de costa, está apetrechada com cerca de sessenta centros de talassoterapia, a esmagadora maioria de excelente qualidade.  
A França, o maior destino de talassoterapia do mundo, conta com mais de sessenta centros talasso.  
A orla costeira do Brasil, com cerca de 8500 km de extensão e mais de 2200 praias, tem imensas potencialidades no âmbito da talassoterapia, mas só dispõe de seis talassos.  
Os países lusófonos, distribuídos por quatro continentes, possuem recursos humanos, económicos, ambientais, paisagísticos e culturais diversificados. Partilham, para além da língua, um património valioso, o mar, que até à atualidade tem sido pouco aproveitado para o turismo de saúde e bem-estar. A talassoterapia pode e deve vir a constituir um produto turístico estratégico relevante para o desenvolvimento sustentável dos países lusófonos.

Posicionamento da Associação Mundial de Turismo de Saúde e Bem-Estar (AMTSBE)
O Turismo de Saúde e Bem-Estar constitui cada vez mais um elemento fundamental na atratividade, na competitividade e no posicionamento dos destinos turísticos. Pressupõe simultaneamente a preservação de uma natureza saudável, bem como a excelência, a segurança e a ética dos procedimentos, tratamentos e a competência dos profissionais.
A AMTSBE está sediada em Faro, região turística do Algarve com grandes potencialidades para o desenvolvimento do turismo de saúde e bem-estar.
Abrange os cinco continentes e principais arquipélagos insulares; concebe o Turismo de Saúde e Bem-Estar como produto turístico compósito, integrado, holístico, englobando todos os subprodutos (climatismo, talassoterapia, termalismo, SPA, turismo médico, turismo estético, residências assistidas), bem como o turismo acessível/inclusivo; promove a acessibilidade para todos, nos estabelecimentos hoteleiros e similares, hospitais, clínicas, residências assistidas, SPA, centros de talassoterapia e termais; preconiza a inovação, a investigação e as novas tecnologias aplicadas à Saúde e ao Bem-Estar; promove a multi/inter/transdisciplinaridade científica e profissional; integra a medicina ocidental/alopática  e as competências tradicionais e ancestrais de diferentes culturas (ameríndia, chinesa, indiana, japonesa, árabe e camponesa na Europa) – medicina integrativa; destaca a profunda interdependência entre a Saúde e o Bem-Estar Humano e a Saúde da Natureza, decorrente das profundas alterações climáticas; inclui os Serviços de Saúde públicos e privados; enfatiza a importância da água do mar como recurso praticamente inesgotável do ponto de vista da alimentação humana e animal, rega e tratamentos de talassoterapia no turismo de saúde e bem-estar; salienta a importância dos destinos turísticos como objeto de estudo, análise e intervenção e promove a organização de clusters e a criação de marcas/brandings de Turismo de Saúde e Bem-Estar; contribui para a promoção da saúde das populações autóctones; prioriza o desenvolvimento sustentável/responsável do turismo de saúde e bem-estar nos países lusófonos.



Clusters e marcas/”brands” de Turismo de Saúde e Bem-Estar
Os destinos turísticos (nações/países, ilhas, regiões, cidades) que têm vindo a posicionar-se no turismo de saúde e bem-estar promovem a organização de clusters multissetoriais, públicos e privados, que agregam hospitais, clínicas, resorts, hotéis, residências assistidas, termas, centros de talassoterapia, bem como serviços públicos (turismo e saúde), academia (universidades, politécnicos), bem como companhias aéreas (Emirates, Turkish Airlines) e divulgarem marcas/brands à escala global.

* Presidente da Associação Mundial de Turismo de Saúde e Bem-Estar (AMTSBE),
Publicou diversos livros e artigos no âmbito do Turismo de Saúde e Bem-Estar, em Portugal, Brasil, EUA e Alemanha.
“Chairperson” da organização de diversos Congressos Internacionais /Mundiais.
João Viegas Fernandes, Criou e lecionou, em Portugal, a primeira disciplina de Turismo de Saúde e Bem-Estar, na Escola Superior de Gestão, Hotelaria e Turismo (ESGHT) da Universidade do Algarve*, 27/05/2021
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